Antigamente, no futebol brasileiro, goleiro não ficava rico, porque não fazia gols, e nem tinha perspectivas de sucesso em outra profissão, porque não estudava. No máximo, seria um futuro ‘pobre famoso”. Só um representante da categoria fugiu à regra: Alcir Braga Sanches (foto). Ele defendeu o Olaria, estudou, chegou a diretor de faculdade federal e tem curso de mestrado por uma das inistituições mais badaladas do ensino superior brasileiro.
Quando não está trabalhando, a indumentária predileta de Alcir, como um autêntico carioca, é bermuda e a camisa do Olaria, para passear. No momento, ele anda na bronca com as TVs, que “não passam os jogos do líder do Grupo B da Taça Rio”, como destaca. No entanto, espera ver os alvuiazuis na telinha, brevemente, pois considera altíssima a chance de seu time disputar esta fase da competição.
“O Olaria está surpreendente, e sem a injeção de petróleo que chega aos times da Bacia de Campos”, imagina ele, que promete engrossar a torcida olariense, durante as semifnais da Taça RJ. Mas não se impressiona. “No meu tempo, Olaria, Bonsucesso, Portuguesa, Madureira, Campo Grande e São Cristóvão sabiam que não eram páreo para Botafogo, Flamengo, Fluminese Vasco, Bangu e América. O Olaria está lá em cima, hoje, devido a queda de nível técnico dos grandes”, não se engana.
Professor da Universidade de Brasília, Alcir chegou ao ponto máximo de sua carreira, como diretor da Faculdade de Educação Física, eleito para dois mandatos, 1979 a 1981. A profissão começou a surgir em sua vida quando as contusões lhe fizeram perder a vaga de titualr do Olaria, para Ubirajara Alcântara, que se consagrou no Flamengo. Em 1965, ele havia sido eleito o melhor goleiro do Campeonato Carioca Juvenil e foi o titular da seleção carioca campeã juvenil brasileira.
“Deixei o Olaria e fui reprovado em um teste físico fortíssimo, coisa para atleta olímpico, no vestibular da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 69, fui aprovado na Escola Superior de Educação Físíca de Goiás, onde um dos meus professores era o Tomazinho, o técnico do time do Goiás. Terminei goleiro dele, até 1974. Mas, como eu priorizava os estaudos, fui mais reserva do que titular”, conta ele que, das vezes em que vestiu a camisa 1 goiana, se lembra de uma grande atuação em um amistoso contra o Alianza, que era a base da seleção peruana.
Quando Alcir formou-se, a UnB abrira concurso público para professor. Ele estava no grupo inscrito pelo Goiás, para a primeira participação do clube no Campeoanto Brasileiro, mas preferiu deixar de ser goleiro, para tornar-se professor universitário, de futebol e de handebol. Mais tarde, cursou um mestrado, na USP (Universidade de São Paulo), em desenvolvimento motor. Mas ainda ensina futebol, indistintamente, para homens e mulheres.
A CARREIRA – Alcir chegu ao Olaria, em 1964, com 14 anos de idade. Jogou pelos infantis e os juvenis e, de repente, aos 17 anos, viu-se dentro do Maracanã, encarando os “matadores” cariocas, Jairzinho e Roberto Miranda (Botafogo), Amoroso (Flu), Paulo Borges (Bangu), Célio (Vasco), Silva (Fla) e Edu (América). Tudo porque o treinador Daniel Pinto perdera a paciência com Jurandir e Jaéder, as suas opções para a camisa 1. Então, o time-base do Olaria-1966 passou a ser: Alcir; Hélcio, Flodoalvo, Osmani e Nilton dos Santos; Ocimar e Helinho; Joãozinho, Uriel, Atoninho e Naldo.
“Por aquela época, o goleiro mais famoso do futebol carioca era o Manga, do Botafogo. Eu estreei num jogo noturno, 0 x 0, com o Bonsucesso, na Rua Teixeria de Castro, onde ficava o campo deles. Joguei todo o segundo turno como titular, nos classificamos entre os oito que disputariam o segundo turno e terminamos a temporada em sétimo lugar ”, lembra Alcir, com uma revelação: “Em 1969, o Olaria veio enfrentar a
Seleção Brasiliense, e vencemos, por 3 x 1”
Em seu primeiro contrato cm o Olaria, Alcir recebeu Cr$ 1 milhão de cruzeiros, de luvas, e Cr$ 250 mil cruzeios mensais. Parecem números fantásticos, mas a inflação do período os reduzia a pouca coisa. Dava só mesmo para e não pedir mais dinheiro aos pais, com quem morava. No Goiás, Alcir já ganhou o suficiente para se manter e comprar o seu primeiro carro. Se tivesse3 ficado pelo Olaria e não estudado, certamente, estaria pegando carona.
terça-feira, 3 de maio de 2011
sábado, 9 de abril de 2011
A GUERRA DA UNIFICAÇÃO
De há muito, cartolas de Santos, Palmeiras, Cruzeiro, Botafogo, Fluminense e Bahia pressionam a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), para unificar os títulos das disputas nacionais que seu times ganharam. Segundo a TV Globo, embora a assesoria de imprensa da CBF não confirme, o pedido será atendido, pelos próximos dias.
Seguramente, se isso ocorrer, será um autêntico “presente de Natal” para os seis pretendentes, pois não se pode conceber que um time possa ser campeão nacional, dentro de um território de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, jogando, apenas, quatro partidas, como ocorria nos tempos da Taça Brasil. Hoje, para carregar taças e faixas, o Campeonato Brasileiro cobra dos pretendentes a disputa de 38 desgastantes partidas.
A Taça Brasil é considerada a primeira disputa nacional, se bem que houve uma antes dela, na década de 30, como veremos adiante. Apontava o representante brasileira à Taça Libertadores que, por sua vez, mencionava o time da América do Sul que enfrentaria o campeão europeu, para se ter um campeão mundal interclubes, com o aval da Fifa.
Nesse ponto, a história passa pelo Real Madrid. Muit bem! Como Don Santiago Bernabeu vivia vendendo empáfia e dizendo que não havia clube, neste planeta, capaz de vencer os seus rapazes, o congresso de 1958 da Confederação Sul-Americana de Futebol, realizado no Rio de Janeiro, criou a sua competição continental, para se ter um representante capaz de confeir se o time merengue era mesmo invencível. E, como os brasileiros não tinha um campeoanto nacional, criou-se a Taça Brasil, em 1959, que apontaria um representante à Libertadores. De quebra, a então Confederação Brasileria de Desportos, antecessora da CBF, já mandou um tremendo casuísmo no regulamento, para o título não sair do eixo Rio-São Paulo. Enquanto os clubes das demais regiões do País se quebrariam em ‘matas-matas” preliminares, os ‘grandes’ cariocas e paulistas, sempre campeões estaduais, só entrariam nas semifinais. Moleza, não! Só faltou combinarem com o Bahia, o primeiro campeão, com o título decidido já em 1960. Mas isso já é uma outra história e que inclui um grande golpe de malandragem, do cartolão baiano Osório Villas Boas, tão esperto quanto o Rei Dom João II, de Portugal, ao negciar o Tratado de Tordesilhas, em 1494, com a Espanha, que pagou o mico de saber quer Pedro Dalvares Cabral “descobrira” o Brasi, depois que Vicente Yañez Pinzon já havia estado por aqui.
VELHOS CAMPEÕES – Disputada entre 1959 a 1968, a Taça Brasil reunia os campeões estaduais. Além do Bahia, foi vencida por Palmeiras, em 1960/1967; Santos, de 1961 a 1965; Cruzeiro, em 1966, e Botafogo, em 1968. O Bahia foi o campeão que mais jogou durante uma mesma competição. Em 1959, eliminou o Centro Sportivo Alagoano, por 5 x 0 e 2 x 0; o Ceará, por 0 x 0, 2 x 2 e 2 x 1; o Sport Recife, por 3 x 2, 0 x 6 e 2 x 0; o Vasco da Gama, por 1 x 0, 1 x 2 e 1 x 0, e o Santos, por 3 x 2,
0 x 2 e 3 x 1.
A princípio, a disputa incluía só o campeão estadual, mas as edições de 1961, 1964, 1965 e 1966 tiveram dois times paulistas. Os mineiros, também, ganharam, mais um, em 1967. Em 1968, na última edição, São Paulo já não se interessava mais pela competição e nem apareceu. Vale ressaltar, que, em 1965 e em 1968, a CBD não indicourepresentante à Taça Libertadores. Da priemria vez, protentando contra a inclusão dos vice-campeões nacionais, e da da segunda, porque a Taça Brasil só foi terminare depois que a Libertadores de 1969 já tinha um campeão.
De sua parte, a segunda competição nacional, Torneio Roberto Gomes Pedrosa foi disputado entre e 1967 e 1969, com os dois primeiros vencidas pelo Palmeiras, e o outro, pelo Santos. Aproveitou-se o espírito do antigo Torneio Rio-São Paulo, criado na década de 30 e o expandiu-se para o chamado “Robertão”, com a maioria dos representantes sendo cariocas e paulistas, com a companhia dos mineiros Cruzeiro e Atlético, dos gaúchos Internacional e Grêmio, e do já extinto paranaense Ferroviário. Em 1968, entraram os nordestinos Bahia e Náutico, de Recife. E, como não poderia faltar fatos inusitados no futebol brasileiro, o Palmeiras tornou-se “bicampeão nacional”, no mesmo ano de 1967, vencendo a Taça Brasil e o Robertão.
Em 1970, o Roberto Gomes Pedrosa passou a ser chamado de Taça de Prata e foi vencida pelo Fluminense. Até que, em 1971, surgiu o atual Campeonato Brasileiro, que já foi chamado, pela imprensa, de Campeonato Nacional e Copa Brasil – Atlético-MG (1971), Palmeiras (72/73/93;94); Vasco da Gama (74/89/97/2000); Internacional (75/76/79); São Paulo (77/86/91/2006/07;08); Guarani de Campinas-SP (1978); Flamengo (80/82/83/87/92/2009); Bahia (1988); Grêmio-RS (1981/96); Corinthians (90/98/99/2005); Fluminense (1984/2010); Coritiba (1985); Atlético-PR (2001); Santos (2002/2004) e Cruzeiro (2003) foram os ganhadores do Brasileirão que, de 1971 a 2002, o Campeonato Brasileiro teve diferentes fórmulas de disputa, até que surgiram os pontos corridos, a partir de 2003.
O PRIMEIRÃO - Assim como os campeões da Taça Brasil e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa reivindicam a unificalção dos eus títulos, América-RJ, Paysandu-PA e Sport-PE, também, podem reivindicar os deles. O primeiro venceu o Toneio dos Campeões, em 1982; o segundo ganhou a Copa dos Campeões, em 2002 – disputa realizada entre 2000 e 2002, com a prmeira vencida pelo Palmeiras e a segunda, pelo Flamengo, reunindo vencedores do Torneio Rio-São Paulo, das Copas, Sul-Minas, Norte, e Centro-Oeste, e do Nordestão. Chegou a indicar o repreentante brasieliro à Taça Libertadores, o que hoje, sai, também, da Copa do Brasil, disputada desde 1989, um “mata-mata”, e teve o Sport-PE campeão, em 2009.
Mas o que já está esquecido é que o primeirio “campeão nacional” foi o Atlético-MG. No longínquo 1937, o Galo venceuo primeiro campeonato interestadual ralizado no País, promovido pela Federação Brasileria de Futebol, o que fez o clube mineiro se declarar, pelo seu hino oficial, “Campeão dos Campeões”, por ter mandado 3 x 2, na decisão, em São Paulo, contra a Portuguesa de Desportos – a disputa incluiu, ainda, o Fluminense,campeão carioca, e o Rio Branco, de Vitória-ES. Op campeão capixaba.
Seguramente, se isso ocorrer, será um autêntico “presente de Natal” para os seis pretendentes, pois não se pode conceber que um time possa ser campeão nacional, dentro de um território de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, jogando, apenas, quatro partidas, como ocorria nos tempos da Taça Brasil. Hoje, para carregar taças e faixas, o Campeonato Brasileiro cobra dos pretendentes a disputa de 38 desgastantes partidas.
A Taça Brasil é considerada a primeira disputa nacional, se bem que houve uma antes dela, na década de 30, como veremos adiante. Apontava o representante brasileira à Taça Libertadores que, por sua vez, mencionava o time da América do Sul que enfrentaria o campeão europeu, para se ter um campeão mundal interclubes, com o aval da Fifa.
Nesse ponto, a história passa pelo Real Madrid. Muit bem! Como Don Santiago Bernabeu vivia vendendo empáfia e dizendo que não havia clube, neste planeta, capaz de vencer os seus rapazes, o congresso de 1958 da Confederação Sul-Americana de Futebol, realizado no Rio de Janeiro, criou a sua competição continental, para se ter um representante capaz de confeir se o time merengue era mesmo invencível. E, como os brasileiros não tinha um campeoanto nacional, criou-se a Taça Brasil, em 1959, que apontaria um representante à Libertadores. De quebra, a então Confederação Brasileria de Desportos, antecessora da CBF, já mandou um tremendo casuísmo no regulamento, para o título não sair do eixo Rio-São Paulo. Enquanto os clubes das demais regiões do País se quebrariam em ‘matas-matas” preliminares, os ‘grandes’ cariocas e paulistas, sempre campeões estaduais, só entrariam nas semifinais. Moleza, não! Só faltou combinarem com o Bahia, o primeiro campeão, com o título decidido já em 1960. Mas isso já é uma outra história e que inclui um grande golpe de malandragem, do cartolão baiano Osório Villas Boas, tão esperto quanto o Rei Dom João II, de Portugal, ao negciar o Tratado de Tordesilhas, em 1494, com a Espanha, que pagou o mico de saber quer Pedro Dalvares Cabral “descobrira” o Brasi, depois que Vicente Yañez Pinzon já havia estado por aqui.
VELHOS CAMPEÕES – Disputada entre 1959 a 1968, a Taça Brasil reunia os campeões estaduais. Além do Bahia, foi vencida por Palmeiras, em 1960/1967; Santos, de 1961 a 1965; Cruzeiro, em 1966, e Botafogo, em 1968. O Bahia foi o campeão que mais jogou durante uma mesma competição. Em 1959, eliminou o Centro Sportivo Alagoano, por 5 x 0 e 2 x 0; o Ceará, por 0 x 0, 2 x 2 e 2 x 1; o Sport Recife, por 3 x 2, 0 x 6 e 2 x 0; o Vasco da Gama, por 1 x 0, 1 x 2 e 1 x 0, e o Santos, por 3 x 2,
0 x 2 e 3 x 1.
A princípio, a disputa incluía só o campeão estadual, mas as edições de 1961, 1964, 1965 e 1966 tiveram dois times paulistas. Os mineiros, também, ganharam, mais um, em 1967. Em 1968, na última edição, São Paulo já não se interessava mais pela competição e nem apareceu. Vale ressaltar, que, em 1965 e em 1968, a CBD não indicourepresentante à Taça Libertadores. Da priemria vez, protentando contra a inclusão dos vice-campeões nacionais, e da da segunda, porque a Taça Brasil só foi terminare depois que a Libertadores de 1969 já tinha um campeão.
De sua parte, a segunda competição nacional, Torneio Roberto Gomes Pedrosa foi disputado entre e 1967 e 1969, com os dois primeiros vencidas pelo Palmeiras, e o outro, pelo Santos. Aproveitou-se o espírito do antigo Torneio Rio-São Paulo, criado na década de 30 e o expandiu-se para o chamado “Robertão”, com a maioria dos representantes sendo cariocas e paulistas, com a companhia dos mineiros Cruzeiro e Atlético, dos gaúchos Internacional e Grêmio, e do já extinto paranaense Ferroviário. Em 1968, entraram os nordestinos Bahia e Náutico, de Recife. E, como não poderia faltar fatos inusitados no futebol brasileiro, o Palmeiras tornou-se “bicampeão nacional”, no mesmo ano de 1967, vencendo a Taça Brasil e o Robertão.
