sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

6 DE DEZEMBRO DE 2009: FLAMENGO, HEXACAMPEÃO NA BOLA

O Flamengo tem cinco ou seis títulos do Campeonato Brasileiro de Futebol da Série A? Para a Confederação Brasileira de Futebol-CBF, os rubro-negros cariocas são “penta”, como se acostumou qualificar números de conquistas, ainda que não sejam consecutivas. A entidade imputa ao Sport Recife a taça do Nacional de 1987.

Toda essa disputa é culpa da própria CBF. Tudo porque ele anunciou que não teria dinheiro suficiente para promover a competição daquele ano, levando os “grandes” a criarem o Clube dos 13 – 11.07.1987 – que conseguiu os patrocínios da TV Globo, da Varig e da Coca-Cola, e criou a Copa União, para a qual foram convidados o Santa Cruz, dono da maior torcida, em Pernambuco, o Coritiba, também com a mesma consideração, no Paraná, e o Goiás, o principal do Centro-Oeste.

Após muitas discussões, em 3 de setembro, CBF e Clube dos 13 definiram um torneio, com 32 times. Os 16 maiores ficaram num grupo, o módulo verde, e a outra metade, garimpada no ranking “cebeefiano”, no tal de módulo amarelo, sendo que o campeão sairia do primeiro. Depois, dois vencedores de cada disputa disputariam as então duas vagas brasileiras à Taça Libertadores.

Tudo certo? Nem tanto. Embora a organização da Copa União estivesse à cargo do Clube dos 13, quando a bola rolava, a CBF decidiu, unilateralmente, que o campeão do quadrangular seria, também, o campeão nacional. Foi, então, quando “grandes” negaram-se a aceitar a ditadura e esta história de quem é o campeão de 1987 começou.

Com 1 x 1, no Beira-Rio, e 1 x 0, no Maracanã, o Flamengo ganhou o módulo verde. O Sport venceu a outra série, com 0 x 2, 2 x 0, 0 x 0, 1 x 1 e 1 x 0, contra o Guarani, de Campinas, disputa iniciada em 6 de dezembro de 1987 e que só foi terminar em 7 de fevereiro de 1988. No meio dessa confusão, houve prorrogação – após o 0 x 0 – disputa por pênalti, terminada em 11 x 11 e até os presidentes dos dois clubes – Homero Lacerda, do Sport, e Leonel Martins de Oliveira, do Bugre – dividindo o título, com um aperto de mãos, para a imprensa registrar.

Na lógica, o Sport não conseguiria tirar o título brasileiro do Flamengo. Não tinha time para aquilo. Por isso, para o torcedor, no gramado, o campeão é o Fla. Mas, como a questão não terminava, em 1997, o Sport e o Clube dos 13 pediram à CBF para reconhecer dois campeões e dois vices. Em 1988, o Conselho Nacional de Desportos, órgão máximo do esporte brasileiro da época, com funções executivas, legislativas e judiciárias, reconhecia o Flamengo como o campeão, afinal disputara um campeonato de primeira divisão – contra Vasco, Fluminense, Botafogo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Santos, Grêmio, Internacional, Cruzeiro, Atlético-MG, Bahia, Santa Cruz, Coritiba e Goiás –, enquanto o Leão da Ilha enfrentara Atlético-PR, Atlético-GO, América, Bangu, Ceará, Criciúma, Guarani de Campinas, Inter de Limria-SP, Joinville, Portuguesa de Desportos, Treze de Campina Grande-PB, Rio Branco de Vitória-ES e Vitória da Bahia.

Favorável, também, ao Flamengo, vale ressaltar que o seu campeonato teve média de público, de 44 mil pagantes, ao passo que os times do módulo amarelo não alcançaram a média de oito mil pagantes por partida. Na final, entre Fla x Inter, 91.034 torcedores foram ao Maracanã. Sport e Guarani, cuja “final da CBF” foi em Salvador, teve assistência de 26.282 pagantes. Portanto, na bola, o campeão é o Flamengo.

CAMPANHA DO HEXA - Campeão brasileiro, em 1980, 82, 83, 87 e 92, o Flamengo começou o Brasileirão-2009, ano em que o Rio de Janeiro comemora os seus 444 anos de vida, desacreditado, como em 1965, quando conquistou o título do futebol carioca da temporada em que a Cidade Maravilhosa celebrava o seu IV Centenário.

Embora tivesse sagrado-se campeão estadual em 2009 – o seu pentatri –, o time rubro-negro não acertava, no certame nacional, dirigido pelo técnico Cuca, que desacertava-se com o grupo e saía, para satisfação geral. O auxiliar-técnico Andrade, ex-volante da geração rubro-negra mais vencedora, a da década-80, assumiu o comando e arrumou a casa.

Nos dois primeiros jogos, o Flamengo decepcionou. Perdeu do Cruzeiro, por 0 x 2, e empatou, por 0 x 0, como Avaí, ambos em casa. Alentou sua torcida, em seguida, vencendo o Santo André, fora, e o Atlético-PR, no Maracanã, pelo mesmo placar: 2 x 1. Contra o “Furacão”, houve a estréia do ”Imperador” Adriano, que marcou um gol foi um dos principais responsáveis pelo título, inclusive, sendo o artilheiro do campeonato, com 19 gols, empatado com Diego Tardelli, do Atlético-MG. Desmotivado do futebol, o qual ameaçara abandonar, após deixar a italiana Internazionale, Adriano reencontrou a alegria na Gávea, para ser o melhor de sua posição no campeonato, além de voltar à Seleção Brasileira.

