A lista de atletas que voltaram ao futebol brasileiro, a partir de 2008, foi grande e incluía “ilustres ex-desconhecidos, como o goleiro Fernando Prass, do Vasco, e os atacantes Emerson, do Flamengo, Everton Santos, do Fluminense, e Victor Simões, do Botafogo. Ninguém sabia, também, quem era Fábio Santos, “resgatado” pelo Flu. Mas muitos se lembravam, vagamente, de Mozart, do Palmeiras; Alecssandro, do Internacional; Aloísio, repatriado, pelo Vasco, e Reinaldo, pelo Botafogo. Eles engrossaram a fila dos que foram fazer a vida lá fora e estavam, de novo, na praça.
Junto com os “voltantes”, também, regressaram passageiros famosos, casos de Ronaldo “Fenômeno”, defendendo o Corinthians; o goleador Fred, marcando gols para o Fluminense; o “Imperador” Adriano, vestindo a camisa do Flamengo, e o zagueiro Edmílson, capitaneando a equipe palmeirense. No passado, houve duas voltas eletrizantes: em 1976, a de Roberto Dinamite, do espanhol Barcelona, para o mesmo Vasco, de onde saíra, e a de Zico, em 1985, da italiana Udinese, também, para as suas origens, o Flamengo. Vamos conferir como foi o retorno do “Galinho” Arthur Antunes Coimbra, o maior ídolo do futebol brasileiro pós-Pelé.
DOSE DUPLA – Zico teve dois “jogos da volta”. O primeiro festivo, em 12 de junho de 1985, e o segundo, o oficial, dois dias depois, no Maracanã, contra o Bahia, quando marcou um gol nos 3 x 0 aplicados, pelo Flamengo, sobre os baianos, valendo pelo Campeonato Brasileiro.
Para repatriar o maior ídolo de sua história, o Fla contou com a ajuda de uma agência publicitária carioca, a Estrutural, que tinha entre os diretores Rogério Steinberg, que tocara o “Projeto Zico”, com o apóio da extinta TV Manchete. Pois bem! A turma foi à luta, “reentregou” o “Galinho de Quintino” à torcida rubro-negra e convidou uma série de craques famosos – Maradona, Paulo Roberto Falcão, Oscar Bernardi e Júnior (Leovegildo Lins Gama), entre outros, para defender um time chamado de “Amigos do Zico”, numa grande festividade.
A bola rolou, todo o país assistiu, pela TV, Zico voltando a ser rubro-negro e gols alegrando à moçada. Só o homenageado não gostou. Simplesmente, porque, numa festa em que estavam Diego Armando Maradona e vários craques que defenderam a Seleção Brasileira, ele vira uma terrível publicidade em cima de um personagem que ficara famoso pela sua fala fanhosa, o ponta-esquerda Jacozinho, do CSA, de Alagoas.
Badalado, principalmente, pelo apresentador de um programa de auditório concorrente da Manchete, Abelardo Barbosa, o Chacrinha, da Globo, Jacozinho tivera o seu nome incluído no rol dos participantes do jogo, por sugestão do radialista Whashington Rodrigues, ao presidente flamenguista, George Helal. Viajara ao Rio sem passagens fornecidas pela Estrutural e surpreendera Zico, quando este o encontrara no Othon Palacer Hotel, pois não estava na lista de convidados.
Um dia depois do seu primeiro “jogo da volta”, Zico acusou, pela imprensa, “concorrentes da TV Manchete, de fazerem uma jogada comercial”, em cima da promoção, que ocorrera numa noite de sexta-feira. Segundo ele, nada contra o atleta nordestino, como “jogador e figura humana”, apenas mágoas pelo que lhe parecera tentativa de esvaziar sua festa. “Tentaram dar mais importância à presença do Jacozinho do que de um craque como o Maradona, que saiu da Argentina para jogar no Maracanã e fez questão de ficar em campo os 90 minutos”, queixou-se Zico. De sua parte, Steinberg tirou o corpo fora, dizendo que George Helal lhe informara que Jacozinho estava nessa e que ele não se intrometera no mais, “porque o Helal, também, era um dos donos da festa”. E garantia que o atacante do time de Maceió não fora convidado pela sua agência. Enfim, Jacozinho entrou nos minutos finais da partida, tabelou com Maradona e marcou um gol, para vibração de todo o Brasil – menos de Zico.
