"Hermanos" mandam Seleção Brasileira pra casa. Alemães faturam.
A Copa do Mundo de 1990, novamente, na Itália, que já havia promovido a de 1934, foi o que se pode chamar de “Mundial da Retranca”. Os torcedores saíam dos estádios irritados com os placares de 0 x 0, 1 x 0 e 1 x 1. A metade do número total de jogos (52) não passou disso. Quando a imprensa criticou o defensivismo, foi muito citado ocaso da Argentina, a campeã da Copa anterior, que chegara à final, contra os alemães, empatando e vencendo nas decisões por pênaltis. Já os brasileiros! Que vexame (foto)
O segundo Mundial da Itália teve três seleções participando, pela primeira vez, da maior competição do futebol: Eire, Emirados Árabes e Costa Rica. Teve, também, a volta de quatro países que, de há muito, não disputavam a competição: Egito (1934), Estados Unidos (1950), Coréia do Sul (1954) e Colômbia (1962). Devido a queda do Muro de Berlim, com as suas respectivas implicações políticas, um ano antes, a Alemanha pôde contar com os atletas de sua antiga parte oriental, que formava a DDR-República Democrática Alemã, que disputa só o Mundial-1974. Mas iso não pesou na conquista.
Enquanto isso, a Seleção Brasileira fez uma de suas piores Copas. Terminou em nono lugar, atrás do Eire, se bem que tivesse vencido três jogos, enquanto aquele não ganhara nenhum. A péssima campanha pode ser atribuída ao pensamento do treinador Sebastião Lazaroni, que tirou a capacidade de improviso do jogador brasileiro, para enquadrá-lo em um sistema tático, tipicamente, europeu que abria espaço até para um líbero. O Brasil atuava com, apenas, dois atacantes. Se o 3-5-2 dera certo na conquista da Copa América, em 1989, em casa, após 40 anos de jejum, não funcionou na Itália.
ROLA A BOLA – A Seleção só pôde ter todos os convocados reunidos duas semanas antes da estréia. Como “nos melhores” anos de bagunça generalizada, Romário levou seu terapeuta particular, que não se encaixava bem com o médico Lídio Toledo; os empresários circulavam, livremente, pela concentração, na cidade de Gubbio, enchendo de sonhos milionárias as cabeças dos atletas, que estavam divididos em grupos, e havia uma excessiva preocupação com faturamento publicitário, além de pressões pela fixação do prêmio pela conquista.
Pra piorar, após jogos-treinos, contra equipes esquisitas, das terceira e da quarta divisões futebol italiano, o time de Lazaroni perdeu um desses preparativos, por 1 x 0, para um combinado da região da Úmbria, com um cara chamado Artistico fazendo o gol, em cobrança de falta, numa falha de Taffarel. Tava feia a coisa!
A estréia brasileira foi em 10 de junho, vencendo a Suécia, por 2 x 1, com dois gols de Careca – aos 40 minutos do primeiro tempo e aos 12 do segundo. Brolin, descontou, aos 33 –, mas a Seleção mostrou, de cara, que precisaria melhorar muito, se quisesse chegar ao título. Isso ficou evidente para 62.6728 pagantes do jogo apitado pelo italiano Túlio Lanese, no estádio Delle Alpi, em Turim.
Brasil: Taffarel; Mozer, Ricardo Gomes e Mauro Galvão; Jorginho, Dunga, Alemão, Valdo (Silas) e Branco; Careca e Muller. Suécia: Ravelli; Roland Nilsson, Larsson e Ljung (Strömberg); Schwarz, Ingesson, Limpar, Thern e Joaquim Nilson; Brolin e Magnusson (Peterson). Técnico: Olle Nordin.
Mesmo vencendo a fraca Suécia na estréia, o clima era pesado, para o segundo jogo, no mesmo estádio, em 16 de junho. Renato e Aldair reclamavam por estarem na reserva e Romário recusava-se, até mesmo, a sentar-se no banco com os demais companheiros. Resultado: Seleção penou para vencer a Costa Rica, por 1 x 0, com um gol de Muller, em chute que batera em Montero, aos 33 minutos do primeiro tempo. O jogo foi apitado pelo tunisiano Naji Jouini e teve 58.007 pagantes.