Depois da vitória, sobrte o Furacão, no entanto, o Fla voltou a se complicar. Perdeu, por 2 x 4, do Sport Recife, e foi goleado, por 0 x 5, pelo Coritiba. Descontou em cima do Internacional, com 4 x 0 e três gols de Adriano. Mas não sequenciou o bom momento. Irregular, a seguir, ficou no 0 x 0, com o Fluminense, e venceu o Vitória, por 2 x 1, em 4 de julho.

Dali por diante, o Flamengo viveu um “inferninho astral”, até 30 de julho, quando venceu o Atlético-MG, em casa, por 3 x 1. Antes, amargou 2 x 2 São Paulo (fora); 1x 2 Palmeiras (em casa); 2 x 2 Botafogo e 1 x 1 Barueri (em casa). Fez 2 x 1 sobre o Santos (fora) e encerrou o turno, ainda, irregular: 1 x 1 Náutico (em casa); 2 x 3 Goiás; 1 x 0 Corinthians e 4 x 1 Grêmio.

Oito vitórias, em 19 jogos, não era mesmo um cartel recomendável a um campeão estadual. Tanto que o Flamengo beirou a zona de rebaixamento, despencando até um decepcionante 14º lugar. Porém, no returno, as coisas mudaram. O time cresceu, com a efetivação, como titular, do meia-atacante veteraníssimo Petkovic, que vinha entrando no decorrer das partidas, e das chegadas do zagueiro Álvaro, dispensado, pelo Internacional, e do cabeça-de-área chileno Maldonado. Vale ressaltar quem, Petkovic, contratação muito criticada, voltara ao clube só para acerar uma antiga dívida.

Enfim, no returno, os rubro-negros perderam, apenas, dois jogos: 1 x 2, frente ao Cruzeiro, no Mineirão, e 0 x 2 Barueri, também fora. Empataram quatro – 0 x 0 Atlético-PR (fora); 0 x 0 Internacional (fora); 3 x 3 Vitória (fora) e 0 x 0 Goiás (em casa) – e venceram as demais partidas: 3 x 0 Avaí; 3 x 0 Santo André; 3 x 0 Sport; 3 x 0 Coritiba; 2 x 0 Fluminense; 2 x 1 São Paulo; 2 x 0 Palmeiras (fora); 1 x 0 Botafogo; 1 x 0 Santos; 3 x 1 Atlético-MG (fora); 2 x 0 Náutico (fora); 2 x 0 Corinthians (fora) e 2 x 1 Grêmio.

Assim, com 67 pontos, contra 65 de Internacional e São Paulo, e 62 de Cruzeiro e Palmeiras, os melhores classificados, o Fla chegou ao hexa. Candangol homenageia a torcida rubro-negra carioca, contanto os principais fatos da história inicial do clube da Gávea, que fará 115 anos de existência, em 2.010. Leia abaixo.

PONTO DE PARTIDA - Esta é uma história que só foi possível graças ao sonho de um grupo de jovens sem muito dinheiro e a uma briga alheia. Explica-se: o século 19 caminhava para fechar a sua história, quando três rapazes – Nestor de Barros, José Agostinho Pereira da Cunha e Mário Spíndola – amadureceram a idéia de convidar outros amigos para fundarem um grupo de regatas. Clube neste sentido, nem pensar. Foi por ali que tudo começou.

No dia 17 de novembro de 1895, a galera criou o Grupo de Regatas Flamengo, mas com certidão de nascimento atrasada em dois dias, afinal o 15 de novembro era um feriado nacional, o da proclamação da república, e nenhum carioca que prezasse a sua história desprezaria as alegrias de um dia como aquele, no Rio de Janeiro. Tudo bem, ninguém contra.

Grupo regateiro formado, a primeira reunião para a escolha dos padrinhos ocorreu em 22 do mesmo mês, no prédio de número 22, da Rua do Russel. Ali, no mesmo dia, formou-se a primeira diretoria “auri-azul”. Sim, isso mesmo! O Flamengo não nasceu rubro-negro. Trocaremos de cores daqui há poucas linhas. Pois bem! Democraticamente, escolhidos o primeiro comando do Grupo de Regatas Flamengo ficou assim: presidente – Domingos de Azevedo Marques; vice-presidente – Francisco Lucci Colás; secretário – Nestor de Barros, e tesoureiro – Felisberto Laport, pouco depois substituído por José Agostinho Pereira da Costa. Ainda participaram daquela primeira reunião, os futuros rubro-negros Desidério Guimarães, José da Cunha Meneses, Maurício Rodrigues Pereira, Napoleão Coelho de Oliveira, Carlos Sardinha, José Maria Leitão da Cunha, George Lenziger, Emídio José Barbosa, Nestor Barros e José Agostinho Pereira da Cunha.