Em 1970, o Roberto Gomes Pedrosa passou a ser chamado de Taça de Prata e foi vencida pelo Fluminense. Até que, em 1971, surgiu o atual Campeonato Brasileiro, que já foi chamado, pela imprensa, de Campeonato Nacional e Copa Brasil – Atlético-MG (1971), Palmeiras (72/73/93;94); Vasco da Gama (74/89/97/2000); Internacional (75/76/79); São Paulo (77/86/91/2006/07;08); Guarani de Campinas-SP (1978); Flamengo (80/82/83/87/92/2009); Bahia (1988); Grêmio-RS (1981/96); Corinthians (90/98/99/2005); Fluminense (1984/2010); Coritiba (1985); Atlético-PR (2001); Santos (2002/2004) e Cruzeiro (2003) foram os ganhadores do Brasileirão que, de 1971 a 2002, o Campeonato Brasileiro teve diferentes fórmulas de disputa, até que surgiram os pontos corridos, a partir de 2003.
O PRIMEIRÃO - Assim como os campeões da Taça Brasil e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa reivindicam a unificalção dos eus títulos, América-RJ, Paysandu-PA e Sport-PE, também, podem reivindicar os deles. O primeiro venceu o Toneio dos Campeões, em 1982; o segundo ganhou a Copa dos Campeões, em 2002 – disputa realizada entre 2000 e 2002, com a prmeira vencida pelo Palmeiras e a segunda, pelo Flamengo, reunindo vencedores do Torneio Rio-São Paulo, das Copas, Sul-Minas, Norte, e Centro-Oeste, e do Nordestão. Chegou a indicar o repreentante brasieliro à Taça Libertadores, o que hoje, sai, também, da Copa do Brasil, disputada desde 1989, um “mata-mata”, e teve o Sport-PE campeão, em 2009.
Mas o que já está esquecido é que o primeirio “campeão nacional” foi o Atlético-MG. No longínquo 1937, o Galo venceuo primeiro campeonato interestadual ralizado no País, promovido pela Federação Brasileria de Futebol, o que fez o clube mineiro se declarar, pelo seu hino oficial, “Campeão dos Campeões”, por ter mandado 3 x 2, na decisão, em São Paulo, contra a Portuguesa de Desportos – a disputa incluiu, ainda, o Fluminense,campeão carioca, e o Rio Branco, de Vitória-ES. Op campeão capixaba.
O ÚLTIMO GOL DE PLACA DO REI
Aconteceu numa noite de quarta-feria: 20 de março de 1974. Jogavam Ceub e Santos, pelo então chamado Campeonato Nacional – hoje, Brasileiro – e até quem tinha ingresso comprado teve de pular o muro do então Estádio Silveirão, para ver o "Rei Pelé" em campo. Intensa confusão diante dos potões de entrada, tremenda desorganização, pela colocação de apenas duas bilheterias. Enfim, portões foram arrombados, muros pulados e estádio lotado.
Antes do jogo, Pelé foi homenageado, pelos ceubenses. O lateral-esquedo Rildo, que fora seu colega no Santos e na Seleção Brasileira, entregou-lhe uma placa. Pouco depois,a bola rolou. O Ceub não fo páreo para o Peixe, que mandou 3 x 1, quando poderia mandar muito mais, graças à desarrumação tática do time da casa, que sentia muito a falta do meia Xisté, um dos seus astros.
No primeiro tempo, Santos e Ceub jogaram com muitos passes laterais, sem esquentar a torcida. Mas o "Rei" reinava, procurando o jogo, se deslocando, tentando abrir espaços para os companheiros. Com isso,o Emerson Braga e Luís Carlos se viravam na defesa ceubense, já que o meio-de-campo e o ataque ficavam devendo. O primeiro gol do jogo saiu de uma jogada inciaida pelo Rei. Pelé, que já havia feito umas três grandes jogadas, recebeu a bola, aproveitou-se de um cochilo do volante ceubense Alencar, livrou-se do xerifão Pedro Pradera e lançou Nenê. Livre, pela esquerda de seu ataque, este bateu forte, abriu o placar e ainda furou a rede: 1 x 0.
Aos 32, Pelé fez ojtra grande jogada, para delírio da torcida, mas não marcou. Aos 45, foi a vez do Ceub incomodar. Rogério Macedo chutou forte, o goleiro santista Wilson deu rebote, mas Juraci, da pequena área, chutou por cima das traves. E assim ficou o primeiro tempo.
Na etapa complementar, o jogo foi-se arrastando sem muitasa emoções, até que, aos 31 minutos, o lateral-direito "peixeairo" Hermes serviu Pelé, no seu cmapo. O Reei atravessou a linha divisória do gramado, com bola dominada, passou por Rildo e por Pedrão Pradera. Chegando na cara do goleiro Valdir, quase sem ângulo, Pelé mostrou porque era o !"Rei do Futebol": deu um toque na bola, com o pé esquerdo, mandando-a sobe o corpo caído do camisa um do Ceub,marcando o último gol de placa de sua carreira: 2 x 0.
Com torcida vibrando, pelo gol do camisa 10, e uma tranquila vantagem, o Santos passou a tocar a bola. Mas teve mais: aos 37 minutos, o meia Léo chutou, da intermediária, Valdir atrasou-se no pulo e o "garoto do placar escereveu": Santos 3 x 0. Como a fatura estava liquidada, aos 37 minutos, o zagueiro santista Oberdan cometeu um pênalti e Gilberto fechou a conta em 3 x 1.
FICHA TÉCNICA - Ceub: Valdir; Luis Carlos, Pedro Pradera, Emerson e Rildo; Alencar, Rogério Macedo (Gilberto) e Renê; Cardosinho, Juraci (Carlos Roberto) e Dario.Santos:Wilson; Hermes, Oberdan, Vicente e Turcão: Léo, Nenê (Brecha) e Nelsi; Mazinho, Pelé e Edu (Eusébio).Árbitro: Arnaldo César Coelho, auxiliado por Alaor Ribeiro e Carlos do Amaral.Público: 18.868 ingressos vendidos e, com os penetrras, o mínimo, 40 mil presentes. Renda:Cr$ 191.362,00
Antes do jogo, Pelé foi homenageado, pelos ceubenses. O lateral-esquedo Rildo, que fora seu colega no Santos e na Seleção Brasileira, entregou-lhe uma placa. Pouco depois,a bola rolou. O Ceub não fo páreo para o Peixe, que mandou 3 x 1, quando poderia mandar muito mais, graças à desarrumação tática do time da casa, que sentia muito a falta do meia Xisté, um dos seus astros.
No primeiro tempo, Santos e Ceub jogaram com muitos passes laterais, sem esquentar a torcida. Mas o "Rei" reinava, procurando o jogo, se deslocando, tentando abrir espaços para os companheiros. Com isso,o Emerson Braga e Luís Carlos se viravam na defesa ceubense, já que o meio-de-campo e o ataque ficavam devendo. O primeiro gol do jogo saiu de uma jogada inciaida pelo Rei. Pelé, que já havia feito umas três grandes jogadas, recebeu a bola, aproveitou-se de um cochilo do volante ceubense Alencar, livrou-se do xerifão Pedro Pradera e lançou Nenê. Livre, pela esquerda de seu ataque, este bateu forte, abriu o placar e ainda furou a rede: 1 x 0.
Aos 32, Pelé fez ojtra grande jogada, para delírio da torcida, mas não marcou. Aos 45, foi a vez do Ceub incomodar. Rogério Macedo chutou forte, o goleiro santista Wilson deu rebote, mas Juraci, da pequena área, chutou por cima das traves. E assim ficou o primeiro tempo.
Na etapa complementar, o jogo foi-se arrastando sem muitasa emoções, até que, aos 31 minutos, o lateral-direito "peixeairo" Hermes serviu Pelé, no seu cmapo. O Reei atravessou a linha divisória do gramado, com bola dominada, passou por Rildo e por Pedrão Pradera. Chegando na cara do goleiro Valdir, quase sem ângulo, Pelé mostrou porque era o !"Rei do Futebol": deu um toque na bola, com o pé esquerdo, mandando-a sobe o corpo caído do camisa um do Ceub,marcando o último gol de placa de sua carreira: 2 x 0.
Com torcida vibrando, pelo gol do camisa 10, e uma tranquila vantagem, o Santos passou a tocar a bola. Mas teve mais: aos 37 minutos, o meia Léo chutou, da intermediária, Valdir atrasou-se no pulo e o "garoto do placar escereveu": Santos 3 x 0. Como a fatura estava liquidada, aos 37 minutos, o zagueiro santista Oberdan cometeu um pênalti e Gilberto fechou a conta em 3 x 1.
FICHA TÉCNICA - Ceub: Valdir; Luis Carlos, Pedro Pradera, Emerson e Rildo; Alencar, Rogério Macedo (Gilberto) e Renê; Cardosinho, Juraci (Carlos Roberto) e Dario.Santos:Wilson; Hermes, Oberdan, Vicente e Turcão: Léo, Nenê (Brecha) e Nelsi; Mazinho, Pelé e Edu (Eusébio).Árbitro: Arnaldo César Coelho, auxiliado por Alaor Ribeiro e Carlos do Amaral.Público: 18.868 ingressos vendidos e, com os penetrras, o mínimo, 40 mil presentes. Renda:Cr$ 191.362,00
domingo, 26 de dezembro de 2010
O REI E O ASTRONAUTA
GAGARIN VIU QUE PELÉ ERA DO OUTRO MUNDO
Nascido em 9 de março de 1934, em Klusinho, na antiga União Soviética (viveu até 27.03.1968, em Kirjatch), Yuri Alekseievitch Gagarin (foto) foi o primeiro homem a viajar pelo espaço, em 12 de abril de1961, a bordo da nave Vostok I, que pesava 4.725 quilos. Lá de cima, ele viu que “a terra é azul”.
Embora o Brasil se aliasse, tradicionalmente, aos Estados Unidos, que travava a chamada “guerra fria” com os soviéticos, pela liderança mundial, o governo brasileiro não deixou de reverenciar o feito do “inimigo político". No dia 28 de julho daquele 1961, quando Brasília ainda era um “canteiro de obras”, milhares de pessoas foram ao aeroporto da cidade ver, de perto, o cosmonauta. Aos repórteres que o aguardavam, a ebaixada da União Sovítica entregava o que ainda não era chamado de 'press release', informando que o heroi nacional era filho de um carpinteiro, Alexey Ivanovich Gagarin, com Anna Timofeyevna Gagarina e, como terceiro dos quatro irmãos, fora criado pela irmã mais velha, enquanto seus pais trabalhavam, em uma fazenda coletiva do regime de Moscou. Contava, aidna, o informativo que, durante a ocupação nazista na Uniãoi Soviética, seus dois irmãos mais velhos haviam sido capturados e levados para trabalhos escravos na Alemanha., em 1943. Dizia, também, o escrito que o cosmonauta trabalhara em uma fábrica de fundição, com estagiário, e que o seu caminho para o espaço sideral poderia ter muito a ver com a influência do seu professor de matemática e ciência, um sujeito que servira à Força Aérea Soviética.
Naquele 28 de julho de 1961, Yuri Gagarin desceu em Brasília às 15h, procedente de Havana, que era uma espécie de satélite comunista de Moscou nas “barbas dos Estados Unidos”. Recebideo pelo ministro das relações exteriores, Afonso Arinos de Melo Franco, Gagarin foi, logo, sendo homenageado com um coquetel, no cassino dos oficiais da Base Aérea do DF. Durante sua eastadia na cidade, foi condecorado, pelo presidente Jânio Quadros. Gagarin comportou-se como um cavalheiro, muito educado durante as homenagens na capital brasileira. Mas, na verdade, ele queria que aquilo tudo passasse bem depressa. Na sua cabeça só havia uma preocupação: assiatir a uma partida de Pelé, do qual lera coisas incríveis. Queria saber se poderia ser mesm verdade tudo o que o Pravda e o Izvestia, jornais comunistas, haviam escrito sobre o camisa 10 da Seleção Brasileria na Copa do Mundo de 1958, na Suécia.
Atendendo ao desejo do grande herói, que colocava a União Soviética adiante dos Estados Unidos na corrida espacial, a Embaixada da CCCP, como fora escrito no capacete do astronauta, providenciou a ida de Gagarin à Vila Belmiro, onde o Santos enfrentaria o Palmeiras, na tarde de 30 de julho, pelo primeiro turno do Campeoanto Paulista de Futebol. Evidentemente, que os diplomatas soviéticas conseguiram marcar um encontro dele com Pelé, o que o deixou muito alegre e sorridente.
Quando o árbitro Romualdo Arppi Filho apitou o início da partida, Gagarin não tirou os olhos do camisa 10 santista. Ante o alarda da imprensa sobre a poresença do astronauta no estádio, o quarto-zagueiro palmeirense, Aldemar, que sempre marcava Pelé nos clássicos entre os dois clubes e era considerado pelo "Rei" como o seu mais leal marcador, caprichou além da conta. Tentou chegar primeiro em todas as bolas. Mesmo assim, Pelé reinou no gramado, fazendo Gagarin vibrar em vários lances, concatenando com Dorval, Mengálvio, Coutinho e Pepe, a linha santista que está ao seu lado.
Com um minuto de jogo, após o Santoas dar a saída, o Peixe atacou e a bola chgou à até a área palmeirense. Preocupado com o "Rei", o Palmeiras esqueceu Dorval, que abriu o placar. O Verdão, que tinha um grande time – Valdir; Djalma Santos, Valdemar Crabina, aldemar e Geraldo Scoto; Zequnha e Chinesinho; Zeola, Américo, Vavá e e Paulinho –, empatou, com Zeola, aos 30 minutos.
No segundo tempo, Pelé caprichou, tentando brindar Gagarin com um gol. Mas a defesa palmeirense só se preocupava com ele. Colocava dois, e até três homens em sua marcação. Mas Pelé era Pelé. Faltando cinco minutos para o final da partida, enquanto o adversário se preocupava em não lhe deixar jogar, ele achou Lima penetrando, por onde ninguém percebera, e lhe um passe, na medida, para o colega fazer o gol. Gagarin apladiu. Aquela jogda era coisa do outro mundo.
Nascido em 9 de março de 1934, em Klusinho, na antiga União Soviética (viveu até 27.03.1968, em Kirjatch), Yuri Alekseievitch Gagarin (foto) foi o primeiro homem a viajar pelo espaço, em 12 de abril de1961, a bordo da nave Vostok I, que pesava 4.725 quilos. Lá de cima, ele viu que “a terra é azul”.
Embora o Brasil se aliasse, tradicionalmente, aos Estados Unidos, que travava a chamada “guerra fria” com os soviéticos, pela liderança mundial, o governo brasileiro não deixou de reverenciar o feito do “inimigo político". No dia 28 de julho daquele 1961, quando Brasília ainda era um “canteiro de obras”, milhares de pessoas foram ao aeroporto da cidade ver, de perto, o cosmonauta. Aos repórteres que o aguardavam, a ebaixada da União Sovítica entregava o que ainda não era chamado de 'press release', informando que o heroi nacional era filho de um carpinteiro, Alexey Ivanovich Gagarin, com Anna Timofeyevna Gagarina e, como terceiro dos quatro irmãos, fora criado pela irmã mais velha, enquanto seus pais trabalhavam, em uma fazenda coletiva do regime de Moscou. Contava, aidna, o informativo que, durante a ocupação nazista na Uniãoi Soviética, seus dois irmãos mais velhos haviam sido capturados e levados para trabalhos escravos na Alemanha., em 1943. Dizia, também, o escrito que o cosmonauta trabalhara em uma fábrica de fundição, com estagiário, e que o seu caminho para o espaço sideral poderia ter muito a ver com a influência do seu professor de matemática e ciência, um sujeito que servira à Força Aérea Soviética.