Brasil: Taffarel; Mozer, Ricardo Gomes e Mauro Galvão; Jorginho, Dunga, Alemão, Valdo (Silas) e Branco; Creca (Bebeto) e Muller. Costa Rica: Conejo; Marchena, Gonzalez, Montero e Chavez; Flores, Chavarria, Ramirez e Jara (Medford); Gómez e Cayasso (Alexandre Guimarães). Técnico: Bora Milutinovic.
Para o terceiro jogo, em 19 de junho – 1 x 0 sobre a Escócia, no Delle Alpi, com apito do austríaco Helmut Khol – o técnico Sebstião Lazaroni tirou Mozer e Muller, para lançar Ricardo Rocha e Romário. Mas, como este “reclamão” mostrava-se, inteiramente, sem ritmo de jogo, teve que ceder a sua vaga – aos 19 minutos da etapa final – a Müller que, quando nada, aproveitou uma sobra de bola dividida por Careca, com o goleiro escocês, para fazer o gol da vitória, faltando nove minutos para o final da partida. Outro “reclamão”, Renato Gaúcho, entrou, faltando sete minutos para o final da partida, no lugar do zagueiro Mauro Galvão.
Brasil: Taffarel; Ricardo Rocha, Ricardo Gomes e Mauro Galvão (Renato Gaúcho); Jorginho, Dunga, Alemão (Silas), Valdo e Branco; Careca e Romário (Müller). Escócia: Leighton; McKimmie, McPherson, McLeish e Malpas; Aitken, McLeod (Gillespie), McStay e McCall; McCoist (Fleck) e Johnston. Técnico: Alex Roxburg. O partida teve 61.381 pagantes.
ESTAÇÃO MARADONA – O fim de linha da Seleção na Copa-90 foi em 24 de junho, no mesmo Delle Alpi, na derrota, por 1 x 0, frente aos argentinos, apitada pelo francês Joel Quiniou. Por ironia do destino, naquele dia, o Brasil fazia a sua melhor apresentação no Mundial, perdendo gols e chutando bolas contra as traves dos “hermanos”.
Como quem não faz leva, aos 35 minutos do segundo tempo, Maradona apanhou a bola na intermediária, passou por Alemão e Dunga, e serviu Caniggia à esquerda da área brasileira. Enquanto Mauro Galvão trombava com Ricardo Gomes, que foi expulso do clássico sul-americano, Canigghia driblava Taffarel (foto) e mandava o Brasil de volta para casa: Argentina 1 x 0, após tantas discussões, dos canarinhos, por premiação.
Brasil: Taffarel; Ricardo Rocha, Ricardo Gomes e Mauro Galvão (Renato Gaúcho); Jorginho, Dunga, Alemão (Silas), Valdo e Branco: Careca e Muller. Argentina: Goycoechea; Basualdo, Simon, Monzon, Ruggeri e Olarticoechea; Giusti, Troglio (Calderon) e Burruchaga: Maradona e Caniggia. Técnico: Carlos Billardo. O jogo foi assistido por 61.381 pagantes.
TÍTULO ALEMÃO – Em 90, os alemães deram o troco aos argentinos, que haviam lhe vencido, na final anterior. Levou o seu terceiro título mundial, com um futebol ofensivo, diferente da maioria retranqueira. Seu destaque foi o atacante Lothar Matthaus, eleito o craque da Copa.
Comandados pelo treinador Franz Beckenbauer, na fase preliminar, os alemãs golearam Iugoslávia e Emirados Árabes, respectivamente, por 4 x 1 e 5 x 1, e empataram com a Colômbia:r 1 x 1. Nas oitavas-de-final, mandaram 2 x 1 na Holanda; nas quartas, 1 x 0 na Tcheco-Eslováquia e, nas semifinais, 5 x 4 sobre os ingleses, nas cobranças de pênaltis, após 1 x 1 no tempo normal. Na final, 1 x 0 em cima dos argentinos, com gol de Matthaus, cobrando pênalti, aos 40 minutos do segundo tempo, no Estádio Olímpico, de Roma, diante de 73.603 pagantes.