Cheios de coragem, os rapazes toparam pagar a fortuna, para a época, de 180 mil réis pelo aluguel da sede, e fixaram a cota de 5 mil réis para a mensalidade, e de 10 mil réis para a taxa de inscrição. Rápido, o Flamengo comprou, por 300 mil réis, o barco “Pheruzza”, e, pouco depois, o “Scyra”, que pertencia à Union des Canotiers. O sonho era grande, mas, na estréia, os rapazes “naufragaram”. Sentiram enjôo, passaram mal e nem cruzaram a linha de chegada. Foi em 5 de dezembro, 18 dias após a fundação real do grupo de regatas. Osrepresentantes históricos – José Félix (patrão), Mário Espínola (voga), Maurício Rodrigues Pereira (sota-voga), Felisberto Laport (sota-proa) e Nestor de Barros (proa) – disputaram, com o barco Scyra, uma prova oficial, organizada pelo Grupo de Regatas Gragoatá. A primeira vez foi decepcionantes, mas os rapazes tinham saúde explodindo nas veias e uma vontade imensa de conquistar o infinito. Levaram 21 anos tentando, até que, em 1916, o Flamengo conquistaria o seu primeiro título: no braço e nas águas da baía de Guanabara.

MUDANÇA DE CORES - Estava escrito que o Flamengo teria que ser rubro-negro. Pra começar, o seu primeiro uniforme, nas cores ouro e azul-celeste, caiu, de cara, fora da raia . À primeira lavagem, desbotou-se, completamente, ficando irreconhecível. O jeito foi mudar a cor das camisas, o que ocorrera na assembléia realizada em 23 de novembro de 1896.Por sugestão do fundador Nestor de Barros, durante a primeira emenda aos estatutos do Grupo de Regatas Flamengo, as jaquetas passaram a ser pretas, inserindo-se nelas duas âncoras vermelhas cruzadas – olha aí o rubro-negro pintando!

Então, graças a um desastre aquático, pode-se imaginar que, quem nasceu para ser rubro-negro jamais escaparia do seu destino eterno. Só que, no futebol, foi uma batalha para o time vestir-se naquele tom. Vamos conferir?

O FUTEBOL - Os clubes cariocas se pegavam no pé, desde 1906, enquanto o Flamengo só saía no braço. Foi, então, que o time campeão de 1911, o Fluminense, decidiu mandar para a reserva o centroavante do seu time principal - e também diretor – Alberto Borgerth . O carinha e a sua patota não toparam nem um pouquinho aquele lance. Assim que levantaram o caneco da temporada, eles abandonaram o campeão e foram fundar a seção de futebol do Flamengo, clube pelo qual Borgerth já patroava guarnições de remo. Um perfeito golpe de mestre da malandragem.

O diretor de regatas flamenguista, Sousa Mendes, junto com outros diretores – Pimenta de Melo, Edmundo Furtado e Virgílio Leite – ficaram “de cara” com aquela onda. A galera do Flu, querendo armar um lance em cima do Fla! Tinha coisa. Foi aí que Borgerth sacou: “Qual é! O Flamengo vai receber, sem gastar um tostão e sem fazer nenhum esforço, os mais famosos “players” do Rio de Janeiro. Só “cracks”, a patota campeã carioca de 1911”.

Colou! Colou, legal. Quem diria? O Fla, filho do Flu, um dos seus maiores “inimigos”. Mas aconteceu. Aconteceu e valeu. Foi um presente à torcida brasileira, pois a partir de 24 de novembro 1911, o futebol chegava ao Flamengo. Da noite para o dia, além de Borgerth, viraram a casaca e se tornaram flamenguistas: Armando de Almeida, o Galo; Orlando Sampaio Matos, o Baiano; Emmanuel Nery; Ernesto Amarante; Gustavo de Carvalho; Lawrence Andrews; Othon Baena de Figueiredo; e Píndaro de Carvalho Rodrigues.

Para o Flamengo rolar a bola, Borgerth queria que fosse com camisas rubro-negras, com listras horizontais, embora se usasse verticais, na época. Criado o impasse, inventaram jaquetas com quadrados rubro-negros, um autêntico tabuleiro de xadrez, que ganhou logo o apelido de “papagaio de vintém”, por lembrar as pipas que os garotos empinavam no céu carioca. Mas, como o time andou pisando na bola, em 1913, o “papagaio de vintém” foi considerado agourento e expulso de campo no dia em que o clube completou a maioridade, vencendo o então campeão carioca, o América, por 1 x 0. Só que com, camisas de “cobra-coral”, um novo modelo, com listras horizontais e pequenas faixas branco, separando o vermelho do preto. Finalmente, em 1918, por causa da primeira guerra mundial, o Flamengo ficou rubro-negro, pois teve de abdicar do tricolor preto-vermelho-branco, que o deixavam igual à bandeira da Alemanha nazista. Mas pintou uma outra guerra. A rapaziada do remo, que criou a fama do clube, com muitas vitórias no mar, achava futebol era coisa de “boiola”, e não permitia que a turma do novo esporte usasse camisas iguais as deles.