Naquele 28 de julho de 1961, Yuri Gagarin desceu em Brasília às 15h, procedente de Havana, que era uma espécie de satélite comunista de Moscou nas “barbas dos Estados Unidos”. Recebideo pelo ministro das relações exteriores, Afonso Arinos de Melo Franco, Gagarin foi, logo, sendo homenageado com um coquetel, no cassino dos oficiais da Base Aérea do DF. Durante sua eastadia na cidade, foi condecorado, pelo presidente Jânio Quadros. Gagarin comportou-se como um cavalheiro, muito educado durante as homenagens na capital brasileira. Mas, na verdade, ele queria que aquilo tudo passasse bem depressa. Na sua cabeça só havia uma preocupação: assiatir a uma partida de Pelé, do qual lera coisas incríveis. Queria saber se poderia ser mesm verdade tudo o que o Pravda e o Izvestia, jornais comunistas, haviam escrito sobre o camisa 10 da Seleção Brasileria na Copa do Mundo de 1958, na Suécia.
Atendendo ao desejo do grande herói, que colocava a União Soviética adiante dos Estados Unidos na corrida espacial, a Embaixada da CCCP, como fora escrito no capacete do astronauta, providenciou a ida de Gagarin à Vila Belmiro, onde o Santos enfrentaria o Palmeiras, na tarde de 30 de julho, pelo primeiro turno do Campeoanto Paulista de Futebol. Evidentemente, que os diplomatas soviéticas conseguiram marcar um encontro dele com Pelé, o que o deixou muito alegre e sorridente.
Quando o árbitro Romualdo Arppi Filho apitou o início da partida, Gagarin não tirou os olhos do camisa 10 santista. Ante o alarda da imprensa sobre a poresença do astronauta no estádio, o quarto-zagueiro palmeirense, Aldemar, que sempre marcava Pelé nos clássicos entre os dois clubes e era considerado pelo "Rei" como o seu mais leal marcador, caprichou além da conta. Tentou chegar primeiro em todas as bolas. Mesmo assim, Pelé reinou no gramado, fazendo Gagarin vibrar em vários lances, concatenando com Dorval, Mengálvio, Coutinho e Pepe, a linha santista que está ao seu lado.
Com um minuto de jogo, após o Santoas dar a saída, o Peixe atacou e a bola chgou à até a área palmeirense. Preocupado com o "Rei", o Palmeiras esqueceu Dorval, que abriu o placar. O Verdão, que tinha um grande time – Valdir; Djalma Santos, Valdemar Crabina, aldemar e Geraldo Scoto; Zequnha e Chinesinho; Zeola, Américo, Vavá e e Paulinho –, empatou, com Zeola, aos 30 minutos.
No segundo tempo, Pelé caprichou, tentando brindar Gagarin com um gol. Mas a defesa palmeirense só se preocupava com ele. Colocava dois, e até três homens em sua marcação. Mas Pelé era Pelé. Faltando cinco minutos para o final da partida, enquanto o adversário se preocupava em não lhe deixar jogar, ele achou Lima penetrando, por onde ninguém percebera, e lhe um passe, na medida, para o colega fazer o gol. Gagarin apladiu. Aquela jogda era coisa do outro mundo.
PELÉ NA MARCA SETENTA
REI DO FUTEBOL APAGA MAIS UMA VELINHA
Pelé chegou aos 70 anos de idade, em 23 de outubro de 2010. Segundo o Tio Jorge, que afirma ter ido buscar a parteira Marta, o rebento da Dona Celeste estreou no planeta na madrugada de 21 de outubro. Mas a mãe garante ter sido dois dias depois. Dias à parte, como Seu Dondinho trabalhava, nas madrugadas, no cassino da mineira Três Corações, só foi registrá-lo dois dias depois.
Foi assim que o "Rei do Futebol" (foto) tornou-se um escorpiano venenoso, odiado por todos os goleiros que, em 1.347 jogos, foram 1.283 vezes buscar a bola ano fundo das redes, durante 22 anos, com ele ó carregando taças e mais taças – seu destino.
Criticado, por algumas declarações, não se pode negar-lhe, no entanto, muitas sugestões importantes e inadiáveis que os colegas de trabalho e autoridades nem deram ouvidos. Por exemplo: em em 1969, ao marcar o seu milésimo gol, ele pediu à nação mais cuidado com as crianças. Foi chamado de demagogo. Mas, se os governos tivessem lhe ouvido, quantos marginais a menos haveria no país, nesses 41 anos? E quanto de aporte financeiro se teria evitado de gastar com marginais? Dinheiro que poderia ir para saúde e educação?
Em 1977, ao abandonar a vida de atleta profissional, Pelé cobrava a necessidade de os colegas defenderem a regulamentação da profissão, lutar por seus direitos, fundar associações de classe e até sindicatos. Para quem pensa que ele falava, mas não agia, um dos maiores líderes do futebol brasileiro na década-80, o apoiador Zé Mario, que jogou por Flamengo e Vasco, dava o seu testemunho de que Pelé (na foto ao lado de Di Stefano) sempre estivera à frente de qualquer reivindicação classista justa
Atualmente, o futebol brasileirio já incorpora os executivos profissionais. Pelé já defendia isso, há 33 anos, para livrá-lo dos cartolas que só visam promoção pessoal, escaladas políticas. Defendia, até, que os diretores fossem empregados dos clubes, e não patrões. Fora assim que vira nos Estados Unidos, onde ajudara a levar o futebol ao gosto popular, na década-70. Contra os alpinistas políticos, colocou um irreversível ‘não’ a convites para promoções. Após o final da carreira, jamais negou a sua preseça em campo, em casos de grandes motivos.
Pelé encerrou a carreira, aos 36 anos, dizendo que poderia ir adiante, por mais dois, mas não o faria, para preservar a sua imagem de atleta. Criticado, por pendurar as chuteiras, no Santos, em 1974, e aceitar US$ 4,750 milhões, para defender o Cosmos, nos Estados Unidos, por três temporadas, ele defendia-se, dizendo achar certo "promover a modalidade num grande país e abrir mais um campo para a sua juventude ser parte de uma uma emocionante história". Na despedida, em outubro de 1977, disse: “Já não me resta nada por fazer. Além disso, é muito importante saber quando é a hora de parar. Se alguém joga por mais tempo do que deve, o público não mais o aplaude”, lembrou, na época.
Segundo Pelé, que apanhou muito dos marcadores (foto), depois do título da Copa do Mundo-1958, a popularidade que ele ajudou a dar ao futebol norte-americano fora uma de suas maiores vitórias, afinal, antes dele, çembra que era inimaginável anotar 62 mil pessoas em um estádio. “Tem-se dito que o Pelé não tem nacionalidade, religião e nem cor. Aceito isso, integalmente. Gostaria de ser recordado como quem demonstrou ao mundo que a sensibilidade de um homem continua sendo a sua qualidade mais importnte. Pelo sentimento e a sinceridade pode-se unir toda a humanidade”, declarou, pouco depois de parar de jogar, querendo ficar conhecido como amigo das crianças.
Para a revista "New York", que dedicara quatro páginas de análises sobre o impacto provocado pelo “Rei do Futebol”, no esporte, em geral, nos Estados Unidos, “Pelé é um enigma, um homem em quem os opostos se encontram e se fundem.” Dizia, ainda, a publicação que o ‘Camisa 10' era, tremendamente, ogulhoso, um perfeccionista que fixava, para si, normas quase sobre-humans. Acertou. O atleta Pelé era, realmente, assim.
Pelé chegou aos 70 anos de idade, em 23 de outubro de 2010. Segundo o Tio Jorge, que afirma ter ido buscar a parteira Marta, o rebento da Dona Celeste estreou no planeta na madrugada de 21 de outubro. Mas a mãe garante ter sido dois dias depois. Dias à parte, como Seu Dondinho trabalhava, nas madrugadas, no cassino da mineira Três Corações, só foi registrá-lo dois dias depois.
Foi assim que o "Rei do Futebol" (foto) tornou-se um escorpiano venenoso, odiado por todos os goleiros que, em 1.347 jogos, foram 1.283 vezes buscar a bola ano fundo das redes, durante 22 anos, com ele ó carregando taças e mais taças – seu destino.
Criticado, por algumas declarações, não se pode negar-lhe, no entanto, muitas sugestões importantes e inadiáveis que os colegas de trabalho e autoridades nem deram ouvidos. Por exemplo: em em 1969, ao marcar o seu milésimo gol, ele pediu à nação mais cuidado com as crianças. Foi chamado de demagogo. Mas, se os governos tivessem lhe ouvido, quantos marginais a menos haveria no país, nesses 41 anos? E quanto de aporte financeiro se teria evitado de gastar com marginais? Dinheiro que poderia ir para saúde e educação?
Em 1977, ao abandonar a vida de atleta profissional, Pelé cobrava a necessidade de os colegas defenderem a regulamentação da profissão, lutar por seus direitos, fundar associações de classe e até sindicatos. Para quem pensa que ele falava, mas não agia, um dos maiores líderes do futebol brasileiro na década-80, o apoiador Zé Mario, que jogou por Flamengo e Vasco, dava o seu testemunho de que Pelé (na foto ao lado de Di Stefano) sempre estivera à frente de qualquer reivindicação classista justa
Atualmente, o futebol brasileirio já incorpora os executivos profissionais. Pelé já defendia isso, há 33 anos, para livrá-lo dos cartolas que só visam promoção pessoal, escaladas políticas. Defendia, até, que os diretores fossem empregados dos clubes, e não patrões. Fora assim que vira nos Estados Unidos, onde ajudara a levar o futebol ao gosto popular, na década-70. Contra os alpinistas políticos, colocou um irreversível ‘não’ a convites para promoções. Após o final da carreira, jamais negou a sua preseça em campo, em casos de grandes motivos.
Pelé encerrou a carreira, aos 36 anos, dizendo que poderia ir adiante, por mais dois, mas não o faria, para preservar a sua imagem de atleta. Criticado, por pendurar as chuteiras, no Santos, em 1974, e aceitar US$ 4,750 milhões, para defender o Cosmos, nos Estados Unidos, por três temporadas, ele defendia-se, dizendo achar certo "promover a modalidade num grande país e abrir mais um campo para a sua juventude ser parte de uma uma emocionante história". Na despedida, em outubro de 1977, disse: “Já não me resta nada por fazer. Além disso, é muito importante saber quando é a hora de parar. Se alguém joga por mais tempo do que deve, o público não mais o aplaude”, lembrou, na época.
Segundo Pelé, que apanhou muito dos marcadores (foto), depois do título da Copa do Mundo-1958, a popularidade que ele ajudou a dar ao futebol norte-americano fora uma de suas maiores vitórias, afinal, antes dele, çembra que era inimaginável anotar 62 mil pessoas em um estádio. “Tem-se dito que o Pelé não tem nacionalidade, religião e nem cor. Aceito isso, integalmente. Gostaria de ser recordado como quem demonstrou ao mundo que a sensibilidade de um homem continua sendo a sua qualidade mais importnte. Pelo sentimento e a sinceridade pode-se unir toda a humanidade”, declarou, pouco depois de parar de jogar, querendo ficar conhecido como amigo das crianças.
Para a revista "New York", que dedicara quatro páginas de análises sobre o impacto provocado pelo “Rei do Futebol”, no esporte, em geral, nos Estados Unidos, “Pelé é um enigma, um homem em quem os opostos se encontram e se fundem.” Dizia, ainda, a publicação que o ‘Camisa 10' era, tremendamente, ogulhoso, um perfeccionista que fixava, para si, normas quase sobre-humans. Acertou. O atleta Pelé era, realmente, assim.
sábado, 25 de dezembro de 2010
PELÉ, UM ESCORPIANO VENENOSO, EM CAMPO
REI DO FUTEBOL TEM VERSÃO DIFERENTE DO QUE SE CONTA PARA SEU APELIDO
Em casa, o futuro “Rei do Futebol” era Dico. Teria virado Pelé porque, aos três anos de idade, brincava de goleiro, intitulando-se de Bilé, o camisa um do time de Dondinho. A pronúncia, no entanto, era Pilé, que virou Pelé, e nem ele mesmo sabe da origem. À revista Placar Nº 1149, de março de 1999, ele disse que pode ter falado Bilé, aos cinco anos, em Bauru, e a turma entendido Pelé. Nos Estados Unidos, contou uma outra história: que um turco gritava “Quelé!”, quandosua turma chegava pra jogar bola perto de sua loja, em Bauru, e que o “quelé” sobrara pra ele, virando Pelé (foto).
Conta-se, também, que o Edson do seu verdadeiro nome teria sido uma homenagem do Dondinho ao inventor da lâmpada elétrica. Mas houve, no entanto, velhos amigos de João Ramos do Nascimento, o "pai da fera", dizendo que, na verdade, o homenageado fora um ponta-direita do Vasco de São Lourenço-MG.
Aos 11 anos, Pelé entrou para o infanto-juvenil de um time chamado Canto do Rio, que exigia idade mínima de 13. Depois, montou a sua própria patota, o Sete de Setembro. Em Bauru, onde vivia desde 1945, defendeu o Radium, que virou o Baquinho, o juvenil do Bauru Atlético Clube. Foi pra lá a convite do técnico Antoninho, que lhe comandou no primeiro treino. Chegou a disputar dois amistosos pelo Noroeste, mas terminou no Santos, levado por Valdemar de Brito, que sucedera Antoninho no comando do Baquinho.
Tem-se sete de setembro de 1956 como data de estréia de Pelé no time principal do Santos. Inclusive, que ele teria marcado o seu primeiro gol, no amistoso contra o Corinthians, de Santo André, fato que o goleiro Zaluar explorou muito, até o final de sua vida, em 1995, chegando a mandar confeccionar cartões e camisa alusiva ao feito. Perda de tempo. Na realidade, o primeiro jogo de Pelé, pelo Peixe, fora em 26 de agosto do mesmo 1956, mas integrando uma formação sem nenhum dos titulares.
Pelé, assim que o antigo atacante são-paulino Valdemar de Brito (foto) o levou para a Vila Belmiro, ganhou o apelido de “Gasolina”, por ser mandado, pelos velhos malandros da equipe, para comprar cigarro em um posto de gasolina das imediações, fez a sua primeira partida santista contra o Clube Recreativo Vasco da Gama, o Vasquinho, goleado, por 6 x 2, na Vila Belmiro – Estádio Urbano Caldeira –, marcando dois gols, por uma formação que não tivera mais ninguém que se consagraria: Alemão; Enock, Marcelinho, Realista e Ari Silva; Darci e Bodinho; Raimundinho, Pelé, Waldir e Ivan. O Vasquinho alinhou: Serginho; Toninho, Ronaldo Pereco e Aníbal; Ayala e Joel; Naldo, Zezé, Odair e Ivo.
Quanto ao gol que entrou para a história como o “número um”, aconteceu aos 36 minutos do segundo tempo, quando o Santos já vencia, por 5 x 1, com tentos de Álvaro, Del Vecchio (2) e Alfredinho (2). Mais preocupado com o jogo contra o XV de Novembro de Jaú – Santos 3 x 1, em 09.09.1956 pelo Campeonato Paulista –, o técnico Luis Alonso, o Lula, aproveitou para fazer seis substituições na etapa final. Foi quando chamou o Gasolina e o indagou se ele tinha medo de substituir Del Vecchio, que voltava de contusão, jogando, meramente, por força de contrato – Cr$ 80 mil cruzeiros de cota – Confiante, Pelé respondeu que estava pronto para encarar.
Ninguém nas arquibancadas de madeira do Estádio Américo Guazelli, já demolido, sabia quem era aquele garoto magricela, de 15 anos, se aquecendo à beira do gramado. Pra começar, o jornal Tribuna de Santos, pela coluna Mosaico Esportivo, só divulgara que, em 31 de agosto, o Peixe acertara o amistoso, obrigado, a levar todos os seus cobras, principalmente Vasconcelos, o meia-esquerda goleador, maior ídolo de sua torcida. Contundidos, Formiga, Pagão e Pepe não puderam atuar. Então, sobrou uma vaga na delegação para o Gasolina participar dos festejos dos 134 anos da cidade do ABC Paulista.
