São vários, no Brasil, os atletas de futebol que chegaram às câmaras municipais e estaduais. No entanto, só um conseguiu se eleger deputado federal: Wanderley Alves de Oliveira, o Delei, que foi meio-campista de Fluminense, Palmeiras e Botafogo e do português Belenenses, além de ter chegado à Seleção Brasileira. Portanto, com currículo suficiente para apostar que o time do técnico Dunga irá às semifinais da XIX Copa do Mundo, com 2 x 0, hoje, sobre a Holanda.
Nascido em Volta Redonda, a 51 temporadas (28.08.1959), como meio-de-campo, Delei era obrigado a se deslocar muito pelo gramado. E assim segue na vida parlamentar, já tendo passado pelo PSDB, de 1992 a 2002. Naquele ano, trocou de camisa e defendeu o PV, até 2005, quando teve seu “passe comprado” pelo PSC”, onde ainda “está escalado”. Pelos clubes que atuou, Delei não envergou a braçadeira de capitão. Mas, no PV, chegou a ser vice-líder, na Câmara dos Deputados, entre 2004/2005.
Como torcedor, Delei vê a Seleção Brasileira jogando um futebol pragmático, “como o Dunga gosta”, sem ter passado, ainda, por um grande teste nesta Copa do Mundo, ou seja, as vitórias sobre Coréia do Norte (2 x 1), Costa do Marfim (3 x 1) e Chile (3 x 0), além do empate, com Portugal (0 x 0). Por entender que “futebol é um grande investimento”, ele defende que “tem de haver espetáculo” e joga no lixo a tese de que, pra ganhar, não se pode jogar bonito. “Já que está vencendo, vamos ver até onde vai assim”, espana, “matando no peito, descendo no terreno” e lançando que a “chave brasileira rumo à final, é mais confortável do que a outra”
Do jogo contra os norte-coreanos, Delei viu a seleção brasileira “jogando pro gasto”, embora dê um desconto ao fato de ter sido a estréia, quando o time pareceu-lhe, “talvez, um pouco ansioso”. Também, levou em conta que os adversários dos canarinhos sempre se fecham muito, como fizeram os norte-coreanos, levando para o futebol a ideologia do seu governo. “A Seleção tinha (naquele dia), dois cabeças-de-área (Gilberto Silva e Felipe Melo) que davam poucas opções, mobilidade, velocidade e qualidade às saídas de bola”, comenta.
Com todos os brasileiros, Delei sentiu o time de Dunga mais eficiente diante da Costa do Marfim, lembrando que “a seleção, histórica e dificilmente, não perde chance de gols criadas”. Não negou, porém, decepção com o futebol africano deste Mundial, “por ter aderido à escola européia, quando tinha tudo para ser mais leve e veloz”, critica, com o espírito de que já recebeu criticas, também.
Sem Kaká, que havia sido expulso de campo diante dos marfineses, Delei notou a seleção sentindo muito a falta do seu camisa 10, na partida contra os portugueses. “O Kaká, junto com o Robinho, são os jogadores de maior qualidade técnica na equipe. Quando o Kaká não joga, as coisas, realmente, ficam muito complicadas”, afirma. Já no que diz respeito à fácil vitória sobre os chilenos, ele viu o adversário oferecendo mais espaços para os brasileiros trabalharem. Mas com uma ressalva: “Até o primeiro gol, o jogo era, mais ou menos, parelho. Depois daquilo, as coisas ficaram mais facilitadas”, bate, de primeira o ex-atleta que já foi capa da revista Placar (foto).
PLENAS -Delei não vê mais de dois ou três jogadores holandeses, destacando Robben, como acima da média. Por isso, coloca o escrete nacional com “plenas condições” de amassar a “Laranja”, pois crê que a taça deve parar mesmo é nas prateleiras de Brasil, Argentina ou Espanha. Ele não bota fé em ninguém mais, por não ter visto nada que lhe encantasse nesta Copa. Alias, desde a de 1990. “Eu já nem crio mais expectativas nessas oportunidades, pois, de lá pára cá, se houve uns oito grande jogos, não passou disso”, contabiliza.
Embora tenha tido uma experiência como treinador do Fluminense, em 1994, Delei não quis seguir na carreira de treinador. Como tinha sido cartola (gerente de futebol) do Volta Redonda, entre 1993/94, aceitou um convite para dirigir a Secretaria de Esporte e Lazer de sua cidade, entre 1997 e 2002. Dali, armou seu esquema, invadiu a área política e saiu pro abraço da galera (40 mil votos), pra botar no placar do Congresso Nacional o seu voto logo no dia da sua posse, quando se elegia o presidente da Casa, coincidentemente, numa tarde de domingo de Maracanã lotado, quando o seu Flu enfrentava o Vasco da Gama, em 1º de fevereiro de 2003.
Se fosse o treinador desta Seleção Brasileira, Delei tentaria dar mais leveza ao meio-de-campo, inserindo nele o meia Alex (ex-Palmeiras e Cruzeiro), hoje, jogando no futebol turco, e poderia abrir espaço ao veterano (34 anos) lateral-esquerdo Roberto Carlos, “pelo que ele mostrou no Corinthians”. No mais, vê a equipe bem segura, pelas mãos de Júlio César, no gol. Elogia a raça de Lúcio e a sobriedade de Juan, na zaga, a explosão de Maicon, pela lateral-direita, e o talento de Robinho, na ofensiva. Kaká ele ainda o vê fora de suas melhores condições físicas. Embora não tivesse explicitado, sua seleção, ainda, teria “algumas opções no banco dos reservas.
Reeleito, com 73 mil votos, em 2007, o deputado Delei Oliveira é a favor da Copa-20014 no Brasil, “pela oportunidade de se fortalecer a imagem do País e o turismo, evidentemente, com o devido cuidado com os gastos públicos”, acentua.
CANARINHO - Delei só jogou uma partida pela Seleção Brasileira principal. Convocado pelo treinador Edu Coimbra (ex centroavante do América, Vasco e Flamengo), foi em 21 de junho de 1984, para o amistoso que terminou 1 x 0, contra o Uruguai, no Estádio Couto Pereira, em Curitiba, diante de 41.111 almas e com gol de Arthurzinho. A torcida já vaiava, quando ele lançou Edson, que cruzou para Arthurzinho fazê-la mudar de idéia, aos 20 minutos do segundo tempo.
A foto do time que entrou em campo contra a Celeste está estampada na parede do gabinete 432 do anexo-4 da Câmara, e a rapaziada que rolou a bola foi: João Marcos; Edson Boaro, Oscar (capitão), Mozer e Vladimir; Jandir, Delei e Arturzinho; Tita (Assis), Reinaldo e Marquinho (Tato). Depois, Delei jogou sete vezes pela seleção olímpica, em 1979: 1 x 2 Romênia (30.10); 5 x 1 Emirados Árabes (04.11); 2 x 1 Emirados Árabes (07.11); 2 x 0 Bahrein (09.11); 3 x 1 Qatar (10.11); 3 x 1 Qatar (12.11) e 0 x 0 Kuwait (14.11). “Muitos atletas da minha época teriam vaga neste time (de Dunga)”, garante o deputado e ex-jogador da Seleção Brasileira.
Publicado pelo Jornal de Brasília de 2 de julho de 2010
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