PRIMEIRO JOGO - O Flamengo rolou “gorduchinha”, pela primeira vez, em 3 de maio de 1912, com nove ex-jogadores do Fluminense. O “match” foi no “field” da Rua Campos Sales, no Rio de Janeiro, e já valendo pelo Campeonato Carioca, promovido pela Liga Metropolitana de Sports Athléticos. Com arbitragem de João Evangelista. B. Duarte, em grande estilo, a rapaziada sapecou 16 x 2 no Mangueira, clube que não existe mais. O time jogou com Baena; Pínda, Nery, Curiol, Gilberto, Galo, Baiano, Arnaldo, Amarante , Gustavo e Borgerth, e os gols foram marcados por Gustavo (5), Amarante (4), Arnaldo (4), Borgert (2) e Galo.

Naquele ano, o futebol carioca teve dois campeonatos, um promovido pela Associação de Football do Rio de Janeiro, criada pelo Botafogo, junto com clubes de menor expressão, e o da Liga Metropolitana de Sports Athléticos. Em seu primeiro ano de bola rolando, o Flamengo já foi vice-campeão carioca, obtendo nove vitórias em 13 jogos. Sofreu a primeira derrota no dia 9 de maio, por 2 x 1, ante o campeão do ano, o Paysandu, e perdeu o primeiro Fla-Flu, em 7 de julho, por 3 x 2. Mas vingou-se no returno, em 27 de outubro, com uma goleada, por 4 x 0.

O primeiro campeonato disputado pelo Flamengo teve dois turnos, com todos jogando contra todos – América, Bangu, Flamengo, Fluminense, Mangueira, Paysandu, Rio Cricket e São Cristóvão – e o time ainda empatou com o Paysandu e o Rio Cricket, ambos no returno e por 1 x 1. As outras vitórias foram: 14 x 0 Mangueira; 6 x 3 e 1 x 0 América; 7 x 4 Bangu; 4 x 0 Rio Cricket; 5 x 0 e 3 x 0 São Cristóvão.

PRIMEIRO AMISTOSO - Entre os meses de maio de 1912 e 1913, o Flamengo havia disputado 28 partidas, todas oficiais. Foi, então, que o clube decidiu realizar o seu primeiro jogo amistoso. O adversário escolhido foi a Associação Atlética Mackenzie College, de São Paulo, que tinha times mais fortes do que os cariocas, além de ser considerado, por muitos historiadores, o primeiro clube brasileiro fundado (18/8/1898) para a prática do futebol.

O primeiro amistoso do Flamengo constituiu-se num grande acontecimento no Rio de Janeiro. Os paulistas hospedaram-se no Hotel Avenida, o maior do país, e seguiram para o estádio da Rua General Severiano, que encontram lotado, em carros abertos, saudando os cariocas, pelo caminho. Foram eles quem abriram o placar, por intermédio de Renato, aos 19 minutos, após receber passe de Campos Mello. Mas o Flamengo não desanimou. Lutou muito para empatar, o que conseguiu aos 39 minutos, ainda na primeira etapa, quando Raul fez um cruzamento para a área, e Riemer cabeceou para as redes.

No começo do segundo tempo, a torcida flamenguista vibrou mais ainda. Logo aos seis minutos, Riemer voltou a marcar, colocando os cariocas na frente do marcador. Era demais o que se via em campo. Mas não deu pra segurar. Aos 31 minutos, Ângelo cometeu pênalti sobre Demósthenes, e Campos Mello cobrou certinho, fixando o resultado em 2 x 2.

O Flamengo jogou com: Baena, Gilberto e Nery; Milton, Galo e Ângelo; Baiano, Arnaldo, Zé Pedro, Riemer e Raul. O Mackenzie teve: Arrizabalaga; Orlando e Olsni; Mloura Campos Mello e Zocchi; Bruno, Demóstenes, Bicudo, Renato e Godinho.

PRIMEIRO JOGO FORA DO RIO DE JANEIRO - A primeira aventura interestadual do Flamengo foi da pesada. Enfrentou o campeão paulista de 1914, o São Bento, que deu uma de malandro: saiu catando pelos times paulistanos os melhores jogadores que estudavam no colégio que representava, e formou uma equipe fortíssima. Inclusive, um dos recrutados pelo anfitrião foi o centro-médio (hoje, volante) Sylvio Lagreca que, um ano antes, entrara para a história da Seleção Brasileira, como herói na campanha do título da Copa Roca, conquistada diante dos argentinos, dentro de Buenos Aires.

Era 26 de abril de 1915 e o Flamengo pintou no campo do Velódromo paulistano diante de uma Associação Atlética São Bento que era uma verdadeira seleção. Com 10 minutos de jogo, Fritz marcou o gol da vitória paulista, mas dali em diante a partida fora dura. O Flamengo lutou bravamente para chegar ao empate, mas não teve como igualar o placar. No entanto, os registros jornalísticos da época atribuíram a derrota, por apenas 1 x 0, talvez, devido o cansaço dos jogadores cariocas pela desgastante viagem.

O “match” foi apitado por um paulista chamado Gastão Rachou e o Flamengo jogou com Baena, Píndaro e Nery; Miguel, Parras e Galo; Bartô, Sidney Pullen, Borgert, Riemer e Paulo Buarque.