O JOGO - O amistoso festivo que deixou o homenageado emburrado foi entre os “Amigos de Zico” e o Flamengo. Dirigido por Telê Santana, o time do “Galinho” venceu, por 3 x 1, com um gol do glorioso Arthur Antunes Coimbra, o 690 de sua história nas redes, cobrando falta, aos 24 minutos do segundo tempo – Tita, aos 17, e Marquinhos, aos 19, recebendo lançamento do dono da festa, fizeram os outros dois. O gol de Jacozinho, que entrara no lugar de Falcão, saiu aos 26 minutos da fse final. Após receber passe de Diego Armando, ele driblou o goleiro Cantarelli e levantou a galera, estufando a rede. O Brasil inteiro vibrou.
Apitado por José Roberto Wright, auxiliado por Élson Pessoa e Luis Antônio Barbosa, 39.263 pagantes compareceram ao estádio, proporcionando uma arrecadação de Cr$395 milhões 105 mil cruzeiros, a inflacionária moeda da época. Os “Amigos de Zico” foram: Paulo Victor (Gilmar); Pedrinho (Alemão), Oscar, Edinho Nazareth (Delgado) e Branco; Falcão (Jacozinho), Leovegildo Júnior e Maradona; Toninho Cerezzo (Roberto Dinamite (Nunes) e Eder Aleixo (Tato). Flamengo: Fillol (Cantarelle); Jorginho (Aílton), Leandro (Ronaldo), Guto e Adalberto (Nem); Andrade (Elder), Adílio (Júlio César) e Zico: Titã (Heider), Chiquinho e Marquinhos (Vinícius).
PRA VALER - Era tarde de domingo, dia 14 de junho de 1985. No Maracanã, 58.201 pagantes esperavam pela primeira partida oficial de Zico, na sua volta do futebol europeu. Os mais fanáticos lembravam que fora, exatamente, contra o Bahia, o adversário daquele dia, que o “Galinho” marcara o seu primeiro gol oficial – pelo Brasileiro de 1971.
Naquela época, vivia-se a segunda fase da Taça de Ouro, uma espécie de Série A do Brasileirão, e o Flamengo andava muito enrolado, vindo de fracas atuações, contra Ceará Sporting, Bahia e Brasil, de Pelotas-RS, quando marcara, apenas, dois gols. Com Zico, seu time subiu muito de produção, ganhando talento e experiência como novos componentes. E, assim, fez a melhor partida do ano, dominando os baianos e chegando, fácil, aos 3 x 0, num jogo tão tranqüilo, que, apenas, Estevam e Ademir, do time baiano, receberam o cartão amarelo.
Quem abriu a porteira foi Tita, aos 32 minutos do primeiro tempo, com um chute forte, da entrada da área. Zico aumentou, para 2 x 0, aos dois minutos da fase final, de falta: bola no ângulo esquerdo do goleiro Roberto, sem chances de defesa, cobrança perfeita. Aos 11, Chiquinho, um centroavante revelado pelo Botafogo, de Ribeirão Preto, e que fizera muitos gols no Paulistão-1995, tabelou com Adílio e fechou o placar. Depois, o Fla tocou a bola, poupou-se e segurar o resultado. De quebra, um torcedor invadiu o gramado, para abraçar o ídolo que estava de volta.
O Flamengo da reestréia de Zico foi: Ubaldo Fillol; Aílton, Leandro, Guto (Ronaldo) e Adalberto (Nem); Andrade, Adílio e Zico; Titã, Chiquinho e Marquinho. Mário Jorge Lobo Zagallo era o treinador. O Bahia teve: Roberto, Edinho, Estevam, Celso e Miguel; Sales, Marinho e Leandro (Bebeto); Robson, Ademir e Emo. Paulinho de Almeida, ex-lateral-direito do Vasco. Mna década-50, era o técnico do time. O jogo rendeu Cr$ 514 milhões, 371 mil cruzeiros e foi apitado por Luis Carlos Antunes, auxiliado por Antônio Paula e Silva e João Massoneto (SP).
Post fantástico! Fez me lembrar minha infãncia e minha euforia em saber que Zico voltava ao futebol brasileiro, o meu grande herói Zico. Não me lembrava a escalação completa do time dos amigos de Zico que participou deste amistoso, assisti o programa "Projeto Zico" e o jogo também, valeu a lembrança! Parabéns!
ResponderExcluirOlá, amigo. Sou colecionador de jogos de futebol gravados na íntegra em DVD e estou procurando alguém que tenha este jogo de 1985 (Flamengo x Amigos de Zico) gravado. Pode ser em fita VHS (videocassete). Você conhece?
ResponderExcluirAbraço,
Sanderson
Também procuro esse jogo. você tem? Ou existe algyuma coisa no you tube?
ExcluirHá anos também venho procurando esse jogo.
ResponderExcluirEu tenho na íntegra
ExcluirEu tenho na íntegra
ResponderExcluir