Por aquela época, Pelé chegava, de bicicleta para os treinos na Vila Belmiro. E, rapidamente, virou a atração e responsável pelo bom público que o time santista levava aos seus jogos do campeonato da Liga de Futebol Amador de Santos. Em Santo André, lhe esperava um “gramado duro, cheio de saliências e imperfeições’’, conforme descrevera o repórter Ary Fortes, de "A Tribuna de Santos". Como Pelé (foto de 1962) ainda não era um “rei” e o adversário de pouquíssima importância, o Santos chamou quatro taxis e embarcou a rapaziada para o jogo. O Gasolina foi e voltou no carro do taxista corintiano Ladeira, que já estava acostumado a ser chamado pelo Santos e, durante os 11 anos em que o Peixe não perdeu para o Timão, vivia ameaçando o “camisa dez” de jogá-lo numa ribanceira, para acabar com o tabu.
Pois bem! Naquele sete de setembro, Raimundinho e Tite já experimentavam lançamentos para Pelé se virar entre os becões. Num deles, “em meio de vários defensores contrários, atirou Pelé com sucesso, passando a pelota sob o corpo do guardião Zaluar’’, escreveu Ary Fortes. E, marcado seu “primeiro gol”, Pelé mandou Zaluar levantar-se e correu para abraçar Lula e os colegas de time. Naquele instante, só lhe passava pela cabeça avisar ao Dondinho, seu pai e grande ídolo, o qual garantia ter jogado muito mais do que ele. Mas só conseguiu informá-lo no dia seguinte. ‘‘Foi um chute normal, mas é uma lembrança diferente, por ter sido o primeiro de minha carreira e vestindo a camisa de um grande time’’, contou Pelé, mais tarde, nem se lembrando dos gols pelo campeonato amador santista e do amistoso contra o Vasquinho.
Se o “primeiro gol de Pelé” (foto/D) não foi o primeiro, o último jogo, também, não foi o último. Competitivamente, a despedida dos gramados deu-se em 29 de agosto de 1977, na final do Campeonato Norte-Americano, quando o Cosmos venceu o Seattle, por 2 x 1. Coberto de sabão, no vestiário, para se livrar do banho de champanhe lhe dado pelos companheiros, ele saiu do chuveiro gritando que se despedia como campeão. Ao adversário Jim Mcalister, presenteara com a sua camisa, por aquele ter sido eleito o melhor novato da temporada.
Contratado, pelo Cosmos, em 1975, para promover o futebol, que os norte-americanos chamavam de soccer, Pelé garantia não ter ficado triste por não balançar a rede em seu último jogo oficial, o que atestava o capitão da equipe, Werner Roth, que o via, inclusive, como um dos mais felizes do momento. “Dei meus chutes, mas não consegui fazer gols. Não interessa quem marcou (Steve Hunt e Giorgio Chinaglia). Nós somos uma equipe”, ressaltou Pelé, acrescentando: “Vim, para os Estados Unidos fazer seu futebol crescer. Agora, ele já está bem grande. É é uma realidade, não um sonho. Esta é a minha grande recordação dos três campeonatos que disputei por aqui”.
Em 1975, nos 2 x 0 santistas sobre a Ponte Preta, na Vila Belmiro, pelo Campeonato Paulista, Pelé fez a sua primeira despedida. Aos 36 anos, após o último jogo oficial, ainda participou de uma partida festiva de despedida, em 1º de outubro de 1977: Cosmo 2 x 1 Santos, no Gyant Stadium, em Nova York, marcando um gol para o time da casa e atuando um tempo por cada equipe. Depois, disputou estes jogos: 22.04.1978 – Nigéria 1 x 3 Fluminense; 26.04.1978 – Fluminense 2 x 1 Racca Rovers (Nig); 06.04.1979 – Flamengo 5 x 1 Atlético-MG; 24.09.1980 – Cosmos 3 x 2 Nasl All-Stars, marcando um gol; 21.07.1983 – Seleção do Sudeste 1 x 2 Seleção do Sul, com um gol; 09.05.1984 – Ex-Atletas do Cosmos 2 x 6 Cosmos; 04.01.1987 – Seleção Brasileira e Masters 3 x 0 Seleção Italiana de Masters e 31.10.1990 – Amigos do Pelé 2 x 1 Brasil.
Obs: no jogo contra o Fluminense, defendendo a seleção da Nigéria, Pelé foi substituído por Nalando, aos 35 minutos do primeiro tempo. O jogo pelo Flu foi em Kaduba e o Racca Rovers se tornaria campeão nacional no mesmo 1978. A seleção da Nigéria não foi a única defendda por Pelé. Em 23 e 31 de maio de 1976, respectivamente, perdendo, por 4 x 0 e 3 x 1, para Itália e Inglagerra, ele defendeu, a seleção dos Estados Unidos, que disputou o Ttorneio Bicentenário da Indpendência dos EUA, com o nome de American All-Stars, por reunir jogadores de várias nacionalidades, numa época e que o futebol tentava se afirmar no país.
FICHA TÉCNICA - Data: 07.09.1956 - Corinthians de Santo André 1 x 7 Santos. Estádio: Américo Guazelli. Árbitro: Abílio Ramos. Renda: Cr$ 39.910,00. Público: desconhecido. Gols: Alfredinho, aos 30, Del Vecchio, aos 32, Álvaro, aos 36 e Alfredinho, aos 41 min do 1º tempo; Del Vecchio, aos 16, Pelé, aos 36; Vilmar, aos 41, e Jair Rosa Pinto, aos 44 min do 2º tempo. Corinthians: Antoninho (Zaluar); Bugre e Chicão (Talmar); Mendes, Zico e Chanc; Vilmar, Cica, Teleco (Baiano), Rubens e Dore. Técnico: Jaú. Santos: Manga; Hélvio e Ivan (Cássio); Ramiro (Fioti), Urubatão e Zito (Feijó); Alfredinho (Dorval), Álvaro (Raimundinho) e Del Vecchio (Pelé); Jair e Tite Técnico: Lula.
Em casa, o futuro “Rei do Futebol” era Dico. Teria virado Pelé porque, aos três anos de idade, brincava de goleiro, intitulando-se de Bilé, o camisa um do time de Dondinho. A pronúncia, no entanto, era Pilé, que virou Pelé, e nem ele mesmo sabe da origem. À revista Placar Nº 1149, de março de 1999, ele disse que pode ter falado Bilé, aos cinco anos, em Bauru, e a turma entendido Pelé. Nos Estados Unidos, contou uma outra história: que um turco gritava “Quelé!”, quandosua turma chegava pra jogar bola perto de sua loja, em Bauru, e que o “quelé” sobrara pra ele, virando Pelé (foto).
Conta-se, também, que o Edson do seu verdadeiro nome teria sido uma homenagem do Dondinho ao inventor da lâmpada elétrica. Mas houve, no entanto, velhos amigos de João Ramos do Nascimento, o "pai da fera", dizendo que, na verdade, o homenageado fora um ponta-direita do Vasco de São Lourenço-MG.
Aos 11 anos, Pelé entrou para o infanto-juvenil de um time chamado Canto do Rio, que exigia idade mínima de 13. Depois, montou a sua própria patota, o Sete de Setembro. Em Bauru, onde vivia desde 1945, defendeu o Radium, que virou o Baquinho, o juvenil do Bauru Atlético Clube. Foi pra lá a convite do técnico Antoninho, que lhe comandou no primeiro treino. Chegou a disputar dois amistosos pelo Noroeste, mas terminou no Santos, levado por Valdemar de Brito, que sucedera Antoninho no comando do Baquinho.
Tem-se sete de setembro de 1956 como data de estréia de Pelé no time principal do Santos. Inclusive, que ele teria marcado o seu primeiro gol, no amistoso contra o Corinthians, de Santo André, fato que o goleiro Zaluar explorou muito, até o final de sua vida, em 1995, chegando a mandar confeccionar cartões e camisa alusiva ao feito. Perda de tempo. Na realidade, o primeiro jogo de Pelé, pelo Peixe, fora em 26 de agosto do mesmo 1956, mas integrando uma formação sem nenhum dos titulares.
Pelé, assim que o antigo atacante são-paulino Valdemar de Brito (foto) o levou para a Vila Belmiro, ganhou o apelido de “Gasolina”, por ser mandado, pelos velhos malandros da equipe, para comprar cigarro em um posto de gasolina das imediações, fez a sua primeira partida santista contra o Clube Recreativo Vasco da Gama, o Vasquinho, goleado, por 6 x 2, na Vila Belmiro – Estádio Urbano Caldeira –, marcando dois gols, por uma formação que não tivera mais ninguém que se consagraria: Alemão; Enock, Marcelinho, Realista e Ari Silva; Darci e Bodinho; Raimundinho, Pelé, Waldir e Ivan. O Vasquinho alinhou: Serginho; Toninho, Ronaldo Pereco e Aníbal; Ayala e Joel; Naldo, Zezé, Odair e Ivo.
Quanto ao gol que entrou para a história como o “número um”, aconteceu aos 36 minutos do segundo tempo, quando o Santos já vencia, por 5 x 1, com tentos de Álvaro, Del Vecchio (2) e Alfredinho (2). Mais preocupado com o jogo contra o XV de Novembro de Jaú – Santos 3 x 1, em 09.09.1956 pelo Campeonato Paulista –, o técnico Luis Alonso, o Lula, aproveitou para fazer seis substituições na etapa final. Foi quando chamou o Gasolina e o indagou se ele tinha medo de substituir Del Vecchio, que voltava de contusão, jogando, meramente, por força de contrato – Cr$ 80 mil cruzeiros de cota – Confiante, Pelé respondeu que estava pronto para encarar.
Ninguém nas arquibancadas de madeira do Estádio Américo Guazelli, já demolido, sabia quem era aquele garoto magricela, de 15 anos, se aquecendo à beira do gramado. Pra começar, o jornal Tribuna de Santos, pela coluna Mosaico Esportivo, só divulgara que, em 31 de agosto, o Peixe acertara o amistoso, obrigado, a levar todos os seus cobras, principalmente Vasconcelos, o meia-esquerda goleador, maior ídolo de sua torcida. Contundidos, Formiga, Pagão e Pepe não puderam atuar. Então, sobrou uma vaga na delegação para o Gasolina participar dos festejos dos 134 anos da cidade do ABC Paulista.
Por aquela época, Pelé chegava, de bicicleta para os treinos na Vila Belmiro. E, rapidamente, virou a atração e responsável pelo bom público que o time santista levava aos seus jogos do campeonato da Liga de Futebol Amador de Santos. Em Santo André, lhe esperava um “gramado duro, cheio de saliências e imperfeições’’, conforme descrevera o repórter Ary Fortes, de "A Tribuna de Santos". Como Pelé (foto de 1962) ainda não era um “rei” e o adversário de pouquíssima importância, o Santos chamou quatro taxis e embarcou a rapaziada para o jogo. O Gasolina foi e voltou no carro do taxista corintiano Ladeira, que já estava acostumado a ser chamado pelo Santos e, durante os 11 anos em que o Peixe não perdeu para o Timão, vivia ameaçando o “camisa dez” de jogá-lo numa ribanceira, para acabar com o tabu.
Pois bem! Naquele sete de setembro, Raimundinho e Tite já experimentavam lançamentos para Pelé se virar entre os becões. Num deles, “em meio de vários defensores contrários, atirou Pelé com sucesso, passando a pelota sob o corpo do guardião Zaluar’’, escreveu Ary Fortes. E, marcado seu “primeiro gol”, Pelé mandou Zaluar levantar-se e correu para abraçar Lula e os colegas de time. Naquele instante, só lhe passava pela cabeça avisar ao Dondinho, seu pai e grande ídolo, o qual garantia ter jogado muito mais do que ele. Mas só conseguiu informá-lo no dia seguinte. ‘‘Foi um chute normal, mas é uma lembrança diferente, por ter sido o primeiro de minha carreira e vestindo a camisa de um grande time’’, contou Pelé, mais tarde, nem se lembrando dos gols pelo campeonato amador santista e do amistoso contra o Vasquinho.
Se o “primeiro gol de Pelé” (foto/D) não foi o primeiro, o último jogo, também, não foi o último. Competitivamente, a despedida dos gramados deu-se em 29 de agosto de 1977, na final do Campeonato Norte-Americano, quando o Cosmos venceu o Seattle, por 2 x 1. Coberto de sabão, no vestiário, para se livrar do banho de champanhe lhe dado pelos companheiros, ele saiu do chuveiro gritando que se despedia como campeão. Ao adversário Jim Mcalister, presenteara com a sua camisa, por aquele ter sido eleito o melhor novato da temporada.
Contratado, pelo Cosmos, em 1975, para promover o futebol, que os norte-americanos chamavam de soccer, Pelé garantia não ter ficado triste por não balançar a rede em seu último jogo oficial, o que atestava o capitão da equipe, Werner Roth, que o via, inclusive, como um dos mais felizes do momento. “Dei meus chutes, mas não consegui fazer gols. Não interessa quem marcou (Steve Hunt e Giorgio Chinaglia). Nós somos uma equipe”, ressaltou Pelé, acrescentando: “Vim, para os Estados Unidos fazer seu futebol crescer. Agora, ele já está bem grande. É é uma realidade, não um sonho. Esta é a minha grande recordação dos três campeonatos que disputei por aqui”.
Em 1975, nos 2 x 0 santistas sobre a Ponte Preta, na Vila Belmiro, pelo Campeonato Paulista, Pelé fez a sua primeira despedida. Aos 36 anos, após o último jogo oficial, ainda participou de uma partida festiva de despedida, em 1º de outubro de 1977: Cosmo 2 x 1 Santos, no Gyant Stadium, em Nova York, marcando um gol para o time da casa e atuando um tempo por cada equipe. Depois, disputou estes jogos: 22.04.1978 – Nigéria 1 x 3 Fluminense; 26.04.1978 – Fluminense 2 x 1 Racca Rovers (Nig); 06.04.1979 – Flamengo 5 x 1 Atlético-MG; 24.09.1980 – Cosmos 3 x 2 Nasl All-Stars, marcando um gol; 21.07.1983 – Seleção do Sudeste 1 x 2 Seleção do Sul, com um gol; 09.05.1984 – Ex-Atletas do Cosmos 2 x 6 Cosmos; 04.01.1987 – Seleção Brasileira e Masters 3 x 0 Seleção Italiana de Masters e 31.10.1990 – Amigos do Pelé 2 x 1 Brasil.
Obs: no jogo contra o Fluminense, defendendo a seleção da Nigéria, Pelé foi substituído por Nalando, aos 35 minutos do primeiro tempo. O jogo pelo Flu foi em Kaduba e o Racca Rovers se tornaria campeão nacional no mesmo 1978. A seleção da Nigéria não foi a única defendda por Pelé. Em 23 e 31 de maio de 1976, respectivamente, perdendo, por 4 x 0 e 3 x 1, para Itália e Inglagerra, ele defendeu, a seleção dos Estados Unidos, que disputou o Ttorneio Bicentenário da Indpendência dos EUA, com o nome de American All-Stars, por reunir jogadores de várias nacionalidades, numa época e que o futebol tentava se afirmar no país.