PRIMEIRO TÍTULO - A primeira faixa de campeão carioca pousou num peito rubro-negro em 1914. Já era hora, afinal o time vinha de dois vice-campeonatos. Tendo como time-base Baena, Píndaro e Nery; Ângelo, Miguel e Gallo; Arnaldo, Orlando, Borgert, Riemer e Raul, o Flamengo jogou 12 vezes, vencendo oito, empatando três e perdendo apenas uma. O time marcou 24 gols e sofreu 15. Riemer, com nove tentos, foi o principal artilheiro, enquanto os demais foram: Arnaldo (3); Gumercindo (3); Orlando (3); Zalacain (2); Borgert, Gallo, Joca e Píndaro, todos com um gol.

No campanha do primeiro título rubro-negro, o Campeonato Carioca teve dois turnos, no sistema todos contra todos, e os adversários rubro-negros foram América, Botafogo, Fluminense, Paysandu, Rio Cricket e São Cristóvão. A arrancada flamenguista rumo à taça começou no dia 10 de maio, com uma vitória, por 3 x 0, sobre o Rio Cricket. Zalacain, duas vezes, sendo uma de pênalti, e Riemer, fizeram os gols, todos no segundo tempo, e o time foi: Baena, Gilberto e Nery; Ângelo, Zalacain e Gallo; Orlando, Joca, Zé Pedro, Riemer e Raul. O jogo foi no estádio da Rua General Severiano e apitada por João Teixeira de Carvalho.

Animado pela bela vitória, os rubro-negros voltaram a campo, dez dias depois, no mesmo estádio, para enfrentar o Paysandu, mas tiveram muitas dificuldades para vencer o forte adversário, por apenas 1 x 0, com gol marcado por Gumercindo, no primeiro tempo. No dia sete de junho, ainda em General Severiano, um susto: empate, por 2 x 2, com o São Cristóvão - Riemer e Orlando marcaram os gols. Foi o único jogo rubro-negro naquele mês, pois a volta ao campeonato só correria em cinco de julho, ainda em General Severiano, com novo empate, pelo mesmo placar, com o Botafogo – Gumercindo e Orlando fizeram os gols.

Com dois empates consecutivos e uma vitória dificílima, nas rodadas anteriores, o Flamengo foi par ao seu quarto compromisso, em 14 de julho, precisando mudar de vida, se quisesse ser campeão. Encarou o América, no estádio da Rua Campos Sales, mas ainda venceu, apertadamente, por 2 x 1. Mas foi uma vitória na raça, de virada, no segundo tempo, com gols marcados por Píndaro e Arnaldo. Pra encerrar o primeiro turno, nada melhor que vencer o Fluminense, no estádio tricolor, nas Laranjeiras: 3 x 2, no dia 26 de julho, com gols marcados por Riemer (2), sendo um de pênalti, e Gumercindo. Além do mais, aquele era o terceiro Fla-Flu da história, e o Flamengo desempatava a contagem. Se perdera o primeiro, por 3 x 2, e vencera o segundo, por 4 x 0, agora pulava na frente, devolvendo ao rival o placar do primeiro clássico.

Cheio de moral, com quatro vitórias e dois empates, o Flamengo credenciava-se a ser campeão, se bem que isso já o demonstrara desde o empate com o forte time paulista do Mackenzie, meses antes. E foi para o returno, estreando com a vitória, por 2 x 1, sobre o Rio Cricket, em jogo realizado em Icaraí , em Niterói. Com gols de Joca, no primeiro tempo, e Orlando, no segundo, o rubro-negro chegou a abrir uma boa vantagem no placar, mas não o conseguiu aumentar, naquele dois de agosto.

Depois de cinco vitórias e uma respeitável invencibilidade, o Flamengo teve o restante do mês para descansar. O retorno foi em 13 de setembro, com 1 x 0, sobre o América, em General Severiano, e gol marcado por Arnaldo, no primeiro tempo. No entanto, o grande cartel de vitórias seria interrompido no dia 12 de outubro, na derrota, 1 x 2, ante o Botafogo. O Fla até saíra na frente do placar, com um gol marcado por Gallo, no primeiro tempo, mas os botafoguenses viraram o placar, ainda na etapa, com dois gols de Fontenelle.

A derrota não deixou de abater os rubro-negros, principalmente porque eles haviam aberto o placar e, depois, permitido que o adversário o virasse. Mas eles teriam, praticamente, duas semanas para a recuperação. Esta aconteceu, em 25 de outubro, nas Laranjeiras, com outra vitória difícil sobre o Paysandu: 1 x 0, com gol de Riemer, no segundo tempo, e mesmo placar do primeiro turno. O título se aproximava. Faltavam duas partidas. A penúltima foi contra o grande rival, Fluminense, em 15 de novembro, data em que o Flamengo completava quatro anos de fundação. Para os tricolores, vence era questão de honra, pois já haviam perdido dois jogos consecutivos para um time que mal saíra das fraldas, e a hora de igualar o duelo era aquela. Então, os dois rivais foram para General Severiano, e fizeram um primeiro tempo duríssimo. Borgerth, que saíra do Flu, brigado, para fundar o futebol do Fla, vingara-se da antiga casa com um gol abridor do placar, no primeiro tempo. Porém, os rubro-negros não conseguiram virar a etapa em vantagem. Osvaldo empatou. Mas o Flamengo tinha Riemer, seu grande goleador, para liquidar com as pretensões do Flu, no segundo tempo. Agora, o placar do Fla-Flu era 3 x 1 para os rubro-negros, depois daquela grande vitória, por 2 x 1.

Finalmente, veio o jogo de 22 de novembro de 1914. A partida foi no estádio das Laranjeiras e o Flamengo tinha por adversário o São Cristóvão. Até o empate servia para ser campeão. E não deu outra: num jogo emocionante, de muitos gols, os dois times terminaram empatados, por 4 x 4, e no apito final de Mário Pernambuco, o Rio comemorava o primeiro título rubro-negro. O primeiro flamengo campeão formou com Baena, Píndaro e Nery; Ângelo, Miguel e Gallo; Arnaldo, Borgerth, Orlando, Riemer e Raul. Os gols do título foram marcados por Arnaldo e Riemer, no primeiro tempo, e, novamente Riemer, com mais dois tentos, na segunda etapa.

Do primeiro time campeão pelo Flamengo, Armando de Almeida, o Gallo, que jogava de centro-médio; Emmanuel Augusto Nery, zagueiro, e Raul Vieira de Carvalho, atacante, participaram dos 12 jogos. O goleiro Othon de Figueiredo Baena atuou uma partida a menos, pois nos 2 x 2 de sete de julho, contra o São Cristóvão, pois Cazuza fora o titular da camisa de número 1. O goleador Ricardo Riemer, que marcara o mesmo número de tentos que Harry Welfare, do Flu, e Ojeda, do América, disputou dez jogos, junto com os também atacantes Arnaldo Machado Guimarães e Orlando Sampaio Mattos. Um jogo a mais do que o médio (como se fora, mais ou menos, um quarto-zagueiro, atualmente) Ângelo Pinheiro Machado. O outro médio do time, Miguel Archanjo Coutinho, e o zagueiro Píndaro de Carvalho, fizeram oito jogos. O atacante Alberto Borgert, principal responsável pela criação do futebol rubro-negro, esteve em campo por sete vezes, enquanto Gumercindo Othero, outro atacante, vestiu a camisa rubro-negra em cinco compromissos. Jogaram menos, três vezes: Coriolano Paulo Nery, oi médio Curiol; Gilberto Toledo Lopes, zagueiro, e o atacante João Figueiredo, o Joca; dois jogos: os zagueiros Antônio Carneiro Campos, o Antonico, e Mílton Nabuco Alves, e o atacante José Pedro de Carvalho, o Zé Pedro. Em apenas uma partida, entraram: Carlos de Freitas Lima, o goleiro Cazuza;o atacante José Pereira Lima, o Pereira Lima, e o médio Ernesto Amarante, o Zalacain.

Por aquele tempo, os times eram dirigidos pelo que se chamava “ground committee”, um colegiado que o escalava, e o flameguista era liderado por Alberto Borgerth. Como primeiro presidente campeão, o Flamengo teve Edmundo de Azurém Furtado.

TÍTULO INVICTO - Não havia como contestar: o Flamengo chegara para arrasar no futebol carioca. Vice-campeão, em 1912/13, com seu primeiro quadro; campeão, nos mesmos anos, com o segundo time, e carregador da taça de 1914, com a sua primeira representação, a instituição virava uma mística de amor e raça, amor acima de tudo, como demonstrava o “half-back” (espécie de lateral) Curiol, que remava e jogava futebol pelo clube.

O time do bi pouco mudou. Baena, Píndaro e Nery continuaram formando o chamado “trio final”; Galo seguiu “half-back”esquerdo (lateral); Borgerth (centroavante), Riemer (meia-esquerda) e Raul (ponta-esquerda) continuaram na “linha), enquanto as modificações ficaram por conta da entrada de Curiol, como “half-back”, pela direita; da maior utilização de Sydney Pullen, do que de Ângelo, na intermediária, e os deslocamentos de Baiano (Orlando Sampaio Matos), para a ponta direita, e de Gumercindo, para a meia direita.

Com aquela galera, o Flamengo conquistou o seu primeiro título invicto, o estadual de 1915, vencendo sete e empatando 5 jogos. Marcou 35 e sofreu 11 gols. A formação base foi: Baena, Píndaro e Nery; Curiol, Galo e Sidney Pullen; Orlando, Borgerth, Riemer, Pulo Buarque e Raul. No torneio de dois turnos, os resultados foram: (turno) 2 x 2 Rio Cricket; 5 x 0 Fluminense; 5 x 0 São Cristóvão; 2 x 1 Botafogo; 4 x 2 América; 4 x 0 Bangu; (returno) 5 x 2 Rio Cricket; 1 x 1 Fluminense: 0 x 0 São Cristóvão; 0 x 0 Botafogo, 2 x 2 América e 5 x 1 Bangu.

PRIMEIRO JOGO INTERNACIONAL - O debut internacional do Flamengo foi no dia 10 de maio de 1917, no campo da Rua Paysandu, contra o Sportivo Bararcas, da Argentina, que viera fazer dois jogos amistosos com a Seleção Brasleira. Foi outro grande acontecimento naquele Rio antigo, com muita gente no Cais Pharoux, na Praças XV, aguardando a chegada do vapor Lquana. Sobrou aplausos par os “hermanos” assim que eles desembarcaram, trazendo como grande atração o zagueiro Arturo Schiarretta, da seleção argentina.

