terça-feira, 27 de abril de 2010
O ROMANCE (DO BRASIL) DA COPA DO MUNDO - 13
Maravilhosa Seleção Brasileira jogou demais, mas não levou.
O Brasil tirou a Bolívia e a Venezuela, nas Eliminatórias, para chegar ao Mundial de 1982, na Espanha, formou uma de suas melhores seleções, mas não chegou às semifinais. Assim como, em 1954, com a Hungria, e, em 1974, com a Holanda, a Copa do Mundo cometeu uma tremenda injustiça contra a Seleção Brasileira, que mostrou o mais bonito futebol daquela disputa.
O time campeão foi o da Itália, que começara a Copa vivendo um ambiente muito conturbado, vindo de quase sete meses sem vitórias e revelando brigas entre jogadores e imprensa de seu país, por causa de suas pífias apresentações contra Polônia (0 x 0), Peru (1 x 1) e Camarões (1 x 1). A classificação à segunda fase só saiu porque os italianos, com dois gols pró e dois contra, haviam marcados mais do que Camarões, que ficara em um gol pró e um contra.
A Copa-82, que inscreveu 107 candidatos para as Eliminatórias, passou a ter 24 seleções e novo regulamento: fase inicial com seis grupos de quatro, seguida de quatro grupos de três, com os dois melhores de cada chave preliminar. Dali sairiam quatro semifinalistas, que brigariam para irem à final.
BRASIL DIVINO – Telê Santana (na foto, entre Sócrates e Zico) dirigia o time canarinho desde abril de 1980. Até desembarcar na Espanha, havia vencido 24 vezes, empatado seis e perdido apenas duas. Por isso, seus jogadores levavam até excessivos otimismo e confiança. Mas, na estréia, em 14 de junho, diante da União Soviética, o que se viu foi frango do goleiro Waldir Peres e o árbitro espanhol Lamo Castillo deixando de marcar dois pênaltis, cometidos por Luisinho, do Atlético-MG. Isso sem falar que Serginho, do São Paulo, irritou os colegas, desperdiçando boas chances de gol.
Os soviéticos marcaram primeiro, aos 33 minutos, por intermédio de Bal. A Seleção Brasileira, no entanto, era muito boa e virou, para 2 x 1, no segundo tempo, com Sócrrates, aos 30, e Éder Aleixo, aos 43, este um belíssimo gol, um toquinho, por cobertura, quando todos esperavam o atacante desferir a sua conhecida “bomba”, de pé esquerdo.
O Brasil teve: Waldir Peres; Leandro, Oscar, Luisinho e Júnior; Falcão, Sócrates e Dirceu (Paulo Isidoro); Zico, Serginho e Éder. Os soviéticos, treinados por Konstantin Boskov, foram: Dassaev; Sulakvelidze, Chivadze, Baltacha e Demianenko; Shengeliza, Bessonov e Gavrilov (Suslopanov); Bal, Daraselija e Blokhin. O jogo, no Estádio Sanchez Pizjuan, em Sevilha, contou com 68 mil pagantes.
Passada estréia dos vacilos, quatro dias depois, no Estádio Benito Villamarin, na mesma Sevilha, o Brasil desenrolou-se e goleou a Escócia, por 4 x 1, diante de 47.379 pagantes. De novo, o time sofreu o primeiro gol, marcado por Narey, aos 18 minutos. Zico empatou, aos 33, para a grande virada acontecer no segundo tempo. Oscar, aos 3, Éder, aos 19, e Falcão, aos 41, completaram o serviço.
Seleção Brasileira: Waldir Peres; Leandro, Oscar, Luisinho e Júnior; Cerezzo, Falcão e Zico; Serginho (Paulo Isidoro), Sócrates e Éder. A Escócia, do técnico Jocik Stein, foi: Rough; Narey, Hansen, Gray e Miller; Hartford (McLeish), Wark e Souness; Archibald, Strachan (Dalglish) e Robertson.