FICHA TÉCNICA - Data: 07.09.1956 - Corinthians de Santo André 1 x 7 Santos. Estádio: Américo Guazelli. Árbitro: Abílio Ramos. Renda: Cr$ 39.910,00. Público: desconhecido. Gols: Alfredinho, aos 30, Del Vecchio, aos 32, Álvaro, aos 36 e Alfredinho, aos 41 min do 1º tempo; Del Vecchio, aos 16, Pelé, aos 36; Vilmar, aos 41, e Jair Rosa Pinto, aos 44 min do 2º tempo. Corinthians: Antoninho (Zaluar); Bugre e Chicão (Talmar); Mendes, Zico e Chanc; Vilmar, Cica, Teleco (Baiano), Rubens e Dore. Técnico: Jaú. Santos: Manga; Hélvio e Ivan (Cássio); Ramiro (Fioti), Urubatão e Zito (Feijó); Alfredinho (Dorval), Álvaro (Raimundinho) e Del Vecchio (Pelé); Jair e Tite Técnico: Lula.
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
O FINAL DA ERA PELÉ
REI DO FUTEBOL ENCERROU A CARREIRA NOS ESTADOS UNIDOS
O dia 1º de outubro marca, em 1977, a despedida de Pelé (foto) dos gramados. Que dizer: quase despedida, porque ele ainda compareceu a umas “despedidas”, no continente asiático. Mas a que valeu mesmo, com TV para todo o mundo assistir, foi no Giants Satadium, em Nova Yok, nos Estados Unidos, com 77.891 expectadores.
Naquele dia, o Cosmos fez 2 x 1 sobre o Santos, com gols do peruano Ramon Mifllin, aos quatro, e de Pelé, os 42 minutos, ambos do segundo tempo. O Pixe abriu o palcar, aos 14 minutos da etapa inicial, por intermédio de Reinaldo, no jogo apitado por Gino Hipólito, auxiliado por Tonny Nobile e Tim Rossi.
O Santos, usando camisas, calções e meiões brancos, formou com: Ernani; Fernando, Joãozinho, Alfredo e Neto; Zé Mario. Carlos Roberto e Aílton Lira (Pelé); Nílto Batata, Rubens (Bianchi), e Reinaldo (Juari). O Cosmos, com camisas verdes, calções brancos e meiões verdes, foi: Messing; Nelsi (Hunter), Roth, Carlos Alberto Torres (Bob Smith) e Rildo (Formoso); Garbett (Vitor) e Franz Beckenbauer; Tony Field (Ord), Chinaglia, Pelé (Miflin) e Hunt (Oliveira).
O detalhe da partida foi que o árbitro a encerrou no exato momento em que Pelé ia fazer o gol de igualdade do placar, já vestindo a camisa 10 santista. Foram 22 anos de reinado nos gramados, encerrados com as homenagens do governo brasileiro, levadas pelo chanceler Azeredo da Silveira, e com o presidente norte-americano, Jimmy Carter, sendo represetado pelo filho Jeff.
Emocinado, Pelé recebeu, no gramado, os cumprimentos de todos os ateltas e personalidades convidadas. Ao fazer a saudação de despedida (foto), pediu ao mundo para não esquecer que a paz e o amor ao próxio eram muito importantes e, repetindo 1969, quando marcara seu milésimo gol, que não se esquecessem, também, das crianças.
Os jogadores satistas mais jovens entraram em campo levando máqinas fotográficas, para registrarem o momento. Os do Cosmos tiveram seus nomes anuncidos por um alto-falante. Na vez de Pelé, a congratulação foi tamaha, que todos os protocolos foram abandonados. O gol de dele foi cobrando falta, de fora da área, a uns 30 metros de distância. No intervalo, quando chovia, Pelé tirou a camisa do Cosmos e a presentou ao seu pai, Dondinho, de quem era fã e dizia sempre que jogara muito mais bola do que ele. De sua parte, Donginho beijou o 10 e envergou a jaqueta.
No segundo tepo, Pelé fez de tudo para marcar (foto) seu último gol pelo time que o consagrou, mas o árbritro não o deixou. Ao final da partida, entregou a camsia usada ao seu descobridor, o tabém ex-jogador Waldemar de Brito. Assim que começou a dar a volta olímpica, carregado, nos ombros, pelos companheiros, o serviço de alto-falantes do estádio tocou a “Valsa da Despedida”.
Dias depois, Pelé jogou em Cosmos 3 x 2 Seleção Japonesa, no lotado Estádio Nacoinal de Tóquio,com capacidade para 65 mil pessoas. Assim que ele saiu de campo, a casa ficou às escuras, só coms um holofote ligiado e lhe seguindo. No trecho final até os vestiários, Pelé voltou a ser carregado nos ombros, pelos colegas. A excursão de despedida previa, ainda, jogos em Pequim e Xangai, na China, e em Calcutá, na Índia. Depois, Pelé, ainda, fez alguns jogos amistosos, em benefício de causas sociais.Num deles vestiu a camisa do Flamengo, jogando ao lado de Zico, que foi o principal atleta do futebol brasileiro, depois que ele parou. Pelé, uma lenda que encanta até quem só ouviu falar de sua genialidade.
O dia 1º de outubro marca, em 1977, a despedida de Pelé (foto) dos gramados. Que dizer: quase despedida, porque ele ainda compareceu a umas “despedidas”, no continente asiático. Mas a que valeu mesmo, com TV para todo o mundo assistir, foi no Giants Satadium, em Nova Yok, nos Estados Unidos, com 77.891 expectadores.
Naquele dia, o Cosmos fez 2 x 1 sobre o Santos, com gols do peruano Ramon Mifllin, aos quatro, e de Pelé, os 42 minutos, ambos do segundo tempo. O Pixe abriu o palcar, aos 14 minutos da etapa inicial, por intermédio de Reinaldo, no jogo apitado por Gino Hipólito, auxiliado por Tonny Nobile e Tim Rossi.
O Santos, usando camisas, calções e meiões brancos, formou com: Ernani; Fernando, Joãozinho, Alfredo e Neto; Zé Mario. Carlos Roberto e Aílton Lira (Pelé); Nílto Batata, Rubens (Bianchi), e Reinaldo (Juari). O Cosmos, com camisas verdes, calções brancos e meiões verdes, foi: Messing; Nelsi (Hunter), Roth, Carlos Alberto Torres (Bob Smith) e Rildo (Formoso); Garbett (Vitor) e Franz Beckenbauer; Tony Field (Ord), Chinaglia, Pelé (Miflin) e Hunt (Oliveira).
O detalhe da partida foi que o árbitro a encerrou no exato momento em que Pelé ia fazer o gol de igualdade do placar, já vestindo a camisa 10 santista. Foram 22 anos de reinado nos gramados, encerrados com as homenagens do governo brasileiro, levadas pelo chanceler Azeredo da Silveira, e com o presidente norte-americano, Jimmy Carter, sendo represetado pelo filho Jeff.
Emocinado, Pelé recebeu, no gramado, os cumprimentos de todos os ateltas e personalidades convidadas. Ao fazer a saudação de despedida (foto), pediu ao mundo para não esquecer que a paz e o amor ao próxio eram muito importantes e, repetindo 1969, quando marcara seu milésimo gol, que não se esquecessem, também, das crianças.
Os jogadores satistas mais jovens entraram em campo levando máqinas fotográficas, para registrarem o momento. Os do Cosmos tiveram seus nomes anuncidos por um alto-falante. Na vez de Pelé, a congratulação foi tamaha, que todos os protocolos foram abandonados. O gol de dele foi cobrando falta, de fora da área, a uns 30 metros de distância. No intervalo, quando chovia, Pelé tirou a camisa do Cosmos e a presentou ao seu pai, Dondinho, de quem era fã e dizia sempre que jogara muito mais bola do que ele. De sua parte, Donginho beijou o 10 e envergou a jaqueta.
No segundo tepo, Pelé fez de tudo para marcar (foto) seu último gol pelo time que o consagrou, mas o árbritro não o deixou. Ao final da partida, entregou a camsia usada ao seu descobridor, o tabém ex-jogador Waldemar de Brito. Assim que começou a dar a volta olímpica, carregado, nos ombros, pelos companheiros, o serviço de alto-falantes do estádio tocou a “Valsa da Despedida”.
Dias depois, Pelé jogou em Cosmos 3 x 2 Seleção Japonesa, no lotado Estádio Nacoinal de Tóquio,com capacidade para 65 mil pessoas. Assim que ele saiu de campo, a casa ficou às escuras, só coms um holofote ligiado e lhe seguindo. No trecho final até os vestiários, Pelé voltou a ser carregado nos ombros, pelos colegas. A excursão de despedida previa, ainda, jogos em Pequim e Xangai, na China, e em Calcutá, na Índia. Depois, Pelé, ainda, fez alguns jogos amistosos, em benefício de causas sociais.Num deles vestiu a camisa do Flamengo, jogando ao lado de Zico, que foi o principal atleta do futebol brasileiro, depois que ele parou. Pelé, uma lenda que encanta até quem só ouviu falar de sua genialidade.
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
EDMAR, O MATADOR DE TODAS AS CORES
O PRINCIPAL ATLETA REVELADO PELO FUTEBOL BRASILIENSE
Revelado nas divisões de base do Brasília Esporte Clube, Edmar Bernardes fazia gols de todos os tipos no time juvenil, em 1976. Um ano depois, já era titular na equipe principal e entortava defesas nos campeonatos nacionais. Mas, para chegar à seleção Brasileira, pela qual fez 21 jogos e 11 gols, precisou pipocar redes com camisas de todas as cores. Foi quando viu o quanto era difícil Ter o rótulo de “jogador de Brasília”.
Edmar trocou o Brasília, pelo Cruzeiro no final da década de 70. “Não era fácil naquele tempo” - relembrou-me, por telefone – Como o futebol brasiliense não tinha tradição, éramos pouco respeitados. Ainda bem que a minha geração começou a mudar tudo, pois os que saíram naquela fase, como eu, Ernani Banana, Luís Carlos Teixeira, Lira, Júnior Brasília, Ney e outros, mostramos que o futebol candango tinha muito potencial. Tanto que depois de nós, se consagraram, a nível nacional, Carlos Alberto Dias e Renaldo, que chegaram à seleção brasileira via futebol paranaense”.
Quando foi para o Cruzeiro, Edmar não foi logo aproveitado no time principal. Jogou por um desses tais “expressinhos”. Depois, foi emprestado ao Taubaté-SP e foi artilheiro do Campeonato Paulista de 1980,empatado com o ídolo corintiano Sócrates,com17 gols. Convocado para uma seleção paulista, desesperou os cruzeirenses, quando o Palmeiras tentou uma mágica para “roubá-lo” no Taubaté. Mas o Cruzeiro conseguiu reavê-lo.
De volta à Toca da Raposa, Edmar fez gols de todas as maneiras, alguns de placa, ao ponto de deslumbrar os dirigentes do Grêmio, que não descansaram enquanto não o levaram para Porto Alegre. A próxima parada de Edmar foi o Flamengo (foto), que o teve estreando com três gols numa tarde gloriosa, no Maracanã. Enquanto isso, o Palmeiras não abandonava seu sonho de tê-lo com sua camisa. E um dia conseguiu. Edmar barrou o ídolo palmeirense da época, o goleado Mirandinha, e fez história também no Parque Antártica. Mas foi quando vestiu a camisa corintiana que chegou à seleção brasileira. Convocado pelo técnico Carlos Alberto Silva, Edmar vestiu a camarinha do time principal e da seleção (foto) que foi medalha de prata nas Olimpíadas de Montreal, junto com Taffarel eRomário, futuros tetracampeões mundiais, além de “monstros” da época,como os apoiadores, Geovani (Vasco) e Andrade (Flamengo).
Marcando gols pela Seleção e com uma medalha olímpica no peito, o Pescara enviou um avião para levar Edmar (foto) para a Itália. No começo, a adaptação foi um pouco difícil.. Depois, num só jogo ele marcou cinco gols, o que não era novidade, pois, em 1985, ao marcar cinco sobre o Ceará Sporting, ele se tornara o principal artilheiro do Brasileiro, defendendo o Guarani de Campinas. Edmar foi um dos jogadores que mais ajudou a mudar a mentalidade sobre o futebolista brasilense.
Atualmente, Edmar reside na paulista Campinas, onde é sócio do ex-atacante Careca (Antônio Oliveira Filho, aquele mesmo revelado pelo Guarani e que se consagrou no São Paulo e na Seleção Brasileira, tendo jogado, ainda, pelo italiano Napoli e pelo japonês Kashiwa Reysol. Os dois criaram um clube de futebol chamado Campinas Futebol Clube.
Revelado nas divisões de base do Brasília Esporte Clube, Edmar Bernardes fazia gols de todos os tipos no time juvenil, em 1976. Um ano depois, já era titular na equipe principal e entortava defesas nos campeonatos nacionais. Mas, para chegar à seleção Brasileira, pela qual fez 21 jogos e 11 gols, precisou pipocar redes com camisas de todas as cores. Foi quando viu o quanto era difícil Ter o rótulo de “jogador de Brasília”.
Edmar trocou o Brasília, pelo Cruzeiro no final da década de 70. “Não era fácil naquele tempo” - relembrou-me, por telefone – Como o futebol brasiliense não tinha tradição, éramos pouco respeitados. Ainda bem que a minha geração começou a mudar tudo, pois os que saíram naquela fase, como eu, Ernani Banana, Luís Carlos Teixeira, Lira, Júnior Brasília, Ney e outros, mostramos que o futebol candango tinha muito potencial. Tanto que depois de nós, se consagraram, a nível nacional, Carlos Alberto Dias e Renaldo, que chegaram à seleção brasileira via futebol paranaense”.
Quando foi para o Cruzeiro, Edmar não foi logo aproveitado no time principal. Jogou por um desses tais “expressinhos”. Depois, foi emprestado ao Taubaté-SP e foi artilheiro do Campeonato Paulista de 1980,empatado com o ídolo corintiano Sócrates,com17 gols. Convocado para uma seleção paulista, desesperou os cruzeirenses, quando o Palmeiras tentou uma mágica para “roubá-lo” no Taubaté. Mas o Cruzeiro conseguiu reavê-lo.
De volta à Toca da Raposa, Edmar fez gols de todas as maneiras, alguns de placa, ao ponto de deslumbrar os dirigentes do Grêmio, que não descansaram enquanto não o levaram para Porto Alegre. A próxima parada de Edmar foi o Flamengo (foto), que o teve estreando com três gols numa tarde gloriosa, no Maracanã. Enquanto isso, o Palmeiras não abandonava seu sonho de tê-lo com sua camisa. E um dia conseguiu. Edmar barrou o ídolo palmeirense da época, o goleado Mirandinha, e fez história também no Parque Antártica. Mas foi quando vestiu a camisa corintiana que chegou à seleção brasileira. Convocado pelo técnico Carlos Alberto Silva, Edmar vestiu a camarinha do time principal e da seleção (foto) que foi medalha de prata nas Olimpíadas de Montreal, junto com Taffarel eRomário, futuros tetracampeões mundiais, além de “monstros” da época,como os apoiadores, Geovani (Vasco) e Andrade (Flamengo).
Marcando gols pela Seleção e com uma medalha olímpica no peito, o Pescara enviou um avião para levar Edmar (foto) para a Itália. No começo, a adaptação foi um pouco difícil.. Depois, num só jogo ele marcou cinco gols, o que não era novidade, pois, em 1985, ao marcar cinco sobre o Ceará Sporting, ele se tornara o principal artilheiro do Brasileiro, defendendo o Guarani de Campinas. Edmar foi um dos jogadores que mais ajudou a mudar a mentalidade sobre o futebolista brasilense.