No jogo, o Flamengo esteve perto de balançar as redes, logo no início da partida, mas a grande escola de goleiros argentino contava naquele dia com Carlos Muttoni que fechou o gol. No entanto, naos22 minutos do primeiro tempo, o goleirão não teve salvar a pátria de um vexame. E o rubro-negro carioca marcou o seu primeiro golo internacional. Carregal executou um cruzamento para a área, onde estava Gustavo, no lugar certinho, para levantar a galera. No segundo tempo, o Barracas empatou logo aos oito minutos, com uma cabeçada de Filorito, após cobrança de falta por José Medina. E por 1 x 1 o jogo terminou.

Para aquela partida, o Flamengo contou com a participação do melhor jogador do futebol brasileiro de então, Arthur Friendenreich, El Tigre, emprestado pelo Ypiranga, de São Paulo. E o craque mostrou porque tinha tanto cartaz. Partida duríssima, faltando cinco minutos para o encerramento, ele subiu mais do que a defesa argentina durante um cruzamento para área e mandou a bola nas redes. Pena que o árbitro Guilherme White vira Salema cometendo falta sobre o goleiro Muttoni enquanto El Tigre mordia. E anulou o gol, para decepção da torcida.

O primeiro Fla internacional foi: Baena, Antonico e Nery; Japonês, Sidney Pyullen e Galo; Carregal, Friendenreich, Salema, Gustavo e Riemer.

O CLÁSSICO DOS MILHÕES - O Flamengo duela com o Vasco da Gama desde 1923, mas o “Clássico dos Milhões”, o mais mitológico do futebol brasileiro, só foi surgir em 1944, quando os dois lados se tornaram “superinimigos”. Ao longo desses 86 anos de “pegas gerais”, cruzmaltinos e rubro-negros se toparam em 23 decisões emocionantes, que mexeram com o país inteiro.

Na primeira delas, a de 44, um fato ficou marcante na história flamenguista. O atacante argentino Valido, que abandonara a bola, um ano antes, fora convencido, pelo técnico Flávio Costa, a disputar a decisão. Inscrito, como amador, fez o gol do título, aos 41 minutos do segundo tempo, fato que os vascaínos reclamam, até hoje, garantindo, que o gringo se apoiara em Argemiro, para cabecear a bola fatal. Mas só ficaram no choro, diante de 20.308 torcedores espremidos no estadinho da Gávea.

Os dois times levaram 14 anos para voltar a participar de uma decisão apaixonante. Aconteceu já na “Era-Maracanã”, naquele que ficou sendo chamado de “Supersuper Campeonato Carioca”, tendo em vista que os dois rivais, e mais o Botafogo, se igualaram e tiveram que disputar dois triangulares. A final foi Vasco 1 x 1 Flamengo, no dia 17 de janeiro de 1959, mas valendo o título de 1958. Roberto Pinto fez o gol vascaíno e Babá empatou para o Fla. Daquela vez, as faixas de campeão foram para São Januário, com a turma do técnico Gradim.

Empatados nos duelos, a terceira grande decisão demorou mais: 25 anos. Foi dia 6 de maio de 1973 e levou 100.342 torcedores ao Maracanã. Valia pela Taça Guanabara, num tempo em que Zico e Roberto Dinamite, os dois maiores ídolos das histórias dos dois clubes, ainda eram reservas. Com um gol do ponta-esquerda Arílson, aos 30 minutos do primeiro tempo, o Fla levou esta, dirigido por Mário Jorge Lobo Zagallo.

O Vasco deu o troco, em 1976, novamente em uma decisão de Taça GB, daquela vez com jogo extra e prorrogação. No tempo normal, Roberto Dinamite converteu um pênalti que ele sofrera, cometido por Rondinelli, que lhe dera uma cotovelada fora do lance, irresponsavelmente, com apenas seis minutos de jogo. O Fla empatou no segundo tempo, com Geraldo Assoviador, levando a decisão para os pênaltis. Resumo: os cracaços rubro-negro Zico e Geraldo desperdiçaram as suas cobranças e o goleiro vascaíno Mazaroppi virou herói, junto com o apagado Luís Augusto, executor do pênalti que selou a vitória cruzmaltina.

Em 1977, o Vasco repetiu o feito, batendo o rival nos pênaltis. Mas a decisão valia pelo segundo turno do campeonato estadual, que tivera o primeiro vencido pelos vascaínos. O novo duelo foi em 28 de setembro e o “Maraca” espremeu 152. 059 pagantes. Tita perdeu a suia cobrança de penal, e o Dinamite encerrou a história na última cobrança.

O troco do Flamengo veio em três decisões consecutivas, as 1978, 81 e 82, quando ele tinha o melhor time do mundo. Em 3 de dezembro de 78, o jogo caminhava para o 0 x 0, com o Fla campeão do primeiro turno e jogando pelo empate. Aos 41, Zico cobrou escanteio e o zagueiro Rondnelli enfiou a cabeça na bola para carregar a taça, diante de 120.433 torcedores.

