O jogo decisivo já foi em 1960, mas a disputa ainda valia pela temporada de 1959. Bahia e Santos iniciaram a decisão do torneio que indicava o representante brasileiro à Taça Libertadores, em 10 de dezembro daquele 59, na Vila Belmiro, quando o Tricolor de Aço venceu, por 3 x 2, surpreendentemente.
Pelé abriu o placar, aos 15 minutos. Aos 27, Biriba empatou, e o primeiro tempo terminou no 1 x 1. O mais incrível, porém, viria, aos 18 minutos. Léo virou a história, para os baianos. Um pênalti, cobrado por Pepe, aos 27, voltou a deixar tudo igual. Mas quando a torcida já estava indo embora, no último minto da partida que rendeu Cr$ 868 mil 930 cruzeiros, Alencar fez 3 x 2, para o Bahia. Por aquela, ninguém nem sonhava.
A vingança do Peixe aconteceu, em 30 de dezembro, na Fonte Nova, com renda recorde, na época, de Cr$ 2 milhões, 487 mil, 230 cruzeiros. Salvador esperava ver o Bahia campeão, mas os gols de Coutinho e Pelé adiaram a festa para o ano seguinte. Mais precisamente, para a noite de 29 de março de 1960, no Maracanã, que arrecadou a menor renda dos três jogos decisivos: Cr$ 642 mil, 703 cruzeiros.
No jogo em que alguém sairia campeão, o Santos não pôde escalar o operado (quatro dias antes, das amídalas) Pelé. Melhor para o Bahia, que sapecou 3 x 1 nos favoritos, com tentos de Vicente, Léo e Alencar, descontando Coutinho parra os vice-campeões. O carioca Frederico Lopes, grande nome da época – auxiliado por Aírton Vieira de Morais e Wilson Lopes de Sousa – , apitou o jogo, expulsou de campo três santistas – Getúlio, Formiga e Dorval – e foi chamado de “ladrão”, pelo presidente da Federação Paulista de Futebol, Mendonça Falcão.
Quem não levava em consideração que o Bahia havia vencido o Santos, dentro da Vil Belmiro, no primeiro jogo, dizia que seu time fora favorecido, naquela final, além da ausência de Pelé, por uma excursão do adversário, à cata de dólares, no exterior. O grupo santista havia regressado numa sexta-feira, jogado (e empatado, por 0 x 0) , no domingo, com o Palmeiras, pelo Torneio Rio-São Paulo, e viajado, depois do clássico, de trem, para o Rio de Janeiro. Choro discutível!
Treinado pelo argentino Carlos Volante – atleta do Flamengo, na década-40 –, o Bahia iniciou a Taça Brasil, em 23 de agosto de 1959, vencendo o Centro Sportivo Alagoano (CSA), por 5 x 0, fora de casa. Em Salvador, mandou 2 x 0. O próximo desafiante foi o Ceará Sporting, duro de cair: em Fortaleza, 0 x 0, seguido de 2 x 2, na Fonte Nova, e de Bahia 2 x 1, no desempate, também na Fonte. Seguiu-se um confronto dificílimo, contra o Sport Recife. Após derrubá-lo, em casa, por 3 x 2, o Leão da Ilha vingou-se, ferozmente: 6 x 0, em Recife. Foi preciso outro confronto, e o Bahia fez 2 x 0, no campo do rubro-negro pernambucano.
Vencida a fase nordestina, o Bahia iria pegar, pela frente, o supercampeão carioca de 1958, o Vasco da Gama, que tinha, na zaga, dois xerifões da Copa da Suécia, Hideraldo Luís Bellini e Orlando Peçanha de Carvalho. Sem medo, o time da Boa Terra foi ao Maracanã e venceu, por 1 x 0. Os cruzmaltinos devolveram a ousadia, com 2 x 1, em Salvador, onde o time de Carlos Volante foi para uma terceira “negra”, como se chamava, então, uma decisão assim, e repetiu o 1 x 0 do “Maraca”. Estava na final, para encarar o Santos, o melhor time do mundo.
Na decisão da Taça Brasil, o Bahia já era treinado por Geninho. No último jogo, formou com Nadinho; Beto, Henrique, Vicente e Nenzinho; Flávio e Mário; Marito, Alencar, Léo e Biriba. O Santos, do técnico Lula, usou: Lalá; Getúlio, Mauro, Formiga e Zé Carlos; Zito e Mário; Dorval, Pagão (Tite), Coutinho, Pelé e Pepe. Não foi uma decisão tranqüila. A partir dos 24 minutos do segundo tempo, quando Getúlio e Formiga foram expulsos de campo, num intervalo de um minuto, o Santos quis briga. Aos 32, Coutinho agrediu Nenzinho, e levou uma bofetada, de Vicente. Polícia em campo. Pouco depois, Dorval agrediu Henricão e também teve de ir embora.
O Peixe abriu o placar, aos 23 minutos do primeiro tempo, por intermédio de Coutinho, tabelando com Pagão. Aos 27, o Bahia empatou, com Vicente, cobrando falta, da intermediária. E ficou assim a etapa inicial. No segundo tempo, com um minuto, Biriba cobrou escanteio, Alencar tocou na bola e Léo virou o placar, desesperando o Santos, que já havia entrado em contato, com o argentino San Lorenzo, a fim de marcar o duelo entre eles, pela Taça Libertadores. Finalmente, aos 37 minutos, Alencar fechou a conta. O Bahia era o primeiro campeão de uma disputa nacional promovida pela Confederação Brasileira de Desportos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário