Em quase a metade das vezes em que os títulos brasileiros foram definidos isso ocorreu ao final da temporada. Há, só, a controvérsia entre o campeão de 1987, Flamengo ou Sport Recife. Os cariocas se consideraram campeões, em 13 de dezembro, com 1 x 0, sobre o Internacional, enquanto os pernambucanos dizem que foram eles, mas já em 07.02.88, vencendo o Guarani, de Campinas-SP, por 1 x 0. Na Ilha do Retiro, em Recife. Mas isso é assunto para uma outra história.
Nos 10 primeiros Campeonatos Brasileiros, cinco decisões foram em dezembro, a começar pelas duas primeiras. A terceira – Palmeiras 0 x 0 São Paulo, com os alviverdes campeões – foi em 20 de fevereiro de 1974, valendo pelo título do ano anterior, e a quarta – Vasco 2 x 1 Cruzeiro – em 1ª de agosto, do mesmo 74. Os títulos de 1977 – deu São Paulo, nos pênaltis, contra o Atlético-MG – e de 1978 foram definidos no mesmo 1978, respectivamente, em 5 de março e 13 de agosto, data de Guarani, de Campinas 1 x 0 Palmeiras. Fechando o decênio, em 1º de junho de 1980, o Flamengo, com 3 x 2 sobre do Atlético-MG, levou o seu primeiro “caneco”.
TERREIRO DO GALO - A primeira finalísima foi numa tarde de domingo, no Maracanã, e o campeonato era chamado de Nacional. Deu Galo na cabeça. o Clube Atlético Mineiro venceu o Botafogo, por 1 x 0, com um gol do centroavante Dario, de cabeça, aos 13 minutos do segundo tempo, complementando um cruzamento, feito por Humberto Ramos.
Acompanhado, por cerca de 20 mil torcedores, os atleticanos pisaram no gramado precisando só empatar, pois já haviam “beliscado” o São Paulo, no Mineirão. Antes do jogo, o seu treinador, Telê Santana, avisou que a sua rapaziada trabalharia entre as duas intermediárias, só tocando a bola, em vez de sair matando, como sempre fazia. Tática: esperar pelo adversário indo com tudo pra cima, e apanhá-lo no contra-ataque. O lateral, Oldair, o volante Vanderlei, os meias Humberto Ramos e Lola, e os atacantes Ronaldo e Tião “Cavadinha” cumpriram bem o trato. Depois do gol, a turma recuou, em bloco, deixando somente o “Peito-de- Aço” brigando com os beques cariocas. Funcionou.
O Atlético-MG jogou com: Renato; Humberto, Grapete, Vantuir e Oldair: Vanderlei e Humberto Ramos; Ronaldo, Lola (Spencer), Dario e Tião. O Botafogo foi: Wendell; Mura, Djalma Dias, Queirós e Valtencir; Carlos Roberto e Marco Antônio (Didinho); Zequinha, Nei (Tuca), Jairzinho e Careca. Armando Marques apitou a partida, com renda de Cr$ 294.420,00 (cruzeiros), moeda da época.
PALMEIRAS NO GRAMADO - O segundo Brasileirão foi decidido nas vésperas do Natal. Em 23 de dezembro de 1972, o Palmeiras carregava a taça, com o empate, por 0 x 0, no Morumbi, com o Botafogo. Na verdade, título no Parque Antarctica era mais do que uma obrigação. Afinal, o “Verdão” ganhara cinco disputas na temporada, dirigido pelo técnico Osvaldo Brandão. Para se ter uma idéia do seu poderia, os botafoguenses reconheciam que os palmeirenses mereciam ser os campeões e que não tinham como vencê-los.
A final foi marcada pela tradicional catimba. Enquanto os alvinegros queriam o Morumbi, os alviverdes brigavam pelo Pacaembu, para ficarem mais próximos do barulho de sua torcida. Perderam na escolha, pela antiga Confederação Brasileira de Desportos – atual CBF, mas administraram bem o placar. Ademir da Guia segurou o adversário, levando seu time a jogar pelo regulamento. A partida foi feio, arrastado, mas o que os anfitriões queriam era comemorar.
O Palmeiras foi campeão, jogando com: Leão; Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu (Zé Carlos) e Ademir da Guia; Edu (Ronaldo), Leivinha, Madurga e Nei. O Botafogo, treina por Sebatião Leônidas, foi: Cao; Valtencir, Brito, Osmar Guarnelli e Marinho Chagas; Carlos Roberto e Nei Conceição; Zequinha, Jairzinho, Fisher e Ademir (Ferreti). O gaúcho Agomar Martins apitou, a renda foi de Cr$ 649.5,00 e o público de 58.287 pagantes.
TAÇA NOS PAMPAS – Em 14 de dezembro de 1975, um gol, de cabeça, do zagueiro chileno Elias Figueroa, aos 11 minutos do segundo tempo, o Internacional venceu o Cruzeiro, por 1 x 0, no Beira-Rio, em Porto Alegre, e levou a taça, sem contestação.
Como o time gaúcho era fortíssimo, o treinador cruzeirense, Zezé Moreira, segurou os seus laterais, pois os ponteiros colorados, Valdomiro e Lula – este chegou a mandar uma bola na trave – , eram velozes e perigosíssimos. Do lado gaúcho, o técnico Rubens Minelli fechou-se aos contra-ataques mineiros, principalmente ao veneno do atacante Palhinha. Por sinal, para contê-lo, Figueroa acertou-lhe um cotovelaço, no nariz, o que não foi suficiente para minar-lhe o brio. Mas, heroísmos por heroísmos, o goleiro Manga, do Inter, também fez a sua parte: jogou o segundo tempo sofrendo dores musculares. Mesmo assim, segurou todas as bombas soltadas por Nelinho.