Pra fechar a primeira fase, a Seleção fez 4 x 0 sobre a Nova Zelândia, cujos jogadores, depois do vareio de bola, saíram de campo chamando o Brasil de “campeon”. O jogo, em 23 de junho, foi no mesmo local do anterior, assistido por 43 mil pagantes e apitado pelo então iugoslavo Damar Matovinovic. Zico, aos 29 e aos 31 minutos do primeiro tempo; Falcão, aos 9, e Serginho, aos 25, da fase final, fizeram os estragos.
Brasil: Waldir Peres; Leandro, Oscar (Edinho), Luisinho e Júnior; Cerezzo, Falcão e Zico; Serginho (Paulo Isidoro), Sócrates e Éder. Nova Zelândia: Van Hattum; Dodds, Herbert, Elrick e Boath; Sumnner, McKay e Cresswell; Almond, Woodin e Rufer. Técnico: John Adshead.
Em 2 de julho, pela terceira vez seguida, em Mundiais, os brasileiros enfrentariam os argentinos. E foram para o gramado do Estádio Sarriá, em Barcelona, encarar o desfio, diante de 44 mil almas. Depois dos 2 x 1 de 1974 e do 0 x 0 de 1978, a Seleção fez 3 x 1 nos “hermanos”, com Diego Maradona dando vexame: expulso de campo. Foi uma bela exibição, com gols de Zico (foto), aos 12 minutos do primeiro tempo; Serginho, aos 22, e Júnior, aos 29 da segunda etapa. Ramon Diaz, aos 44, fez o tento de honra dos “albicelestes”, que preservavam como titulares oito remanescentes da Copa que ganharam, emcasa, em 1978.
Brasil: Waldire Peres; Leandro (Edevaldo), Oscar, Luisinho e Júnior; Cerezzo, Falcão e Zico (Batista); Serginho, Sócrates e Éder. Argentina; Fillol; Olguín, Galván, Passarella e Tarantini; Barbas, Calderon e Ardilles; Bertoni (Santamaría), Marradona e Kempes (Ramon Diaz). Técnico: Cesar Menotti. O árbitro do mairo clássico sul-americano foi o mexicano Rubio Vasquez.
A TRAGÉDIA DE SARRIÁ – Era o dia 5 de julho. O Brasil, inteiramente, favorito, diante de uns italianos que, duramente, só haviam vencido os argentinos, por 2 x 1. Enquanto a Azurra marcara quatro e sofrera três gols, o time de Telê esnobava um cartel de quatro vitórias, com 13 bolas nas redes dos adversários e três nas suas. Belíssimo saldo de 10 gols.
Cinco minutos depois de o árbitro israelense Abrahamn Klein apitar o início de jogo, Toninho Cerezzo, displicentemente, desatentamente, desnecessariamente, atrasou a bola para o meio da zaga canarinha. Paulo Rossi recebeu o presente e abriu o placar. Sócrates empatou, aos 12, colocando a casa em ordem. Por pouco tempo. Aos 25, Rossi voltou a marcar, e a Itália virou de tempo em vantagem. Foi duro para o Brasil "reempatar", a 22 minutos do final, num belo chute de Falcão. O empate ia nos classificando. Até que, numa falta a favor dos italianos, com bola sobre a nossa área, aos 30 minutos, a defesa brasileira voltou a errar e Paolo Rossi (foto) acabou com o sonho de uma maravilhosa geração: Itália 3 x 2. Os 44 mil pagantes saíram do estádio incrédulos.
Brasil: Waldir Peres; Leandro, Oscar, Luisinho e Júnior; Cerezzo, Falcão e Zico; Serginho (Paulo Isidoro), Sócrates e Éder. Itália; Dino Zoff; Gentile, Scirea, Collovati (Bergomi) e Cabrini; Tardelli (Marini) Antognoni e Orialli; Bruno Conti, Paolo Rossi e Graziani. Técnico: Enzo Bearzot.
TAÇA NA BOTA – Feito o inimaginável, eliminar o Brasil, a Itália tirou a Polônia, com 2 x 0, nas semifinais, com mais dois gols de Paolo Rossi. Finalmente, em 11 de julho, com 3 x 1 sobre a Alemanha, em partida apitada pelo brasileiro Arnaldo César Coelho, no Estádio Santiago Bernabeu, em Madrid, a Azurra mandou 3 x 1 pra cima doss alemães, com gols marcados por Paolo Rossi, Tardelli e Altobelli. Breitner, de pênalti, descontou para os vice-campeões.