Emoções maiores só em 81, quando o ladrilheiro Roberto Passos Pereira invadiu o gramado do Maracanã e esfriou reação vascaína. O Fla ganhara dois turnos, o Vasco um e precisava vencer três jogos extras para ser campeão. Venceu os dois primeiros, por 2 x 0 e 1 x 0, e foi com tudo para o terceiro. Com o Maracanã recebendo 169.989 fanáticos, Adílio e Nunes marcaram para o Flamengo, e Tição para o Vasco. Mais uma festa rubro-negra, repetida no ano seguinte, quando o meia Adílio fez uma bola passar entre a trave direita e o goleiro Mazaroppi, no último lance do jogo disputado em 23 de setembro de 82, sob as vistas de 100.967 expectadores. Naquele dia, o Fla carregava a Taça GB.

Em 1986, começava a “Era-Romário e as faixas de campeão carioca voltaram a São Januário, na decisão da Taça GB. No dia 20 de abril, um baixinho marrento, de 20 anos, marcava os dois gols dos 2 x 0 vascaínos, testemunhado por 121.039 torcedores. Mas o Fla tinha Bebeto, do outro lado, para o técnico Sebastião Lazaroni dar a volta sobre o delegado Antônio Lopes e rir por último. O título do ano foi decidido em três jogos. Após dois 0 x 0, na partida de 10 de agosto, com 127.806 torcedores no Maracanã, o “Baianinho” cravou o primeiro gol e, pra completar, o goleiro vascaíno Acácio engoliu uma “avestruz” em um chute fraco de Júlio César, de fora da área. Festa rubro-negra.

Em 1987, o Vasco fez um campeonato muito melhor do que o rival, mas foi este que levou o título que marcou o fim das decisões entre Zico e Roberto Dinamite. Era o dia 9 de agosto e, diante de 114.628 pagantes, novamente Lazaroni derrubou Lopes, graças a um gol de Titã, no final do primeiro tempo. Em 88, no dia 22 de agosto, foi a vez de Cocada passar 120 segundos na história e desaparecer em seguida. Entrando em campo a dois minutos do final do jogo, no lugar do atacante Vivinho, com uma “pancada”de fora da área, o lateral-direito fez o gol da vitória vascaína, foi expulso em seguida e saiu de campo campeão.

Encerradas as eras-Zico-Roberto Dinamite, Vasco e Flamengo levaram 11 anos para emocionar a galera em uma nova decisão. Na final do campeonato de 1999, após 1 x 1 no primeiro jogo, Rodrigo Mendes, cobrando falta de fora da área, aos 31 minutos do segundo tempo, e deu o título ao Fla, perante 80.590 torcedores, em 19 de junho. Foi do jeito que o diabo gosta: a bola bateu em Nasa e enganou o goleiro Carlos Germano.

Em 200, foi humilhante. Romário estava endiabrado e fez três gols nos 5 x 1 completados por Pedrinho e Felipe, decidindo a Taça Guanabara, diante de 53.750 torcedores. Era 23 de abril e pintou o rebu quando o vascaíno Pedrinho resolveu fazer embaixadinhas diante dos rubro-negros. O clássico terminou com seis expulsões de campo e o Vasco campeão. O Fla se vingou na decisão da temporada: 3 x 0 no primeiro jogo e 2 x 1 no segundo, este testemunhado por68.043 pagantes. Foi a primeira final carioca transmitida ao vivo pela TV para a Cidade Maravilhosa.

E teria mais Fla no pedaço comemorativo. Em 2001, após 57 anos, novamente o herói rubro-negro seria um gringo: o servio Petkovic. Decisão de temporada em dois jogos. Vasco 2 x 1 no primeiro e podendo perder por até um gol de diferença no segundo, em 27 de maio. Primeiro tempo 1 x 1. Aos 8 minutos da segunda fase, o “Capetinha” Edílson colocou o Fla na frente. Ainda estava bom para o Vasco. Estava até que Fabiano Eller fez uma falta desnecessária na entrada da área. Pet foi lá e mandou a bola no ângulo esquerdo da forquilha defendida pelo goleiro Élton, a dois minutos do final. Só restou ao Vasco pagar caro pela covardia de recuar para segurar o placar que lhe interessava. Fla 3 x 1 e taça na Gávea.

Mais duas decisões colocaram vascaínos e rubro-negros frente-a-frente. No sábado de carnaval de 2003, dia 1º de março, com o ridículo público de 25.780 pagantes, a turma da Colina arrebatou a Taça Guanabara, no empate por 1 x 1, e sapecou confetes e serpentinas dentro do Maracanã. Wellington Monteiro marcou para os campeões e Zé Carlos Baiano para o Fla. A penúltima decisão foi a do título estadual de 2004, em dois jogos. Após 2 x 1 no primeiro jogo, o Flamengo teve Jean inspirado e marcando três vezes nos 3 x 1 que lhe consagraram. Valdir Bigode descontou para o Vasco, que havia saído na frente, logo com dois minutos de bola rolando.

O último duelo foi pela decisão da Copa do Brasil de 2006. O Flamengo, que havia sido o campeão em 1990 vencendo o Goiás, na decisão, perdera duas finais, para o Cruzeiro em 2003, e o Santo André, em 2004. Daquela vez, não deu chances ao Vasco, que eliminara o Fluminense, nas semifinais.A primeira partida foi no Maracanã, em 19 de julho, e o Fla sapecou 2 x 0, com gols de Obina. O segundo jogo foi em 26 de julho e o Flamengo voltou a vencer, mas, por 1 x 0, com seu gol marcado por Juan. Mais um título em cima do maior rival.

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