Atualmente, Edmar reside na paulista Campinas, onde é sócio do ex-atacante Careca (Antônio Oliveira Filho, aquele mesmo revelado pelo Guarani e que se consagrou no São Paulo e na Seleção Brasileira, tendo jogado, ainda, pelo italiano Napoli e pelo japonês Kashiwa Reysol. Os dois criaram um clube de futebol chamado Campinas Futebol Clube.
domingo, 19 de dezembro de 2010
FLUPEÃO-1984
O PRIMEIRO TÍTULO BRASILEIRO DO FLUMINENSE
O goleiro Paulo Victor Barbosa Carvalho tinha 26 anos de idade – nasceu em 7 de junho de 1957, em Belém do Pará –, quando viu o vascaíno Arthurzinho aproximando-se de suas traves, livre de marcação, na tarde daquele 27 de maio de 1984. Sem contar os caronas, 128.160 torcedores – recorde de público pagante brasileiro até então – estavam de olho nele. A torcida do Vasco levantou-se, para gritar o gol que poderia levar a decisão do Campeonato Brasileiro a uma terceira partida – o Flu r 1 x 0, na noite da quinta-feira, 23. No entanto, ele garantiu a festa tricolor, como conta:
“Fiquei parado, quando vi o Arthurzinho chegando na pequena área. Dei um passo à frente, para tirar-lhe o ângulo de chute. Mesmo assim, ele bateu para o gol. Fiz a única coisa possível: atirar as minhas pernas, para acertar a trajetória da bola. Deu certo”, relembra do lance que valeu o título (foto).
Assim que o árbitro Romualdo Arpi Filho encerrou o jogo, Paulo Victor saiu, em disparada. “Roubou” a bola do jogo e disse para o homem de preto: “Me desculpe, Seu Romualdo, mas esta aqui é minha. É a recordação da defesa mais importante que já fiz” – na conclusão de Arturzinho.
Além do chute quase fatal de Arthurzinho, Paulo Victor saiu da área, por três vezes, para interceptar ataques vascaínos. Em todos, chutou a bola para a lateral do gramado. Ele não se lembro mais com qual dos pés “castigou a gorduchinha”, como brinca, e nem se foi para a direita, ou para a esquerda.
Paulo Victor guarda, com orgulho, um recorte do jornal carioca “O Globo”, que lhe dá nota máxima (única) na análise dos repórteres Átila Santos, Antonio Roberto Arruda, Carlos Silva, Chico Nélson, Danilo Mirales, Fernando Paulino Neto, Marcelo Matte, Marcelo Penido, Nélson Borges, Paulo César Martins, Paulo Roberto Pereira e Sílvia Moretzsohn, sobre as atuações dos jogadores dos dois times. Diz o texto: “Paulo Victor – Só fez uma defesa em todo o jogo: aos 40 minutos do segundo tempo, num chute de Arthurzinho. Uma defesa que garantiu o título à equipe tricolor. Nota 10”’.
ANTECIPADAMENTE – Passados 26 anos, seis meses e oito dias da conquista daquele título de campeão brasileiro da Série A, Paulo Victor revela que o Fluminense tinha tanta certeza de que carregaria a taça, a ponto de brindar o feito antes do jogo.
“Estávamos concentrados no Hotel Nacional. Antes do almoço, que saiu por volta de uma da tarde, o presidente Manoel Schwartz, o vice de futebol Antônio Castro Gil e vice jurídico Luís Carlos Vilela, brindaram a conquista ‘timtimlando’ copos com cerveja. O clima era de tanto otimismo, que ninguém demonstrava tensão, nervosismo”, garantiu, inventando um neologismo para o brinde com “timtim’.
Um exemplo da descontração tricolor durante os momentos que antecediam à final, Paulo Victor conta sobre uma brincadeira que ele fez, no hotel, com o supervisor Newton Graúna. “O cara usava um tênis branco, novinho tipo ‘cheguei’. Peguei no pé dele. Como um amigo nosso havia viajado, acho que aos Estados Unidos, e fiquei sacaneando, dizendo que ele fizera o cara viajar descalço e que ele usava um ‘tênis de viagem’. Sacou a saca?”
Com uma memória de fazer inveja, Paulo Victor não se esquece de um detalhe do dia do final: fora o primeiro atleta a deixar o quarto, para o café matinal. No trajeto para o restaurante, “por volta das 08h00”, encontrou-se com o Coronel Calomino, a quem avisou: “Sempre que marco gol durante os treinos recreativos, nós vencemos, no dia seguinte. Ontem, mandei o ‘mané’ buscar a bola no fundo do barbante duas vezes. Se acontecer o que rolou no outros jogos, prepare a faixa, coronel!”
A memória do goleiro de 1974 lhe faz lembrar, também, que o presidente Manoel Schwartz chegou ao hotel, acompanhado pelo ex-atleta tricolor Carlos Alberto Torres, “lá pelas 11h, tirando onda de beijoqueiro”. Na brincadeira, acrescenta: “Tato, Duílio, Ricardo (Gomes), Assis e Branco, que o homem encontrou pelo hall de entrada, contaram terem sido as primeiras vítimas dos beijos presidenciais”.
CARDÁPIO DE CAMPEÃO – Antes de “jantar” taças e faixas, Paulo Victor almoçou um churrasco, acompanhado de saladas e um buffet . Depois, entrou no elevador e foi descansar em seu quarto. Desceu, “por volta das 14h30”, quando o treinador Carlos Alberto Parreira fez uma prelação, “na sobreloja”, segundo ele, de uns 35 minutos. “O professor foi simples , direto e objetivo. Pediu, apenas, para mantermos a aplicação tática e a determinação de vitória do jogo anterior. Fora isso, analisou as possíveis fórmula pelas quais o Vasco poderia tentar nos surpreender”. (foto)
Depois de lembrar da palavra do treinador, Paulo Victor recordou-se de mais um detalhe: “O nosso (futuro) deputado Delei (Paiva, do PV, nos dois últimos mandatos, e não reeleito, no recente outrubro) já fazia campanha, por aquela época. Quando o professor passou a palavra à rapaziada, ele levantou-se e mandou ver. Disse que a nossa torcida não merecia derrota, e exigiu o caneco, com aquela tradicional frase manjada: ‘O título será a nossa consagração’. ‘Manezão!’ Só ele sabia disso. E que deputado chorão, rapaz! Quando o jogo acabou, ele botou o bumbum no centro de campo, e disparou a chorar, encobrindo o rosto com as mãos. Da minha parte, eu vibrava, ouvindo a galera gritar o meu nome, enquanto caminhava para o vestiário”, relata.
Outro fato que Paulo Victor não esquece é do ônibus com a delegação tricolor deixando o hotel, rumo a Maracanã. Afirma que Parreira foi o último a “adentrar ao buzu” e que, quando o carro começou a rodar, o “professor” olhou no relógio e observou: “Já são 15h18”.
BOLA ‘REROUBADA’ – Como o policiamento fora muito forte no dia daquela final de 1984, Paulo Victor pôde sair de campo com o uniforme de jogo, que guarda, ainda, em uma espécie de galeria, em seu apartamento, repleta de troféus e fotografias, como esta carregando o trofeu de capeão. Só não tem mais a bola roubada de Romualdo Arppi Filho – ficou com a sua ex-mulher.
“Teve ‘mané’ que trocou camisa com os vascaínos. O Tato, por exemplo, o vi trocando a dele, como Edevaldo, que tinha jogado com a gente. ‘Manezão!’ Ele havia contado pra gente que seus pais e dois tios, junto com as “tias’, estavam no Rio, pra assistirem as finais. Poderia ter presenteado os pais com a relíquia. Aquilo era pra guardar pros netos”, filosofa o ex-goleiro, que já é avô de três netas.
Enquanto sacaneia Tato, Paulo Victor dá nota dez para o lateral-esquerdo Branco. “Enquanto a gente comemorava, o gaúcho dizia que tiraria dois milhões (de cruzeiros, dos dez milhões prometidos, como prêmio, pelo título), para um avião levá-lo até Bagé (fronteira do Rio Grande do Sul, com o Uruguai), para comemorar com a família. Bonito isso!”, aplaude.
Título papado – o arbitro levou a partida até os 46 minuto do segundo tempo –, Paulo Victor não viu quase mais vascaínos no estádio, quando a turma tricolor dava a volta olímpica, evidentemente, em clima de muita comemoração da torcida que lotava o lado esquerdo das arquibancadas do 'Maraca' e a “geral” – setor que deixou de existir, há pouco tempo, por imposição da Fifa. Recebia o torcedor de menor poder aquisitivo, que assistia ao jogo em pé. Durante as comemorações no vestiário, o ultimo a chegar, acha ele, foi o camisa 10 Assis. “Chegou com o troféu de melhor do jogo, cansadão. Não sei como não engoliu tantos microfones que puseram diante dos seus dentes. Ainda escutei ele declarando: ‘Foi a vitória da garra. Aprendeu o discurso do deputado Delei”, sacaneia.
Os recortes de jornais guardados por Paulo Victor mostram Assis declarando, também, que o título chegara, “por merecimento”. Citava que o Vasco havia pressionado no primeiro tempo e que o Flu atacara mais velozmente, na fase final, “quando criamos as melhores chances de vitória. Eu perdi três, se bem que o (goleiro) Roberto Costa tivesse me atrapalhado, com excelentes saídas de gol”, dissera.
Por aquele tempo, Assis formava com o baiano Washington, uma terrível dupla goleadora, que a imprensa carioca apelidou por “Casal 20”, em alusão a um seriado da TV norte-americana que tinha marido e mulher se metendo em encrencas e, sempre, derrotando o mau, para o bem do “bem”. Paulo Victor conta que Washington, depois do jogo, raspou a barba, “para acertar contas com o Homem Lá de Cima”, fato confirmado, também, pelos seus recortes de jornais. “Coisa de baiano”, volta a brincar o ex-goleiro, que era conhecido, em seus tempos de Ceub e Brasília, como o mais gozador dos jogadores. “Leia só isto aqui”, aponta para as explicações do atacante: “Quando saí de casa (para as Laranjeiras), antes do primeiro jogo com o Vasco, olhei para o Cristo Redentor e decidi tirar dois dedos de prosa com ele, que me deu forças nesta decisão. Agora, vou lhe pedir licença pra tirar a barba”, está escrito num jornal carioca.
INIMIGO NO PEDAÇO – Uma atitude muito elogiada por Paulo Victor daquela final foi o comparecimento do meia vascaíno Mário, que havia sido cria do Flu, ao vestiário tricolor, para parabenizar o zagueiro Ricardo Gomes, seu grande amigo. “Eles eram chapinhas, desde os tempos de seleção (brasileira) pré-olímpica. Muito bonito aquilo, ainda mais porque nós não perdemos a oportunidade para gozá-lo. O cara tinha, nos cabelos, o desenho de uma estrela cruzmaltina, que não ajudou a dar Vasco na cabeça”, sacaneia.
Assim colo elogiou a atitude de Mário, o camisa um tricolor elogiou, também, atitude idêntica, do preparador físico tricolor, Admildo Chirol, que não escondia a sua admiração pelo vigor físico do adversário – principalmente, no primeiro tempo e inícios da etapa final – e foi ao vestiário do Vasco cumprimentar o colega Antônio Mello.
JOGO DO ALÉM – O Fluminense foi campeão brasileiro, em 1984, sem nenhuma ajuda extraterrestre. É o que garante o seu goleiro do título, Paulo Victor. “No máximo, fazíamos uma reza coletiva, pedindo proteção a Deus, pra ninguém se contundir. Aquilo era acompanhado por um Pai Nosso e uma Ave Maria”.
Para o atacante paraguaio Romerito, o sucesso na campanha fora, muito mais, causa de “muito espírito de luta, união e disposição para morder a grama, se necessário”, declarações mostradas, por Paulo Victor, num do seus recortes de jornais sobre a final. Na mesma matéria, o volante Jandir dizia que o “momento determinante” da final fora o início do segundo tempo, quando Roberto perdera um gol. (foto) “Depois, espanei duas bolas que poderiam terminar em gol”, lembrou. De sua parte, o lateral Aldo, sobre quem o Vasco forçara o jogo, no primeiro tempo, o jogo não lhe pareceu decisão de campeonato, pois vira o adversário jogando no desespero. “No intervalo, o Parreira corrigiu o defeito de marcação, pela direita, colocando o Delei para me ajudar”, contou.
Paulo Victor não esqueceu de elogiar o médico Arnaldo Santiago, por ter vetado o machucado lateral-esquerdo Branco, para o primeiro jogo, e o recuperado para a finalíssima. E, é claro, elogiou, também, o capitão Duílio, que fizera uma grande partida. Mostrou uma declaração do colega: “Todo mundo dividiu todas e não há ninguém que possa contestar o nosso título”.
O título tricolor saiu nu jogo em que o clube arrecadou Cr$ 252 milhões, 430 mil cruzeiros, da renda de Cr$ 638 milhões, 160 mil cruzeiros. E quem estava entre os “não-pagantes” era o deputado federal Dante de Oliveira (PMDB-MT), autor da emenda sobre o restabelecimento das eleições diretas para presidente da República, naquele ano. Torcedor do Flu, Dante ouviu a galera gritar: “Diretas, diretas, diretas. Um, dois, três, quatro cinco mil, queremos eleger o presidente do Brasil!” Mas não deu, daquela vez. Só deu Flu. e ele, que foi parar na Seleção Brasileira (foto).
FICHA TÉCNICA
Fluminense 0 x 0 Vasco
Data: 27.05.1984. Local: Maracanã. Árbitro: Romualdo Arppi Filho, auxiliado por Emídio Marques Mesquita e José de Assis Aragão. Público: 128.781 pagantes. Renda: Cr$ 638 milhões e 160 mil cruzeiros (recorde brasileiro da época).
Fluminense: Paulo Victor; Aldo, Duílio, Ricardo Gomes e Branco; Jandir, Delei e Assis; Romerito, Washington e Tato. Técnico: Carlos Alberto Parreira.
Vasco: Roberto Costa; Edevaldo, Ivan, Daniel Gonzalez e Aírton; Pires, Mário e Arthurzinho; Jussiê (Marcelo), Roberto Dinamite e Marquinho. Técnico: Edu Coimbra.
Os campeões anteriores haviam sido: Atlético-MG (1971); Palmeiras (72/73); Vasco (74); Internacional (75/76); São Paulo (77); Guarani de Campinas (78); Internacional (79); Flamengo (80); Grêmio (81) e Flamengo (82/83). O Fluminense decidiu, em 1984, com a defesa menos vazada do Brasileiro – 13 gols –, contra o ataque mais positivo, o vascaíno, com 51 bolas nas redes, 16 mandadas por Roberto Dinamite e 14 por Arthurzinho.
PARREIRA, O CHORÃO - Assim que o árbitro Romualdo Arppi Filho, que tinha o apelido de “Ganso”, apitou o final doCampeoanto Brasileiro de 1984, o treinador do Fluminense, Carlos Alberto Parreira (foto), foi o primeiro tricolor a ir para o vestiário. Sentou-se e desabou a chorar. Era uma descarga de tantas emoções acumuladas, de tanto ouvir e ler que ele “era um técnico sem títulos”. Agora, não podiam mais cobrar.
Parreira temia muito pelo seu futuro na carreira. Ser campeão, naquele 27 de maio, era a chance de parar de ser rotulado de “teórico que jamais chutara uma bola”, como tentavam diminuir-lhe, o comparando ao “Capitão Cláudio Coutinho” – ex-técnico do Flamengo e da seleção brasileira, que incluíra no dicionário do futebol canarinho os termos “over laping” e ponto futuro.
De tanta preocupação com o placar, aos cinco minutos do primeiro tempo, vendo o Vasco “aditivado por um motor turbinado”, Parreira pediu, logo, ao preparador físico Admildo Chirol, para aquecer o zagueiro Vica e o meia René. Teria que garantir o empate, de qualquer jeito. Mas nem precisou usá-los, pois sua rapaziada se segurou bem. Aos 38 minutos, Parreira foi ao desespero, chegando a dar três murros no gramado, anormal para sujeitos educados e serenos, como ele. Tudo porque Assis e Washington perderam uma excelente chance de gol. Realmente, coisa de fazê-lo levar as mãos à cabeça e sentar-se, desolado, no banco dos reservas.