O Internacional levou aquela, por causa de: Manga; Valdir, Figueroa, Hermínio e Chico Fraga: Caçapava, Falcão e Paulo César Carpegiani; Valdomiro, Jair, Flávio e Lula. O Cruzeiro, do “Seu Zezé”, escalou: Raul; Nelinho, Morais, Darci Menezes e Isidoro: Wilson Piazza e Zé Carlos; Roberto Batata (Eli), Eduardo Amorim (Souza), Palhinha e Joãozinho. O paulista Dulcídio Vanderlei Boschilia apitou, a renda foi de Cr$ 1.743, 805, 00 e o público de 82.568 pagantes.
REPETECO COLORADO – O Internacional tinha, em 1976, indiscutivelmente, o melhor time brasileiro. Aliás, desde o ano anterior. Por isso, o Corinthians não foi páreo para os gaúchos na decisão de 12 de dezembro, quando o técnico Rubens Minelli privilegiava os atletas de maior estatura – sete dos seus titulares mediam 1m80cm.
Naquela tarde, de nada adiantou 15 mil corintianos comparecerem ao Beira-Rio, para gritarem pelo seu time. A festa colorada começou, aos 29 minutos do primeiro tempo, quando o centroavante Dario, o “Dadá Peito-de-Aço”, subiu mais do que o “xerifão” Moisés e cabeceou a bola, saída de uma falta, cobrada por Valdomiro, para o canto direito do goleiro Tobias, que nada pode fazer.
O Timão correu atrás do empate, chegou a dominar os minutos finais do primeiro tempo e os primeiros da etapa final, inclusive perdendo gols e chutando uma bola contra a baliza gaúcha. O Inter, porém, reagiu, aos 12, quando Valdomiro cobrou uma falta, para a bola bater numa das traves, quicar por 20 centímetros além da linha fatal e sair. O árbitro José Roberto Wright confirmou o gol, os corintianos, liderados pelo técnico Duque, ameaçaram sair de campo, mas catimba não adiantou. O Internacional levou a taça.
O Inter jogou com: Manga; Cláudio Duarte, Figueroa, Marinho e Vacaria; Caçapava e Batista; Valdomiro, Falcão, Dario e Lula. O Corinthians foi: Tobias; Zé Maria, Moisés, Zé Eduardo e Vladimir; Givanildo e Ruço; Vaguinho, Neca, Geraldo e Romeu. A renda atingiu Cr$ 3.200, 795,00 cruzeiros.
TRILEGAL, TCHÊ! – Em 23 de dezembro de 1979, o Internacional levou o seu terceiro troféu. Não teve nem graça. Os colorados mereciam um adversário, tal eram as suas qualidade técnica e superioridade, sobre o Vasco, treinado por Oto Glória e que precisava vencer a finalíssima, por 3 x 0.
Naquela temporada, o capitão já era Paulo Roberto Falcão, que deslumbrara platéias, durante as vitórias contra o Cruzeiro, no Mineirão, e o Palmeiras, no Morumbi, ambas pelo mesmo placar de 3 x 2, e o Vasco, por 2 x 0, no Maracanã. Ele fora o autor do segundo gol colorado, no domingo da final, num lance quase igual ao do primeiro gol.
Como o lateral-direito vascaíno, Orlando Lelé, subia demais ao ataque, abrindo espaços para Mário Sérgio trabalhar, o Internacional viu, por ali, o “mapa da mina”. Assim, aos 41 minutos, bola saída da esquerda teve disputa, entre Bira e Gaúcho, e sobra para Jair driblar o goleiro Leão e abrir o placar. Aos 13 do segundo tempo, novo cruzamento, da esquerda, nova trombada, de Bira, com a zaga, e rebote, para Falcão “matar”. O Vasco diminuiu o placar, aos 41, num chute, de longe, de Wilsinho. Falha incrível do goleiro paraguaio Benitez.
O “Intertri” foi: Benitez; João Carlos, Mauro Pastor (Beliato), Mauro Galvão e Cláudio Mineiro; Batista e Falcão; Valdomiro (Chico Espina), Jair, Bira e Mário Sérgio. Vasco: Leão; Orlando, Gaúcho, Ivã e Paulo César; Zé Mário e Paulo Roberto (Xaxá); Catinha, Roberto, Paulinho e Wilsinho e (Zandonaide). O árbitro foi José Favile Neto (SP) e a renda Cr$ 4. 524.850,00.
NUNCA EM SETEMBRO – Até em janeiro, quando os clubes estão em pré-temporada, já se decidiu um Brasileiro. Foi em 18.01.2001, mas valendo pela disputa de 2000, quando Vasco sapecou 3 x 1 no São Caetano-SP, no Maracanã. Definições só não ocorreram em setembro. Assim, como em 1987, naquele campeonato houve novas confusões e a disputa foi chamada de Copa João Havelange. Outro tema para uma matéria à parte.
Em outubro de 2007, com quatro rodadas de antecedência, o São Paulo mandou 3 x 0, pra cima do América-RN, e liquidou a disputa, que rolou até 02.12. Em novembro, com 2 x 1, sobre o Paysandu-PA, no Mineirão, o Cruzeiro conquistou o seu primeiro título, em 22.11.2003, enquanto a rodada final era em 14.12.
As outras finalíssimas de dezembro foram: 2004 – Santos campeão, com 2 x 1 sobre o Vasco, em 19.12; 2005 – Corinthians primeirão, mesmo perdendo, por 2 x 3, para o Goiás, em 04.12; 2006 - São Paulo ganhador, em 1 x 1, com o Atlético-PR, em 02.12; 2008 – São Paulo, com 1 x 0, sobre o Goiás, em 19.12, no Bezerrão, no Gama.
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