Itália: Zoff; Gentile, Scirea, Colovatti e Cabrini; Bergomi, Tardelli e Orialli; Conti, Rossi e Graziani (Altobelli/Causio. Alemanha: Schumacher; Kaltz, Karl Forster, Bernd Foster e Breitner; Stielik, Dremmler (Hrubesch) e Briegel; Littbarski, Fischer e Rummenigge (Hansi Muller). Técnico: Jupp Derwall. O jogo, com 100 mil pagantes, marcou o tri da seleção italiana, que, ainda, teve Paolo Rossi como o principal artilheiro, com 6 gols, e o craque da Copa.
TODOS OS RESULTADOS: Itália 0 x 0 Polônia; Peru 0 x 0 Camarões; Itália 1 x 1 Peru; Polônia 0 x 0 Camarões; Polônia 5 x 1 Peru; Itália 1 x 1 Camarões; Alemanha 1 x 2 Argélia; Áustria 1 x 0 Chile; Alemanha 4 x 1 Chile; Áustria 2 x 0 Argélia; Argélia 3 x 2 Chile; Alemanha 1 x 0 Áustria; Bélgica 1 x 0 Argentina; Hungria 10 x 1 El Salvador; Argentina 4 x 1 Hungria; Bélgica 1 x 0 El Salvador; Hungria 1 x 1 Bélgica; Argentina 2 x 0 El Salvador; Inglaterra 3 x 1 França; Tcheco-Eslováquia 1 x 1 Kuwait; Inglaterra 2 x 0 Tcheco-Eslováquia; França 4 x 1 Kuwait; França 1 x 1 Tcheco-Eslováquia; Inglaterra 1 x 0 Kuwait; Espanha 1 x 1 Honduras; Iugoslávia 0 x 0 Irlanda do Norte; Espanha 2 x 1 Iugoslávia; Honduras 1 x 1 Irlanda do Norte; Honduras 0 x 1 Iugoslávia; Espanha 0 x 1 Irlanda do Norte; Brasil 2 x 1 União Soviética; Escócia 5 x 2 Nova Zelândia; Brasil 4 x 1 Escócia; União Soviética 3 x 0 Nova Zelândia; União Soviética 2 x 2 Escócia; Brasil 4 x 0 Nova Zelândia; Polônia 3 x 0 Bélgica; União Soviética 1 x 0 Bélgica; União Soviética 0 x o Polônia; Alemanha 0 x 0 Inglaterra; Alemanha 2 x 1 Espanha; Inglaterra 0 x 0 Espanha; Itália 2 x 1 Argentina; Brasil 3 x 1 Argentina; Itália 3 x 2 Brasil; França 1 x 0 Áustria; Irlanda do Norte 2 x 2 Áustria; França 4 x 1 Irlanda; Itália 2 x 0 Polônia; Alemanha 3 x 3 França (Pênaltis, Alemanha 8 x 7); Polônia 3 x 2 França e Itália 3 x 1 Alemanha.
CLASSIFICAÇÃO FINAL: 1 – Itália; 2 – Alemanha; 3 – França; 4 – Polônia; 5 – BRASIL; 6 – Inglaterra; 7 – União Soviética; 8 – Áustria; 9 – Irlanda do Norte; 10 – Bélgica; 11 – Argentina; 12 – Espanha; 13 – Argélia; 14 – Hungria; 15 – Escócia; 16 – Iugoslávia; 17 – Camarões; 18 – Tcheco-Eslováquia; 19 – Honduras; 20 – Peru; 21 – Kuwait; 22 – Chile; 23 – Nova Zelândia e 24 – El Salvador.
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O gol de toquinho de Eder, foi sobre a Escócia, não contra os soviéticos!
ResponderExcluirBrasil era melhor individualmente, mas à Itália jogou coletivamente e contou com dois erros infantis dos defensores e ganhou o jogo.
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