Famoso por gravar partidas inteiras, em slides (tipo de fotografia já fora de uso), na manhã da final daquele 1984, Parreira trocou as modernidades da tecnologia da época, por certas “baianidades”, revelando um lado desconhecido pela torcida: o de superticioso. Acordou às 09h30 e rumou para a praia da Barra da Tijuca. Contemplou a imensidão do mar e caiu nas águas frias do seu Rio, para tomar um “banho de descarrego”. Depois de “bater um papinho”, com Iemanjá, a Rainha do Mar, vestiu uma camisa branca, “para lhe dar sorte”.
Mesmo animado por seus “contatos imediatos em outros níveis”, Parreira chegou tenso ao Maracanã. Falava pouco e evitava a turma do microfone. Quando a sua rapaziada entrou em campo, sentou-se no banco dos reservas e avisou aos repórteres que não falaria enquanto a bola rolasse. Depois,ficou de pé, com os cotovelos beira do gramado. As vezes, comentava algum lance, com Admildo Chirol. Quando o Vasco esquentou a pressão, aproveitou uma visitas de Delei à linha lateral do gramado e o mandou tocar a bola, acalmar a galera. Só depois do apito final, finalmente, sorriu. Conferiu a festa da rapaziada e da torcida, e se mandou pro vestiário, onde elogiou sua patota. E descarregou. Disse que o mais marcante fora a resposta que dera aos críticos que ajudaram a lhe derrubar da Seleção Brasileira, embora garantindo não ser revanchismo – estava passando o cargo para Edu Coimbra, contra quem decidira o Brasileiro. Parreira preferia falar de solidariedade, segundo ele, o maior mérito do Flu na finalíssima, que tivera o Vasco melhor, veloz e criando chances de gol, no primeiro tempo. E a ajuda de Iemanjá? Parreira viu o rival cansando, na etapa final, permitindo ao seu time dominar o jogo, de um 0 x 0 justo, do seu ponto de vista. Enfim, Parreira campeão.
O goleiro Paulo Victor Barbosa Carvalho tinha 26 anos de idade – nasceu em 7 de junho de 1957, em Belém do Pará –, quando viu o vascaíno Arthurzinho aproximando-se de suas traves, livre de marcação, na tarde daquele 27 de maio de 1984. Sem contar os caronas, 128.160 torcedores – recorde de público pagante brasileiro até então – estavam de olho nele. A torcida do Vasco levantou-se, para gritar o gol que poderia levar a decisão do Campeonato Brasileiro a uma terceira partida – o Flu r 1 x 0, na noite da quinta-feira, 23. No entanto, ele garantiu a festa tricolor, como conta:
“Fiquei parado, quando vi o Arthurzinho chegando na pequena área. Dei um passo à frente, para tirar-lhe o ângulo de chute. Mesmo assim, ele bateu para o gol. Fiz a única coisa possível: atirar as minhas pernas, para acertar a trajetória da bola. Deu certo”, relembra do lance que valeu o título (foto).
Assim que o árbitro Romualdo Arpi Filho encerrou o jogo, Paulo Victor saiu, em disparada. “Roubou” a bola do jogo e disse para o homem de preto: “Me desculpe, Seu Romualdo, mas esta aqui é minha. É a recordação da defesa mais importante que já fiz” – na conclusão de Arturzinho.
Além do chute quase fatal de Arthurzinho, Paulo Victor saiu da área, por três vezes, para interceptar ataques vascaínos. Em todos, chutou a bola para a lateral do gramado. Ele não se lembro mais com qual dos pés “castigou a gorduchinha”, como brinca, e nem se foi para a direita, ou para a esquerda.
Paulo Victor guarda, com orgulho, um recorte do jornal carioca “O Globo”, que lhe dá nota máxima (única) na análise dos repórteres Átila Santos, Antonio Roberto Arruda, Carlos Silva, Chico Nélson, Danilo Mirales, Fernando Paulino Neto, Marcelo Matte, Marcelo Penido, Nélson Borges, Paulo César Martins, Paulo Roberto Pereira e Sílvia Moretzsohn, sobre as atuações dos jogadores dos dois times. Diz o texto: “Paulo Victor – Só fez uma defesa em todo o jogo: aos 40 minutos do segundo tempo, num chute de Arthurzinho. Uma defesa que garantiu o título à equipe tricolor. Nota 10”’.
ANTECIPADAMENTE – Passados 26 anos, seis meses e oito dias da conquista daquele título de campeão brasileiro da Série A, Paulo Victor revela que o Fluminense tinha tanta certeza de que carregaria a taça, a ponto de brindar o feito antes do jogo.
“Estávamos concentrados no Hotel Nacional. Antes do almoço, que saiu por volta de uma da tarde, o presidente Manoel Schwartz, o vice de futebol Antônio Castro Gil e vice jurídico Luís Carlos Vilela, brindaram a conquista ‘timtimlando’ copos com cerveja. O clima era de tanto otimismo, que ninguém demonstrava tensão, nervosismo”, garantiu, inventando um neologismo para o brinde com “timtim’.
Um exemplo da descontração tricolor durante os momentos que antecediam à final, Paulo Victor conta sobre uma brincadeira que ele fez, no hotel, com o supervisor Newton Graúna. “O cara usava um tênis branco, novinho tipo ‘cheguei’. Peguei no pé dele. Como um amigo nosso havia viajado, acho que aos Estados Unidos, e fiquei sacaneando, dizendo que ele fizera o cara viajar descalço e que ele usava um ‘tênis de viagem’. Sacou a saca?”
Com uma memória de fazer inveja, Paulo Victor não se esquece de um detalhe do dia do final: fora o primeiro atleta a deixar o quarto, para o café matinal. No trajeto para o restaurante, “por volta das 08h00”, encontrou-se com o Coronel Calomino, a quem avisou: “Sempre que marco gol durante os treinos recreativos, nós vencemos, no dia seguinte. Ontem, mandei o ‘mané’ buscar a bola no fundo do barbante duas vezes. Se acontecer o que rolou no outros jogos, prepare a faixa, coronel!”
A memória do goleiro de 1974 lhe faz lembrar, também, que o presidente Manoel Schwartz chegou ao hotel, acompanhado pelo ex-atleta tricolor Carlos Alberto Torres, “lá pelas 11h, tirando onda de beijoqueiro”. Na brincadeira, acrescenta: “Tato, Duílio, Ricardo (Gomes), Assis e Branco, que o homem encontrou pelo hall de entrada, contaram terem sido as primeiras vítimas dos beijos presidenciais”.
CARDÁPIO DE CAMPEÃO – Antes de “jantar” taças e faixas, Paulo Victor almoçou um churrasco, acompanhado de saladas e um buffet . Depois, entrou no elevador e foi descansar em seu quarto. Desceu, “por volta das 14h30”, quando o treinador Carlos Alberto Parreira fez uma prelação, “na sobreloja”, segundo ele, de uns 35 minutos. “O professor foi simples , direto e objetivo. Pediu, apenas, para mantermos a aplicação tática e a determinação de vitória do jogo anterior. Fora isso, analisou as possíveis fórmula pelas quais o Vasco poderia tentar nos surpreender”. (foto)
Depois de lembrar da palavra do treinador, Paulo Victor recordou-se de mais um detalhe: “O nosso (futuro) deputado Delei (Paiva, do PV, nos dois últimos mandatos, e não reeleito, no recente outrubro) já fazia campanha, por aquela época. Quando o professor passou a palavra à rapaziada, ele levantou-se e mandou ver. Disse que a nossa torcida não merecia derrota, e exigiu o caneco, com aquela tradicional frase manjada: ‘O título será a nossa consagração’. ‘Manezão!’ Só ele sabia disso. E que deputado chorão, rapaz! Quando o jogo acabou, ele botou o bumbum no centro de campo, e disparou a chorar, encobrindo o rosto com as mãos. Da minha parte, eu vibrava, ouvindo a galera gritar o meu nome, enquanto caminhava para o vestiário”, relata.
Outro fato que Paulo Victor não esquece é do ônibus com a delegação tricolor deixando o hotel, rumo a Maracanã. Afirma que Parreira foi o último a “adentrar ao buzu” e que, quando o carro começou a rodar, o “professor” olhou no relógio e observou: “Já são 15h18”.
BOLA ‘REROUBADA’ – Como o policiamento fora muito forte no dia daquela final de 1984, Paulo Victor pôde sair de campo com o uniforme de jogo, que guarda, ainda, em uma espécie de galeria, em seu apartamento, repleta de troféus e fotografias, como esta carregando o trofeu de capeão. Só não tem mais a bola roubada de Romualdo Arppi Filho – ficou com a sua ex-mulher.
“Teve ‘mané’ que trocou camisa com os vascaínos. O Tato, por exemplo, o vi trocando a dele, como Edevaldo, que tinha jogado com a gente. ‘Manezão!’ Ele havia contado pra gente que seus pais e dois tios, junto com as “tias’, estavam no Rio, pra assistirem as finais. Poderia ter presenteado os pais com a relíquia. Aquilo era pra guardar pros netos”, filosofa o ex-goleiro, que já é avô de três netas.
Enquanto sacaneia Tato, Paulo Victor dá nota dez para o lateral-esquerdo Branco. “Enquanto a gente comemorava, o gaúcho dizia que tiraria dois milhões (de cruzeiros, dos dez milhões prometidos, como prêmio, pelo título), para um avião levá-lo até Bagé (fronteira do Rio Grande do Sul, com o Uruguai), para comemorar com a família. Bonito isso!”, aplaude.
Título papado – o arbitro levou a partida até os 46 minuto do segundo tempo –, Paulo Victor não viu quase mais vascaínos no estádio, quando a turma tricolor dava a volta olímpica, evidentemente, em clima de muita comemoração da torcida que lotava o lado esquerdo das arquibancadas do 'Maraca' e a “geral” – setor que deixou de existir, há pouco tempo, por imposição da Fifa. Recebia o torcedor de menor poder aquisitivo, que assistia ao jogo em pé. Durante as comemorações no vestiário, o ultimo a chegar, acha ele, foi o camisa 10 Assis. “Chegou com o troféu de melhor do jogo, cansadão. Não sei como não engoliu tantos microfones que puseram diante dos seus dentes. Ainda escutei ele declarando: ‘Foi a vitória da garra. Aprendeu o discurso do deputado Delei”, sacaneia.
Os recortes de jornais guardados por Paulo Victor mostram Assis declarando, também, que o título chegara, “por merecimento”. Citava que o Vasco havia pressionado no primeiro tempo e que o Flu atacara mais velozmente, na fase final, “quando criamos as melhores chances de vitória. Eu perdi três, se bem que o (goleiro) Roberto Costa tivesse me atrapalhado, com excelentes saídas de gol”, dissera.
Por aquele tempo, Assis formava com o baiano Washington, uma terrível dupla goleadora, que a imprensa carioca apelidou por “Casal 20”, em alusão a um seriado da TV norte-americana que tinha marido e mulher se metendo em encrencas e, sempre, derrotando o mau, para o bem do “bem”. Paulo Victor conta que Washington, depois do jogo, raspou a barba, “para acertar contas com o Homem Lá de Cima”, fato confirmado, também, pelos seus recortes de jornais. “Coisa de baiano”, volta a brincar o ex-goleiro, que era conhecido, em seus tempos de Ceub e Brasília, como o mais gozador dos jogadores. “Leia só isto aqui”, aponta para as explicações do atacante: “Quando saí de casa (para as Laranjeiras), antes do primeiro jogo com o Vasco, olhei para o Cristo Redentor e decidi tirar dois dedos de prosa com ele, que me deu forças nesta decisão. Agora, vou lhe pedir licença pra tirar a barba”, está escrito num jornal carioca.
INIMIGO NO PEDAÇO – Uma atitude muito elogiada por Paulo Victor daquela final foi o comparecimento do meia vascaíno Mário, que havia sido cria do Flu, ao vestiário tricolor, para parabenizar o zagueiro Ricardo Gomes, seu grande amigo. “Eles eram chapinhas, desde os tempos de seleção (brasileira) pré-olímpica. Muito bonito aquilo, ainda mais porque nós não perdemos a oportunidade para gozá-lo. O cara tinha, nos cabelos, o desenho de uma estrela cruzmaltina, que não ajudou a dar Vasco na cabeça”, sacaneia.
Assim colo elogiou a atitude de Mário, o camisa um tricolor elogiou, também, atitude idêntica, do preparador físico tricolor, Admildo Chirol, que não escondia a sua admiração pelo vigor físico do adversário – principalmente, no primeiro tempo e inícios da etapa final – e foi ao vestiário do Vasco cumprimentar o colega Antônio Mello.
JOGO DO ALÉM – O Fluminense foi campeão brasileiro, em 1984, sem nenhuma ajuda extraterrestre. É o que garante o seu goleiro do título, Paulo Victor. “No máximo, fazíamos uma reza coletiva, pedindo proteção a Deus, pra ninguém se contundir. Aquilo era acompanhado por um Pai Nosso e uma Ave Maria”.
Para o atacante paraguaio Romerito, o sucesso na campanha fora, muito mais, causa de “muito espírito de luta, união e disposição para morder a grama, se necessário”, declarações mostradas, por Paulo Victor, num do seus recortes de jornais sobre a final. Na mesma matéria, o volante Jandir dizia que o “momento determinante” da final fora o início do segundo tempo, quando Roberto perdera um gol. (foto) “Depois, espanei duas bolas que poderiam terminar em gol”, lembrou. De sua parte, o lateral Aldo, sobre quem o Vasco forçara o jogo, no primeiro tempo, o jogo não lhe pareceu decisão de campeonato, pois vira o adversário jogando no desespero. “No intervalo, o Parreira corrigiu o defeito de marcação, pela direita, colocando o Delei para me ajudar”, contou.
Paulo Victor não esqueceu de elogiar o médico Arnaldo Santiago, por ter vetado o machucado lateral-esquerdo Branco, para o primeiro jogo, e o recuperado para a finalíssima. E, é claro, elogiou, também, o capitão Duílio, que fizera uma grande partida. Mostrou uma declaração do colega: “Todo mundo dividiu todas e não há ninguém que possa contestar o nosso título”.
O título tricolor saiu nu jogo em que o clube arrecadou Cr$ 252 milhões, 430 mil cruzeiros, da renda de Cr$ 638 milhões, 160 mil cruzeiros. E quem estava entre os “não-pagantes” era o deputado federal Dante de Oliveira (PMDB-MT), autor da emenda sobre o restabelecimento das eleições diretas para presidente da República, naquele ano. Torcedor do Flu, Dante ouviu a galera gritar: “Diretas, diretas, diretas. Um, dois, três, quatro cinco mil, queremos eleger o presidente do Brasil!” Mas não deu, daquela vez. Só deu Flu. e ele, que foi parar na Seleção Brasileira (foto).
FICHA TÉCNICA
Fluminense 0 x 0 Vasco
Data: 27.05.1984. Local: Maracanã. Árbitro: Romualdo Arppi Filho, auxiliado por Emídio Marques Mesquita e José de Assis Aragão. Público: 128.781 pagantes. Renda: Cr$ 638 milhões e 160 mil cruzeiros (recorde brasileiro da época).
Fluminense: Paulo Victor; Aldo, Duílio, Ricardo Gomes e Branco; Jandir, Delei e Assis; Romerito, Washington e Tato. Técnico: Carlos Alberto Parreira.
Vasco: Roberto Costa; Edevaldo, Ivan, Daniel Gonzalez e Aírton; Pires, Mário e Arthurzinho; Jussiê (Marcelo), Roberto Dinamite e Marquinho. Técnico: Edu Coimbra.
Os campeões anteriores haviam sido: Atlético-MG (1971); Palmeiras (72/73); Vasco (74); Internacional (75/76); São Paulo (77); Guarani de Campinas (78); Internacional (79); Flamengo (80); Grêmio (81) e Flamengo (82/83). O Fluminense decidiu, em 1984, com a defesa menos vazada do Brasileiro – 13 gols –, contra o ataque mais positivo, o vascaíno, com 51 bolas nas redes, 16 mandadas por Roberto Dinamite e 14 por Arthurzinho.