Alemanha: Ilgner; Berthold (Reuter), Kohler e Buchwald; Augenthaler, Hassler, Matthaus, Littbarski e Brehme; Voeller e Klinsmann. Argentina: Goycoechea; Basualdo, Simon, Ruggeri (Monzon), Lorenzo e Serrizuela; Sensini, Troglio e Burruchaga (Calderon); Maradona e Dezotti. Técnico: Carlos Bilardo. O árbitro foi o mexicano Edgardo Mendez Codesal.
TODOS OS RESULTADOS: Itália 1 x 0 Áustria; Tcheco-Eslováquia 5 x 1 Estados Unidos; Itália 1 x 0 Estados Unidos; Tcheco-Eslováquia 1 x 0 Áustria; Itália 2 x 0 Tcheco-Eslováquia; Áustria 2 x 1 Estados Unidos; Camarões 1 x 0 Argentina; Romênia 2 x 0 União Soviética; Argentina 2 x 0 União Soviética; Camarões 2 x 1 Romênia; União Soviética 4 x 0 Camarões; Argentina 1 x 1 Romênia; Brasil 2 x 1 Suécia; Costa Rica 1 x 0 Escócia; Brasil 1 x 0 Costa Rica; Escócia 2 x 1 Suécia; Brasil 1 x 0 Escócia; Costa Rica 2 x 1 Suécia; Colômbia 2 x 1 Emirados Árabes; Alemanha 4 x 1 Iugoslávia; Iugoslávia 1 x 0 Colômbia; Alemanha 5 x 1 Emirados Árabes; Alemanha 1 x 1 Colômbia; Bélgica 2 x 0 Coreia do Sul; Uruguai 0 x 0 Espanha; Bélgica 3 x 1 Uruguai; Espanha 3 x 1 Coreia do Sul; Espanha 2 x 1 Bélgica; Uruguai 1 x 0 Corei do Sul; Inglaterra 1 x 1 Eire; Holanda 1 x 1 Egito; Inglaterra 0 x 0 Holanda; Eire 0 x 0 Egito; Inglaterra 1 x 0 Egito; Holanda 1 x 1 Eire; Camarões 2 x 1 Colômbia; Tcheco-Eslováquia 4 x 1 Costa Rica; Brasil 0 x 1 Argentina; Alemanha 2 x 0 Holanda; Eire 0 x 0 Romênia (Eire 5 x 4 nos pênaltis); It´=alia 2 x 0 Uruguai; Iugoslávia 2 x 1 Espanha; Inglaterra 1 x 0 Bélgica; Argentina 0 x 0 Iugoslávia (Argentina 3 x 0 nos pênaltis); Itália 1 x 0 Eire; Alemanha 1 x 0 Tcheco-Eslováquia; Inglaterra 3 x 2 Camarões; Argentina 1 x 1 Itália (Argentina 5 x 4 nos pênaltis); Alemanha 1 x 1 Inglaterra (Alemanha 5 x 4 nos pênaltis); Itália 2 x 1 Inglaterra e Alemanha 1 x 0 Argentina.
CLASSIFICAÇÃO FINAL: 1 – Alemanha; 2 – Argentina; 3 – Itália; 4 – Inglaterra; 5 – Iugoslávia; 6 – Tcheco-Eslováquia; 7 – Camarões; 8 – Eire; 9 – BRASIL; 10 – Espanha; 11 – Bélgica; 12 – Romênia; 13 – Costa Rica; 14 – Colômbia; 15 – Holanda; 16 – Uruguai; 17 – União Soviética; 18 – Áustria; 19 – Escócia: 20 – Egito; 21 – Suécia; 22 – Coreia do Sul; 23 – Estados Unidos; 24 – Emirados Árabes.
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