PARREIRA, O CHORÃO - Assim que o árbitro Romualdo Arppi Filho, que tinha o apelido de “Ganso”, apitou o final doCampeoanto Brasileiro de 1984, o treinador do Fluminense, Carlos Alberto Parreira (foto), foi o primeiro tricolor a ir para o vestiário. Sentou-se e desabou a chorar. Era uma descarga de tantas emoções acumuladas, de tanto ouvir e ler que ele “era um técnico sem títulos”. Agora, não podiam mais cobrar.
Parreira temia muito pelo seu futuro na carreira. Ser campeão, naquele 27 de maio, era a chance de parar de ser rotulado de “teórico que jamais chutara uma bola”, como tentavam diminuir-lhe, o comparando ao “Capitão Cláudio Coutinho” – ex-técnico do Flamengo e da seleção brasileira, que incluíra no dicionário do futebol canarinho os termos “over laping” e ponto futuro.
De tanta preocupação com o placar, aos cinco minutos do primeiro tempo, vendo o Vasco “aditivado por um motor turbinado”, Parreira pediu, logo, ao preparador físico Admildo Chirol, para aquecer o zagueiro Vica e o meia René. Teria que garantir o empate, de qualquer jeito. Mas nem precisou usá-los, pois sua rapaziada se segurou bem. Aos 38 minutos, Parreira foi ao desespero, chegando a dar três murros no gramado, anormal para sujeitos educados e serenos, como ele. Tudo porque Assis e Washington perderam uma excelente chance de gol. Realmente, coisa de fazê-lo levar as mãos à cabeça e sentar-se, desolado, no banco dos reservas.
Famoso por gravar partidas inteiras, em slides (tipo de fotografia já fora de uso), na manhã da final daquele 1984, Parreira trocou as modernidades da tecnologia da época, por certas “baianidades”, revelando um lado desconhecido pela torcida: o de superticioso. Acordou às 09h30 e rumou para a praia da Barra da Tijuca. Contemplou a imensidão do mar e caiu nas águas frias do seu Rio, para tomar um “banho de descarrego”. Depois de “bater um papinho”, com Iemanjá, a Rainha do Mar, vestiu uma camisa branca, “para lhe dar sorte”.
Mesmo animado por seus “contatos imediatos em outros níveis”, Parreira chegou tenso ao Maracanã. Falava pouco e evitava a turma do microfone. Quando a sua rapaziada entrou em campo, sentou-se no banco dos reservas e avisou aos repórteres que não falaria enquanto a bola rolasse. Depois,ficou de pé, com os cotovelos beira do gramado. As vezes, comentava algum lance, com Admildo Chirol. Quando o Vasco esquentou a pressão, aproveitou uma visitas de Delei à linha lateral do gramado e o mandou tocar a bola, acalmar a galera. Só depois do apito final, finalmente, sorriu. Conferiu a festa da rapaziada e da torcida, e se mandou pro vestiário, onde elogiou sua patota. E descarregou. Disse que o mais marcante fora a resposta que dera aos críticos que ajudaram a lhe derrubar da Seleção Brasileira, embora garantindo não ser revanchismo – estava passando o cargo para Edu Coimbra, contra quem decidira o Brasileiro. Parreira preferia falar de solidariedade, segundo ele, o maior mérito do Flu na finalíssima, que tivera o Vasco melhor, veloz e criando chances de gol, no primeiro tempo. E a ajuda de Iemanjá? Parreira viu o rival cansando, na etapa final, permitindo ao seu time dominar o jogo, de um 0 x 0 justo, do seu ponto de vista. Enfim, Parreira campeão.
sábado, 18 de dezembro de 2010
AS BODAS DE OURO DO DIABO
AMÉRICA FAZ, HOJE, 50 ANOS QUE NÃO CONQUISTA O CAMPEONATO CARIOCA
Maracanã, domingo, tarde de 18 de dezembro de 1960. Naquel data, o América conquistva o seu últmo título de campeão carioca. Exatamente, há 50 anos. E tinha tudo para perdê-lo, pois o adversário, o Fluminense, quando mexeu no placar, no segundo tempo, deixou-lhe, pra empatar e virar, aqule tensa meia-horiunha de jogo, quando o relógio parece andar mais depressa, conspirar com a turma do contra.
Fazia 25 anos que o ‘Mequinha”, considerado o segundo time de todos os torcedoers criocas, não era campeão. Ainda bem que aquelas ‘bodas de prata’ não passaram em branco. Pra terminar em festa, o jovem treinador Jorege Vieria, de 25 anos, estabeleceu um compromisso com a sua galera: nada de perder pontos para a ralé. Afinal, tinha montado um time dotado de um conjunto que, se não jogava por música, tinha na coletividade a sua grande força. “E vamo que vamo!”
Pra começo de conversa, o América (foto) não fazia parte do rol de candidatos ao título. Os “grandes” o esperavam vivo, no máximo, até dois metros da praia. E olhe lá! Mas, ledo engano, diriam os pós-modernos da época. No entanto, daquela vez, o Diabo Rubro saiu pra aprontar. No primeiro turno, estreou vencendo o Vasco (1x 0). Depois, empatou com o Flu (1 x 1), o Botafogo (2 x 2) e derrubou o Fla (2 x 1). Só perdeu do Bangu (1 x 0), que não sabia se era pequeno ou médio. Mas, do restante daquela patota, não teve perdão: 3 x 1 Bonsucesso; 2 x 1 São Cristóvão; 2 x 0 Portuguesa; 3 x 0 Canto do Rio e 1 x 0 Madureira.
Os quatro milhões de habitantes do Rio “sessentão”, vivendo seus últimos dias de capital brasileira, estavam chocados com a ousadia do Diabo. Chocante mesmo! Principalmente, porque o América mantivera, no returno, a receita do Jorge, para o turno: espalhou brasa pra cima dos “completa tabela” – 2 x 0 Portuguesa; 4 x 1 Olaria; 1 x 0 Bangu; 2 x 0 São Cristóvão; 2 x 0 Canto do Rio; 2 x 1 Madueira e 2 x 1 Bonsucesso. De quebra, empatou com Vasco (0 x 0), Flamengo (1 x 1) e Botafogo (3 x 3), e temperou o caldo do Diabo, com 2 x 1, na rodada final, sobre o Fluminense. Pois é! Daquela vez, o “Mequinha” não fez bodas de prata. Mas, hoje, comemora bodas de ouro – sem título.
O JOGO DA TAÇA - O América, modernamente, seria “o sem estrelas”. Antigamente, um “time de “ninguém”. Beleza, ótimo para o Fluminense. Os tricolores avisaram, logo: “Ninguém tasca! Vou passar a temporada toda na liderança!”. E passou. Só esqueceu de combinar, com o Diabo, na última rodada do Campeonato Carioca de 1960.
Quando “Sua Senhoria, o juiz”, Wilson Lopes de Souza, mandou a bola rolar, o ‘Mequinha’ sacou o lance, rápido: como empate daria o bi ao Flu, este ficava na dele, convidando o Diabo a morder. Que viesse a turma do “inferno rubro”, pois a defesa “pó-de-arroz” era fera. E não teve mesmo pra rapaziada do Jorge Vieira. Primeiro tempo rolando no 0 x 0, bom demais pra o pessoal das Laranjeiras. E melhorou, ainda mais, aos 26 minutos, quando Telê encobriu o goleiro Ari. A “gorduchinha” ia seguindo, para o ângulo direito das traves americanas, quando, no meio do caminho, o zagueirão Wilson Santos deu-lhe uma mãozinha, para parar por ali. Pênalti! Mas que diabos! O Diabo aprontara na área errada.Pinheiro chuta, Ari defende, mas a bola voltando aos pés do zagueiro tricolor (foto) vai morrer no fundo da rede: Flu 1 x 0 e jogando bem. Fim de papo com o Diabo? Que nada! Os tricolores desandaram, quando o “ladrão de boals” Paulinho saiu de campo, machucado, deixando sua vaga para Jair Santana. Esperto, Jorge Vieria tirou Antoninho e mandou Fontoura pro jogo, ao ver o concorrente perdendo o meio-de-campo e com o ataque sem municiamento. Passou a pressionar.
O Fluminense até que começou o segundo tempo ainda campeão. Aos quatro minutos, levou um susto. Fontoura serviu Ivan, que jogou bola na área tricolor. Nilo acreditou no lance, chegou primeiro e empatou: 1 x 1. (foto). O Flu ainda era campeão. Aliás, bi. Era só se segurar, o que fez, quando o América jogava melhor. O Diabo gostou daquela brincadeira e tocou fogo na final. O cronômetro de Wilson Lopes de Sousa marcava 12 minutos para o Flu ser bi, qundo “Sua Senhoria” viu uma falta contra Castilho. De fora da área, forte e com efeito, Nilo bateu. O goleirão pegou e largou. Presente no pé drieito do lateral Jorge, que não perdoou: 2 x 1. (foto abaixo). O “Diabo” mandou o “Pó-de-Arroz” pro inferno. Há 50 anos – já não fazem mais infernos, como antigamente.
FICHA TÉCNICA
América 2 x 1 Fluminense. Estádio: Maracanã. Árbitro: Wuilsn Lopes de Souza. Gols: Pinheiro, aos 26 min do 1º tempo; Nilo, aos 4, e Jorge, aos 33 min do 2º tempo. Renda: Cr$ 3. 976.606,00. Púlico: 98.099 pagantes. América: Ari; Jorge, Djalma Dias, Wilson Santos e Ivan; Amaro e João Carlos; Calazans. Antoninho (Fontoura), Quarentinha e Nilo. Técnico: Jorge Vieira. Fluminense: Castilho; Jair Marinho, Pinheiro, Clóvis e Altair; Edmilson e Paulinho (Jair Francisco); Maurinho, Telê Santana, Valdo e Escurinho. Técnico: Zezé Moreira.
Maracanã, domingo, tarde de 18 de dezembro de 1960. Naquel data, o América conquistva o seu últmo título de campeão carioca. Exatamente, há 50 anos. E tinha tudo para perdê-lo, pois o adversário, o Fluminense, quando mexeu no placar, no segundo tempo, deixou-lhe, pra empatar e virar, aqule tensa meia-horiunha de jogo, quando o relógio parece andar mais depressa, conspirar com a turma do contra.
Fazia 25 anos que o ‘Mequinha”, considerado o segundo time de todos os torcedoers criocas, não era campeão. Ainda bem que aquelas ‘bodas de prata’ não passaram em branco. Pra terminar em festa, o jovem treinador Jorege Vieria, de 25 anos, estabeleceu um compromisso com a sua galera: nada de perder pontos para a ralé. Afinal, tinha montado um time dotado de um conjunto que, se não jogava por música, tinha na coletividade a sua grande força. “E vamo que vamo!”
Pra começo de conversa, o América (foto) não fazia parte do rol de candidatos ao título. Os “grandes” o esperavam vivo, no máximo, até dois metros da praia. E olhe lá! Mas, ledo engano, diriam os pós-modernos da época. No entanto, daquela vez, o Diabo Rubro saiu pra aprontar. No primeiro turno, estreou vencendo o Vasco (1x 0). Depois, empatou com o Flu (1 x 1), o Botafogo (2 x 2) e derrubou o Fla (2 x 1). Só perdeu do Bangu (1 x 0), que não sabia se era pequeno ou médio. Mas, do restante daquela patota, não teve perdão: 3 x 1 Bonsucesso; 2 x 1 São Cristóvão; 2 x 0 Portuguesa; 3 x 0 Canto do Rio e 1 x 0 Madureira.
Os quatro milhões de habitantes do Rio “sessentão”, vivendo seus últimos dias de capital brasileira, estavam chocados com a ousadia do Diabo. Chocante mesmo! Principalmente, porque o América mantivera, no returno, a receita do Jorge, para o turno: espalhou brasa pra cima dos “completa tabela” – 2 x 0 Portuguesa; 4 x 1 Olaria; 1 x 0 Bangu; 2 x 0 São Cristóvão; 2 x 0 Canto do Rio; 2 x 1 Madueira e 2 x 1 Bonsucesso. De quebra, empatou com Vasco (0 x 0), Flamengo (1 x 1) e Botafogo (3 x 3), e temperou o caldo do Diabo, com 2 x 1, na rodada final, sobre o Fluminense. Pois é! Daquela vez, o “Mequinha” não fez bodas de prata. Mas, hoje, comemora bodas de ouro – sem título.
O JOGO DA TAÇA - O América, modernamente, seria “o sem estrelas”. Antigamente, um “time de “ninguém”. Beleza, ótimo para o Fluminense. Os tricolores avisaram, logo: “Ninguém tasca! Vou passar a temporada toda na liderança!”. E passou. Só esqueceu de combinar, com o Diabo, na última rodada do Campeonato Carioca de 1960.
Quando “Sua Senhoria, o juiz”, Wilson Lopes de Souza, mandou a bola rolar, o ‘Mequinha’ sacou o lance, rápido: como empate daria o bi ao Flu, este ficava na dele, convidando o Diabo a morder. Que viesse a turma do “inferno rubro”, pois a defesa “pó-de-arroz” era fera. E não teve mesmo pra rapaziada do Jorge Vieira. Primeiro tempo rolando no 0 x 0, bom demais pra o pessoal das Laranjeiras. E melhorou, ainda mais, aos 26 minutos, quando Telê encobriu o goleiro Ari. A “gorduchinha” ia seguindo, para o ângulo direito das traves americanas, quando, no meio do caminho, o zagueirão Wilson Santos deu-lhe uma mãozinha, para parar por ali. Pênalti! Mas que diabos! O Diabo aprontara na área errada.Pinheiro chuta, Ari defende, mas a bola voltando aos pés do zagueiro tricolor (foto) vai morrer no fundo da rede: Flu 1 x 0 e jogando bem. Fim de papo com o Diabo? Que nada! Os tricolores desandaram, quando o “ladrão de boals” Paulinho saiu de campo, machucado, deixando sua vaga para Jair Santana. Esperto, Jorge Vieria tirou Antoninho e mandou Fontoura pro jogo, ao ver o concorrente perdendo o meio-de-campo e com o ataque sem municiamento. Passou a pressionar.
O Fluminense até que começou o segundo tempo ainda campeão. Aos quatro minutos, levou um susto. Fontoura serviu Ivan, que jogou bola na área tricolor. Nilo acreditou no lance, chegou primeiro e empatou: 1 x 1. (foto). O Flu ainda era campeão. Aliás, bi. Era só se segurar, o que fez, quando o América jogava melhor. O Diabo gostou daquela brincadeira e tocou fogo na final. O cronômetro de Wilson Lopes de Sousa marcava 12 minutos para o Flu ser bi, qundo “Sua Senhoria” viu uma falta contra Castilho. De fora da área, forte e com efeito, Nilo bateu. O goleirão pegou e largou. Presente no pé drieito do lateral Jorge, que não perdoou: 2 x 1. (foto abaixo). O “Diabo” mandou o “Pó-de-Arroz” pro inferno. Há 50 anos – já não fazem mais infernos, como antigamente.
FICHA TÉCNICA
América 2 x 1 Fluminense. Estádio: Maracanã. Árbitro: Wuilsn Lopes de Souza. Gols: Pinheiro, aos 26 min do 1º tempo; Nilo, aos 4, e Jorge, aos 33 min do 2º tempo. Renda: Cr$ 3. 976.606,00. Púlico: 98.099 pagantes. América: Ari; Jorge, Djalma Dias, Wilson Santos e Ivan; Amaro e João Carlos; Calazans. Antoninho (Fontoura), Quarentinha e Nilo. Técnico: Jorge Vieira. Fluminense: Castilho; Jair Marinho, Pinheiro, Clóvis e Altair; Edmilson e Paulinho (Jair Francisco); Maurinho, Telê Santana, Valdo e Escurinho. Técnico: Zezé Moreira.
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